sexta-feira, 7 de outubro de 2011

PSD desfalca quase todas as legendas:: Cristian Klein

Depois do sufoco para obter o registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o recém-criado Partido Social Democrático (PSD) saiu a campo e termina hoje sua primeira temporada de caça a filiados na qual provocou um estrago em quase todas as siglas do quadro partidário brasileiro.

Não apenas DEM, PSDB e PPS, legendas de oposição ao governo federal, saíram prejudicadas.

Como o PSD se transformou na janela de transferência confiável para aqueles que estão descontentes em seus partidos e não querem correr o risco de perder o mandato, sobrou para PP, PR, PMDB e até para o PT e o PSOL.

Pontos fracos do partido são o número de governadores e o de senadores, no qual está apenas na 11ª posição

No Acre, o deputado estadual petista Chico Viga saiu da base da Frente Popular e aderiu ao PSD comandado pelo senador Sérgio Petecão (ex-PMN), principal nome da oposição e cujo projeto é se candidatar em 2014, contra o governador Tião Viana (PT).

No Mato Grosso, o PSD fez um arrastão e abalou as estruturas da política regional. Arrebatou 50 prefeitos, mais de um terço do total de 141 municípios. Eles desfalcam nove siglas. A perda do PPS pode chegar a todas as suas oito prefeituras. A conta dos vereadores chega a 350 adesões e inclui até trânsfugas do PSOL.

Mas, de longe, o maior prejudicado é o PP, que vivia uma queda-de-braço entre caciques. O deputado federal licenciado e secretário estadual de Saúde, Pedro Henry, não terá mais como adversário interno o presidente da Assembleia, José Riva. No entanto, ficará com um partido esvaziado, graças à colheita do desafeto e político em ascensão no Estado. Além de prefeitos, vereadores e do vice-governador, Chico Daltro, o PSD tira do PP quatro deputados estaduais (o quinto da bancada vem do PMDB) e dois federais (um terceiro vem do PR).

"Eu diria que dificilmente há outro Estado em que o PSD ficou tão forte quanto no Mato Grosso", afirma o deputado federal licenciado e secretário estadual de Ciência e Tecnologia, Eliene Lima.

De fato, a seção mato-grossense nasce entre as mais fortes do PSD, ao lado das de São Paulo - Estado de Gilberto Kassab, prefeito da capital e presidente nacional da sigla -, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e Santa Catarina.

No Rio, maiores perdas são do PR de Anthony Garotinho; no Ceará, PSD causa debandada de tucanos

Em São Paulo, o PSD provocou duas baixas importantes no PMDB, nesta reta final. Nomes históricos, que estavam havia 40 anos na legenda, a vice de Kassab, Alda Marco Antonio, e o vereador Antônio Goulart, segundo mais votado em 2008, abandonaram o partido. O PMDB fica agora sem qualquer cadeira na Câmara da maior cidade do país, composta por 55 parlamentares. O PSD, por sua vez, terá nove vereadores: cinco saídos do DEM, dois do PSDB, um do PSC e Goulart, do PMDB.

O time paulista do PSD conta ainda com dois deputados estaduais (ex-DEM e PV) e seis federais (quatro ex-DEM e dois egressos do PV e do PSC). Mais quatro estariam em negociação, segundo o deputado Guilherme Campos (SP), líder do partido na Câmara. Campos afirma que o balanço completo de prefeitos e vereadores só sairá na semana que vem.

Hoje termina o prazo de filiação para quem quer concorrer às eleições municipais. Para os demais cargos, a temporada de assédio continuará até o dia 27, ou seja, um mês após a obtenção do registro no TSE, período no qual o tribunal considerou que detentores de mandato podem fazer a transferência para a nova legenda sem o risco de punição por infidelidade partidária.

Caso se confirmem as filiações anunciadas, o PSD nascerá como o quarto maior partido do país, atrás de PT, PMDB e PSDB. Na Câmara dos Deputados, a sigla se esforça para ultrapassar os tucanos, cuja bancada é de 52. Dirigentes nacionais especulam a filiação de quase 60 parlamentares, mas, de acordo com levantamento feito pelo Valor diretamente nos Estados, as adesões ainda estariam em torno de 40, sendo que cinco são secretários estaduais e não estão no exercício do mandato.

Pontos fracos do partido são o número de Estados governados (apenas dois, Amazonas e Santa Catarina, o que lhe dá a quinta colocação neste ranking) e, principalmente, o de senadores, no qual ocupa a 11ª posição, ao lado de PSOL e PCdoB, com apenas dois.

"Precisávamos de pelo menos mais um, para podermos formar uma bancada na Casa", diz Petecão, que conta como colega no Senado a ruralista Kátia Abreu (GO).

Em algumas situações, o PSD vai liderar o cenário. É o caso da Assembleia do Rio de Janeiro, onde terá uma bancada de 12 deputados, maior que a do PMDB do governador Sérgio Cabral e a do PDT. Quatro virão do PR, num revés para o ex-governador Anthony Garotinho. "Eles [os deputados] estavam numa situação desconfortável no partido", diz Índio da Costa, candidato a vice-presidente na chapa de José Serra (PSDB), na eleição do ano passado, e chefe do PSD fluminense.

Índio afirma que seis prefeitos estão confirmados e dois ainda negociam (de um total de 92 municípios). Em Brasília, o PSD do Rio terá quatro deputados federais (ex-PR, DEM, PDT e PHS).

Na Assembleia da Bahia, o partido de Kassab terá a segunda maior representação, com 11 deputados estaduais (três egressos do PMDB), atrás apenas do PT, com 14. A bancada federal, com cinco deputados, será a segunda maior do partido na Câmara, perdendo apenas para a paulista. Dos cinco, três saíram do DEM, sigla que sofre o maior desfalque no Estado, ao lado do PMDB, PR e PSDB.

"Vamos filiar uns cem prefeitos e cerca de 500 vereadores", afirma Gildásio Penedo, deputado estadual e vice-presidente do diretório baiano, comandado pelo vice-governador Otto Alencar.

Em Santa Catarina, a mudança do governador Raimundo Colombo para o PSD dizimou seu partido de origem, o DEM. Só restaram cerca de 20 vereadores. Os demais 330 acompanharam Colombo. Todos os 42 prefeitos foram para o PSD, que amealhou no total 56, de um total de 298 municípios. Na Assembleia, a adesão é de nove deputados: sete vêm do DEM e dois do PSDB e do PP. Há ainda um licenciado, Cesar Souza Júnior, secretário estadual de Turismo, candidato da sigla para a disputa do ano que vem na capital, Florianópolis.

Já no Ceará, o ataque do PSD leva ao definhamento dos tucanos. É do PSDB o único deputado federal conquistado, Manoel Salviano, assim como quatro deputados estaduais e três suplentes. O quinto representante da Assembleia vem do PR. Como no Mato Grosso, o PSD também jogou a rede e filiou 54 do total de 189 prefeitos do Estado.

Na Paraíba, os tucanos perderam o vice-governador Rômulo Gouveia, que conseguiu cooptar dois deputados estaduais do PMDB, da oposição, além de 30 dos 223 prefeitos. Mas, na capital, o PSD apoiará a reeleição de Luciano Agra, do PSB, sigla que fez aliança com o PSD e está entre as menos afetadas pela legenda de Kassab. "Aqui essa parceria já existe e estamos casadinhos", diz Gouveia, em referência ao governador Ricardo Coutinho (PSB).

Depois do sufoco para obter o registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o recém-criado Partido Social Democrático (PSD) saiu a campo e termina hoje sua primeira temporada de caça a filiados na qual provocou um estrago em quase todas as siglas do quadro partidário brasileiro.

Não apenas DEM, PSDB e PPS, legendas de oposição ao governo federal, saíram prejudicadas.

Como o PSD se transformou na janela de transferência confiável para aqueles que estão descontentes em seus partidos e não querem correr o risco de perder o mandato, sobrou para PP, PR, PMDB e até para o PT e o PSOL.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

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