domingo, 9 de outubro de 2011

Tesouro tem 95% dos recursos para pagar dívida pública

Governo comprou dólares para se proteger de oscilações

Vivian Oswald

BRASÍLIA. Escaldado pelos tremores da economia internacional após a quebra do banco americano Lehman Brothers, em setembro de 2008, o Tesouro Nacional (TN) se preparou, sem fazer alarde, para uma virada de ano tranquila e sem sobressaltos. Em caixa, já tem os cerca de R$200 bilhões necessários para honrar os compromissos da dívida pública até o primeiro trimestre de 2012 e os dólares de que precisará para quitar o que vence em dólar este ano e na maior parte de 2012.

Para garantir melhores cotações da moeda americana e evitar oscilações para os volumes que precisava adquirir, até o mês passado já havia comprado 75% dos dólares de que vai precisar no ano que vem e 95% para este ano. Em setembro de 2008, o Tesouro tinha 90% do que necessitaria para o ano corrente e 60% do ano seguinte.

Àquela época, o governo só poderia comprar dólares suficientes para honrar os seus compromissos a vencer em até 360 dias. Mas, em 2010, esse limite foi ampliado duas vezes: em março (para 750 dias) e em outubro (para 1.500 dias).

Analista alerta: Brasil não é uma ilha

Dados do Tesouro mostram ainda que, para o período de setembro a dezembro de 2011, os vencimentos da dívida pública totalizam R$79,5 bilhões (4,77% do estoque), segundo o cronograma de vencimentos do Relatório Mensal da Dívida. Em 2008, os vencimentos somavam R$ 83,6 bilhões (7,04%) para o mesmo período.

Considerando apenas a dívida interna, os vencimentos em 12 meses em agosto de 2008 somavam 24,83%, contra 24,07% em agosto deste ano. Além da queda na parcela da dívida interna a vencer em 12 meses, hoje 64% dessa dívida de curto prazo são papéis prefixados, ou seja, que não estão sujeitos a flutuações em função de turbulências no mercado por já terem seus valores determinados.

O economista-chefe do banco ABC Brasil, Luis Otavio Leal, afirma que o Brasil está preparado, mas que não é uma ilha e, por isso, sua capacidade de proteção também depende do tempo de duração da crise. Segundo ele, o país passará incólume pelo agravamento da turbulência desde que ela não dure muito e que os recursos no exterior não "sequem" como aconteceu em 2008 com a falência do banco americano Lehman Brothers.

- Se houver eventos na Europa como Lehman, que causou a paralisação do mercado interbancário mundial, isso tem repercussões parecidas no Brasil. Começa a travar exportadores, operações internas de financiamento. Tem fuga de capital - destacou.

Mas Leal afirmou que, apesar dos riscos de crédito, o sistema financeiro brasileiro já provou ser sólido e não oferece ameaças de crise sistêmica.

FONTE: O GLOBO

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