sábado, 29 de outubro de 2011

Uma saída para a crise no ninho tucano

Dividido internamente, o PSDB traça plano de reestruturação. Meta é se fortalecer até 2014

Guilherme Amado

O encolhimento gradativo do PSDB — a bancada na Câmara dos Deputados foi rebaixada à quarta colocação pelo novato PSD — e a disputa fratricida do partido em São Paulo geraram uma reação de emergência para estancar o encolhimento. O presidente da legenda, deputado Sérgio Guerra, detalhou os próximos passos da reestruturação interna do partido, que busca traçar novos rumos e melhorar a comunicação entre os tucanos e o eleitorado. O anúncio feito por Guerra teve o objetivo de apaziguar a disputa interna do PSDB paulista, turbinada por críticas do grupo do ex-governador José Serra, que se considera alijado das discussões partidárias. Já em curso, a renovação tucana pretende não perder prefeituras nas eleições de 2012 e tentar chegar a 2014 com uma base capaz de alavancar o retorno ao Palácio do Planalto.

A estratégia foi traçada sobre pesquisas do partido, que analisaram a imagem dos tucanos e os rumos a serem seguidos. Uma das missões foi a de resgatar bandeiras históricas, como o legado do ex-presidente Fernando Henrique. Outra tarefa é se reaproximar dos jovens e de setores mais amplos do que a tradicional classe média que votou com os tucanos nos últimos pleitos. Visto como um calcanhar de aquiles tucano, a comunicação do partido está investindo nas redes sociais, no rádio e na televisão, meios com capacidade de chegar a um público mais amplo.

Sérgio Guerra também anunciou para breve, como parte do esforço de reaproximação com o eleitorado, um recadastramento nacional de filiados. A ideia é de que o processo comece nas cidades escolhidas pelos diretórios regionais. Por trás desse movimento, está uma orientação dada no início do ano por Fernando Henrique, de que a sigla deveria se reconciliar com parcelas maiores do eleitorado. "Esse processo já está em curso, com mudanças na área institucional em diversos setores, como, por exemplo, o secretariado sindical, que foi criado este ano", disse Guerra, acrescentando que já existem núcleos sindicais do partido em 14 estados. Serão criadas ainda uma secretaria social, outra política e uma terceira econômica.

Sindicalistas

No calendário tucano, dois eventos prometem agilizar as mudanças. O primeiro será em 7 de novembro, no Rio de Janeiro, quando ocorre o encontro nacional do Instituto Teotônio Vilella. Gustavo Franco e Edmar Bacha, dois economistas do tucanato, dividirão o palco com os principais nomes do partido. Em dezembro, estão marcados um evento com sindicalistas, em Pernambuco, e outro exclusivo para a juventude, em Goiânia.

A mobilização de candidaturas para 2012 terá foco nas 80 maiores cidades do país, onde se espera que haja segundo turno, e que representam 36% da população. "Sairemos das eleições de 2012 com cerca de mil prefeitos eleitos", apostou Guerra.

Adotando um discurso conciliador, o líder do partido na Câmara, deputado Duarte Nogueira, disse que os princípios que guiam a renovação tucana também nasceram internamente. "Isso é um desdobramento da oitiva das várias instâncias do partido, tanto as que têm cargos públicos quanto as lideranças internas", explicou. Nogueira ressaltou a importância de o PSDB ficar atento às novas formas de comunicação. "Esses adventos frutos da transformação tecnológica são velozes e nós temos que ficar atentos a isso, para falarmos com toda a sociedade", defendeu o líder da sigla.

FONTE CORREIO BRAZILIENSE

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