segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Oposição pede nova investigação sobre Valério

DEM vai recorrer ao Ministério Público e à PF para apurar atuação do operador do mensalão junto a órgãos do governo

Adriana Vasconcelos

BRASÍLIA. A oposição está disposta a apresentar esta semana uma nova representação junto ao Ministério Público e à Polícia Federal solicitando investigações sobre a atuação do lobista Marcos Valério de Souza, acusado de ser o principal operador do mensalão. Como mostrou reportagem ontem do GLOBO, às vésperas de seu julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), Marcos Valério está mais atuante do que nunca e despacha no escritório da T&M Consultoria Ltda., em Belo Horizonte, antiga Tolentino & Melo Assessoria Empresarial, que teve o lobista como sócio até 2005.

Após contratar a T&M, a ID2 Tecnologia obteve contratos no valor total de R$52 milhões com os ministérios do Turismo, do Esporte, de Minas e Energia, e da Saúde, e com a Valec.

- Tudo indica que o governo continua beneficiando Marcos Valério para que ele permaneça em silêncio. Por isso, vamos acionar o Ministério Público e a Polícia Federal - antecipou o líder do DEM, senador Demóstenes Torres (GO).

O presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), deve respaldar as representações que estão sendo preparadas pelo DEM contra Marcos Valério:

- O governo parte do pressuposto de que o mensalão não existiu. Tanto que vários réus do processo já foram reabilitados, e alguns deles estão até trabalhando para o governo. Não é surpresa para ninguém que Marcos Valério continua na ativa - observou Guerra.

No papel, Marcos Valério teria deixado a sociedade com Rogério Tolentino e José Roberto de Melo, mas, na prática, continua atuando na empresa de consultoria, cujo endereço comercial é apontado como o do lobista em notificações judiciais. Marcos Valério, em nota assinada em conjunto com Tolentino, alega que apenas despacha no escritório da T&M em função dos processos que ambos respondem na Justiça.

Já preocupados com o impacto do julgamento do mensalão, previsto para o próximo ano, nas eleições municipais de 2012, a maioria dos petistas preferiu não comentar as ações de Marcos Valério na empresa de consultoria T&M.

O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), alegou que não havia lido a reportagem do GLOBO para não emitir sua opinião.

Nos bastidores, porém, um parlamentar petista que acompanhou a CPI dos Correios, no qual o escândalo do mensalão foi desvendado, confirma que o lobista continuaria atuando com o aval do governo. Na opinião ainda desse parlamentar petista, o partido terá um grande desafio no próximo ano, para que as campanhas de seus candidatos às eleições municipais não sejam prejudicadas pelo julgamento do mensalão no STF.

Para o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), as atuais atividades de Marcos Valério apenas confirmam as suspeitas de que o governo teria feito um acordo para calar o lobista:

- Isso é um escárnio, mas real. Enquanto o Supremo não julgar o mensalão, o governo vai continuar ignorando o escândalo e protegendo os escandalosos - lamentou Dias.

FONTE: O GLOBO

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