sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Guerra sindical à vista

O cuidado da presidente Dilma Rousseff em tirar Carlos Lupi do Ministério do Trabalho também embute um outro receio: a deflagração de uma guerra sindical em Brasília. Dilma sabe que a iminente saída vai iniciar uma disputa fratricida entre a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Força Sindical pelo controle da pasta e da poderosa Secretaria de Relações do Trabalho (SRT). O órgão tem o poder de conceder Certidão de Nascimento e de Óbito para sindicatos em todo o país. Essa secretaria tem servido como termômetro de prestígio para a base de sustentação de cada central, uma vez que pode atestar a criação de sindicatos ligados a uma entidade ou a outra.

A Central Única dos Trabalhadores e o PT comandaram o ministério até 2007. O último petista a ocupar o cargo foi Luiz Marinho, ex-presidente da CUT e atual prefeito de São Bernardo (SP). Ligado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marinho teve que deixar a pasta — acabou transferindo-se para o Ministério da Previdência —, para que Lula acomodasse o PDT no governo. O ex-presidente indicou para o ministério o então presidente da legenda, Carlos Lupi, abrindo espaço para que o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) começasse a ter mais influência na seara da SRT, sob as bençãos do ministro do Trabalho. Agora, a CUT deseja retomar a SRT das mãos dos pedetistas, fazendo força para que a pasta inteira seja transferida para o PT.

Perfil técnico

Paulinho trabalha para que essa área fique com o PDT, leia-se Força Sindical. Tanto que ele exagerou no tom nos últimos dias, ao criticar pedetistas históricos ligados ao ex-governador fluminense Leonel Brizola. O grupo conhecido como Resistência Leonel Brizola, comandado pelo ex-deputado Vivaldo Barbosa (RJ), defende a saída de Lupi. "Quem está insatisfeito é que deve sair", disparou Paulinho.

Por enquanto, ninguém arrisca palpites sobre quem ganhará a guerra das centrais pelo Ministério do Trabalho e, por tabela, a SRT. A perspectiva é de que Dilma termine colocando ali um nome de perfil técnico para que nenhuma das duas entidades tenha poder de reduzir a base uma da outra — o que pode terminar por deixar o PDT fora do Ministério do Trabalho.

Às agências de notícias, o líder do PDT na Câmara, Giovanni Queiroz (PA), ainda prometia fidelidade ao ministro: "Não sabemos as razões que motivaram o conselho a tomar esta decisão (de recomendar a demissão de Lupi). Agora, o partido fica sofrendo junto. Mas o PDT não pode, e não vai, abandonar o Lupi sem comprovação de culpa", dizia. Nos bastidores, entretanto, a história é outra. Afinal, se o ministro tivesse pedido afastamento há uma semana, não teria passado pelo constrangimento de ver a Comissão de Ética Pública pedindo seu afastamento. (DR e PTL)

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

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