segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Opinião – Fernando Henrique Cardoso: o sistema

"Mal comparando, a presidenta Dilma está aprisionada em um dilema do gênero daquele que agarrou Obama. Só que, se no caso americano a crise apareceu como econômica para depois se tornar política, em nosso caso ela surgiu como política, mas poderá se tornar econômica. Explico-me: a presidenta é herdeira de um sistema, como dizíamos no período do autoritarismo militar. Este funciona solidificando interesses do grande capital, das estatais, dos fundos de pensão, dos sindicatos e de um conjunto desordenado de atores políticos, que passaram a se legitimar como se expressassem um presidencialismo de coalizão no qual troca-se governabilidade por favores, cargos e tudo mais que se junta a isso.

Essa tendência não é nova. Ela foi se constituindo à medida que o capitalismo burocrático (ou de Estado, ou como se o queira qualificar) amealhou apoios amplos entre sindicalistas, funcionários e empresários sedentos por contratos, e passou a conviver com o capitalismo de mercado, mais competitivo. Na onda do crescimento econômico, as acomodações foram se tornando mais fáceis, tanto entre interesses econômicos quanto políticos (incluindo-se neles os "fisiológicos" e a corrupção). No início, parecia fenômeno normal das épocas de prosperidade capitalista que seria passageiro. Pouco a pouco se foi vendo que era mais do que isso: cada parte do sistema precisa da outra para funcionar, e o próprio sistema necessita da anuência dos cooptáveis pelas bolsas e empregos de baixo salário, e precisa de símbolos e de voz. Esta veio com o "predestinado": o lulismo anestesiou qualquer crítica não só ao sistema mas a suas partes constitutivas."

Fernando Henrique Cardoso, sociólogo e ex-presidente da República. David e Golias. O Globo, 7/8/2011.

Manchetes de alguns dos principais jornais do Brasil


O GLOBO

FOLHA DE S. PAULO

O ESTADO DE S. PAULO

VALOR ECONÔMICO

ESTADO DE MINAS

CORREIO BRAZILIENSE

ZERO HORA (RS)

JORNAL DO COMMERCIO

Planalto blinda PMDB


O Palácio do Planalto entrou na blindagem do ministro Wagner Rossi, atingido por denúncias de corrupção na Agricultura. Governo dá voto de confiança ao ministro, agindo em relação ao PMDB de forma diferente à dispensada ao PR na crise dos Transportes

Blindagem com carimbo oficial

Planalto endossa proteção do PMDB a Wagner Rossi, ao contrário do tratamento dado ao PR

Adriana Vasconcelos e Luiza Damé

Ainda às voltas com as mágoas provocadas pela faxina promovida no Ministério dos Transportes, e avaliando não ter condições políticas de abrir um novo contencioso com sua base parlamentar, o Palácio do Planalto decidiu apoiar a blindagem que o PMDB montou em torno do ministro da Agricultura, Wagner Rossi. O sinal foi dado pela ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, numa conversa que ela teve, sábado, com Rossi. O ministro, para se manter no cargo, foi obrigado a acertar a demissão do secretário-executivo da pasta e seu amigo há mais de 25 anos, Milton Ortolan, alvo de denúncias de corrupção apresentadas na última edição da revista "Veja".

Por isso mesmo, a cúpula peemedebista decidiu guardar sua artilharia contra o PT, até se certificar de que as denúncias não terão desdobramentos que comprometam a imagem do partido.

- O governo tem confiança no ministro e na capacidade dele de esclarecer todas as situações que apareceram na reportagem - confirmou ao GLOBO a ministra Gleisi.

Comunicado divulgado ontem pela Secretaria de Imprensa da Presidência confirmou o sinal verde para a blindagem: "A presidente Dilma Rousseff reitera a sua confiança no ministro da Agricultura, Wagner Rossi, que está tomando todas as providências necessárias", diz o comunicado.

Dessa forma, o governo deixa claro que não pretende dispensar ao PMDB, hoje seu principal aliado no Congresso Nacional, o mesmo tratamento dado ao PR no caso da faxina no Ministério dos Transportes. Isso se nenhum fato novo comprometer diretamente o ministro da Agricultura, que foi indicado para a vaga pelo vice-presidente Michel Temer.

PMDB: denúncias não afetam Rossi

O próprio PMDB não descarta a possibilidade de apoiar novas demissões na pasta para não se contaminar com a crise na Agricultura. A avaliação feita, até agora, é que as denúncias do fim de semana não atingem diretamente Rossi e ele terá a chance de se defender pessoalmente, em depoimento na próxima quarta-feira, na Comissão de Agricultura do Senado.

Após perder o controle dos Transportes e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), o PR já percebeu que o governo adotará outra estratégia com os peemedebistas - embora os dirigentes do partido avaliem que as denúncias contra a gestão de Rossi sejam muito mais robustas.

O PR argumenta que elas foram acompanhadas de depoimentos de funcionários e empresas, e até mesmo de fotos que comprovam a atuação do lobista Júlio Fróes na Agricultura, que teria tido seu acesso liberado na pasta por Ortolan, braço direito do ministro.

- O governo não é louco de fazer com o PMDB a mesma coisa que fez com o PR. Senão, está morto - observou um dos líderes do PR.

Diferença de tratamento aumenta rancores no PR

Essa diferença de tratamento, por si só, pode alimentar ainda mais os rancores dos parlamentares do PR em relação ao governo. A oposição está disposta a se aproveitar disso para tentar garantir, esta semana, as assinaturas que lhe faltam para criar a CPI do Dnit, que poderia ser o embrião de uma investigação mais ampla sobre todos os casos de corrupção já denunciados pela imprensa. Mas os governistas adiantam que essa CPI teria mais facilidade de surgir se fosse contra o PT.

- Está se cristalizando dentro da base a ideia de que, enquanto a presidente Dilma não enfrentar uma CPI, ela não se conscientizará de que não pode ignorar o Congresso como tem feito - advertiu um peemedebista.

Para o líder do DEM, senador Demóstenes Torres (GO), a presidente Dilma "amarelou diante do PMDB":

- A presidente não teve coragem de enfrentar o PMDB. Ortolan é um homem de confiança do ministro Wagner Rossi há 25 anos. É óbvio que o ministro está enrolado até a tampa.

- Ela (Dilma) teve coragem de enfrentar o PR. É preciso saber se vai até o PT. É público e notório que há coisas muito suspeitas em várias áreas do governo - emendou o presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE).

A oposição sabe que, se o PMDB se sentir ameaçado, as dissidências na base poderão aumentar. Não é à toa que o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), vem segurando a votação de um requerimento do senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) que propõe a convocação do petista Expedito Veloso - que poderá ressuscitar o escândalo dos aloprados se confirmar que o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, teve participação na operação de compra de um dossiê contra o tucano José Serra em 2006.

Eunício avaliará hoje, numa reunião no Palácio do Jaburu com a cúpula peemedebista, se coloca o requerimento em votação na próxima quarta ou a adia mais uma vez, como forma de garantir um instrumento de pressão sobre o PT. Assim como o Planalto, a bancada petista dá sinais de que não quer confronto com os peemedebistas.

- Não dá para ficar nessa de ataques múltiplos. Se isso virar prática corriqueira na base, será muito complicado. Vai ter uma hora em que não sobrará ninguém. É perigoso dar um tratamento isonômico a situações diferentes - advertiu o senador Walter Pinheiro (PT-BA), para quem cada denúncia deve ter um tratamento específico.

FONTE: O GLOBO

PR condiciona apoio a Passos a novos cargos


Regina Alvarez
BRASÍLIA. Alvo de duras críticas de alguns dos principais caciques do PR, o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, intensificou nos últimos dias a articulação para angariar apoios no seu próprio partido, até os depoimentos que fará na Câmara dos Deputados e no Senado, provavelmente na próxima semana. Mas o apoio do PR ao governo depende da oferta de novos cargos que compensem as perdas que o partido sofreu com a faxina feita pela presidente Dilma Rousseff no Ministério dos Transportes.

Paulo Sérgio Passos recebeu na quinta-feira os senadores Clésio Andrade (PR-MG) e Magno Malta (PR-ES) e o deputado Jaime Martins (PR-MG) para audiências, nas quais reafirmou a disposição de trabalhar com o PR, ao qual é filiado.

De acordo com o senador Clésio Andrade, o ministro dos Transportes manifestou concordância com a possibilidade de haver indicações políticas para preencher as superintendências do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) nos estados, desde que, no entanto, os indicados tenham capacidade técnica.

- A presidente Dilma precisa colocar o PR mais para dentro do governo. Essa é uma forma de atender o partido - disse o senador Clésio Andrade, ontem.

A lógica do PR é a seguinte: como o partido perdeu postos-chave no Dnit, na Valec e no Ministério dos Transportes, a presidente Dilma teria que compensar essas perdas oferecendo postos em outros ministérios, em Brasília ou nos estados, uma vez que o partido continua na base aliada.

- Atendendo o PR, o governo mostrará que o partido não está sendo expulso - afirmou Clésio Andrade.

Perguntado se essa estratégia não se choca com a recente decisão do PR de declarar independência do bloco do governo no Senado, o senador afirmou que a independência não significa que o PR não seguirá votando com o governo. Apenas terá mais independência para assumir posição diversa em casos específicos, a partir de uma avaliação do seu próprio líder.

Clésio Andrade citou como exemplo a recente votação do Código Florestal, em que a base do governo ficou dividida.

Em relação ao depoimento de Paulo Sérgio Passos no Congresso, Clésio Andrade disse que a tendência de apoio ao ministro foi reforçada nos últimos dias, e até alguns líderes mais reticentes estariam mudando de posição. Passos entrou no lugar de Alfredo Nascimento (PR) após as denúncias nos Transportes, mas até hoje não é tido por boa parte do PR como sendo representante fiel do partido.

- Há uma disposição do partido de recebê-lo bem - disse o senador Clésio Andrade.

O depoimento de Paulo Sérgio Passos no Senado está pré-agendado para esta quinta-feira, dia 11, mas segundo Clésio Andrade o ministro teria manifestado a vontade de transferi-lo para o dia 18, após sua ida à Câmara, que está marcada para o dia 17. A justificativa é que o convite a Passos foi aprovado primeiro na Câmara e só depois no Senado.

FONTE: O GLOBO

Respeito à Constituição – Opinião:: O Globo


SERÁ GRANDE avanço se a decisão da Executiva do PT de abandonar a defesa do "controle social da mídia" for confirmada pelo Diretório Nacional da legenda.

TERÁ IMPORTÂNCIA equivalente à de quando Lula, candidato do partido, assinou, na campanha de 2002, a Carta ao Povo Brasileiro. Ali, o partido engavetou a busca de um modelo econômico "socialista" - embora ainda haja pendores estatistas no partido.

AQUELE RECUO precisava ser complementado pelo reconhecimento de que, sem imprensa livre, não há democracia de fato. O PT, assim, curva-se à Constituição e a uma sociedade que rejeita alternativas de poder autoritárias.

INEXISTE ADJETIVO - "social", "democrático", "popular" - que atenue o teor negativo do substantivo "controle".

Dilma defende ministro, mas oposição cobra 'faxina'

A presidente Dilma Rousseff divulgou ontem uma nota para reiterar confiança no ministro da Agricultura, Wagner Rossi, após a publicação de denúncias contra assessores da pasta. A oposição cobrou da presidente uma "faxina" no ministério nos mesmos moldes da realizada na área de transportes. A manifestação pública do Planalto é mais um sinal de que a crise política que envolve o governo há quase três meses deve se arrastar nos próximos dias

Oposição cobra "faxina" na Agricultura e obriga Dilma a bancar outro ministro

Líderes de DEM, PPS e PSDB querem que presidente enfrente os peemedebistas, seus principais aliados, e estenda a limpeza imposta nos Transportes; pressionado, governo divulga mensagem de apoio a Wagner Rossi, envolvido em suspeitas de irregularidades

Eduardo Bresciani e Célia Froufe

BRASÍLIA - Pouco menos de um mês após ter divulgado uma nota em apoio ao então ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, a presidente Dilma Rousseff foi obrigada ontem a lançar mão do mesmo expediente na tentativa de salvar o chefe da pasta da Agricultura, Wagner Rossi. Essa manifestação pública do Palácio do Planalto é mais um sinal de que a crise política que há três meses envolve o governo federal deverá se arrastar nos próximos dias e, a depender da oposição, vai culminar na demissão de mais um ministro sob suspeita de irregularidades.

Em maio, Dilma já havia defendido publicamente Antonio Palocci, à época no comando da Casa Civil. Mas, assim como Nascimento, ele acabou sendo forçado a deixar o cargo, acusado de desvios éticos. Semana passada, Nelson Jobim perdeu o cargo na Defesa por conta de declarações desfavoráveis ao governo. Agora, Dilma terá de enfrentar problemas com Rossi, ministro indicado pelo principal aliado do PT no governo, o PMDB do vice-presidente Michel Temer.

"A presidente Dilma Rousseff reitera sua confiança no ministro da Agricultura, Wagner Rossi, que está tomando todas as providências necessárias", afirmou a Secretaria de Imprensa.

A oposição cobrou ontem da presidente uma "faxina" no Ministério da Agricultura, nos mesmos moldes da que fez nos Transportes. Para os oposicionistas, Dilma não pode proteger Rossi simplesmente por ele ser do PMDB e afilhado do vice-presidente. A pressão ganhou força com a queda, no sábado, do segundo homem da pasta, o secretário executivo Milton Ortolan, que se demitiu após se revelar sua ligação com o lobista Júlio Fróes. Segundo a revista Veja, Fróes atuava dentro do próprio ministério influindo em contratos e licitações.

As evidências de loteamento político e inchaço na Agricultura devem tornar mais duro o depoimento de Rossi no Senado, marcado para quarta-feira. E o ministro inicia a semana mais fragilizado, pois a Controladoria-Geral da União encarregou 12 auditores de um levantamento sobre contratos e convênios do Ministério da Agricultura.

Meta é CPI. O líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres (GO), disse que o objetivo da oposição é abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito para as denúncias de corrupção nas diferentes esferas do governo. Segundo ele , a postura diferente de Dilma frente às acusações na área de Agricultura confere à sua atuação no caso dos Transportes aspectos de jogo de cena.

"O Ortolan é o próprio ministro, é homem de confiança do Wagner Rossi. Eles estão juntos há muitos anos. A presidente tem que dizer se a justiça dela é seletiva porque não dá para dizer que o Rossi está menos comprometido do que estava o Alfredo Nascimento", comparou Demóstenes. Duarte Nogueira, líder do PSDB na Câmara, bate na mesma tecla: "A demissão é um indício de que há muito mais a ser descoberto e investigado". A intenção dos tucanos é convidar todos os envolvidos a prestar esclarecimentos na Câmara. O PPS, por sua vez, pedirá que Rossi retorne à Câmara e estuda solicitar investigação do Ministério Público sobre as suspeitas de fraudes em licitações na pasta.

Inchaço Contrariando a determinação do Planalto de corte de custos, o quadro de funcionários do Ministério da Agricultura foi inchado para acomodar apadrinhados. Como não podia se desfazer de técnicos essenciais para a rotina da pasta, a solução para atender aos pedidos de aliados foi ampliar o quadro de "assessores" fazendo com que a pasta batesse recorde em número de funcionários nesta função.

Apesar de ter assumido em abril do ano passado, Rossi começou a alterar a equipe apenas após ser mantido no governo Dilma. Em janeiro, ele trocou Gerardo Fontelles por Milton Ortolan na Secretaria Executiva - mas o manteve no quadro como seu assessor especial. Agora, com a queda do apadrinhado, Rossi tem recebido sugestões para trazer de volta o auxiliar à secretaria. Fontelles é um técnico com larga experiência no setor e seu retorno é visto como uma saída inteligente para o ministro se desvincular do rótulo das indicações políticas. A volta do técnico poderia ajudar também porque há uma expectativa, até no próximo ministério, de que as denúncias na área não terminaram. O ministro, no entanto, passou o final de semana em Ribeirão Preto e ainda não decidiu quem colocará no lugar de Ortolan.

Além da mudança na Secretaria Executiva, Rossi fez outras alterações em cargos-chave da pasta nos últimos meses sem, no entanto, deixar desabrigados os demitidos. Em 18 de maio, o secretário de Política Agrícola (divisão mais importante do Ministério), Edilson Guimarães, cedeu seu cargo a José Carlos Vaz. Mas foi acomodado como assessor na Secretaria de Relações Internacionais e substituído.

No último dia 20, mais uma rodada de mudanças foi feita com esse padrão: exoneração de servidores de carreira, que acabam voltando para os quadros. Desta vez, os atingidos foram técnicos que atuavam no Departamento de Comercialização e de Abastecimento Agrícola e Pecuário: o diretor José Maria dos Anjos e os coordenadores Sávio Pereira e Silvio Farnese. E é com eles que o setor privado ainda prefere conversar quando tem dúvidas a esclarecer. O trio era conhecido por colocar a mão na massa para viabilizar as operações que o ministério realizava, principalmente no apoio à comercialização aos produtores. Além de coordenar a parte técnica das operações, cabia a eles fundamentar a Agricultura para discutir os trâmites técnicos com a Fazenda.

A ESCALADA DAS DEMISSÕES

Desde maio, Dilma tem feito mudanças

Palocci

Ex-ministro da Casa Civil caiu após revelação do aumento de seu patrimônio. Presidente chegou a dizer que ele estava dando todas as explicações

Nascimento

Para defender Nascimento, Dilma soltou uma nota afirmando que ele era o responsável pelas apurações nos Transportes, mas ele caiu dias depois

Jobim

O ex-ministro da Defesa foi forçado a sair do governo na quinta-feira passada, após ter disparado críticas contras colegas da Esplanada

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Governo segue FHC e busca nova classe média


Dilma abre hoje seminário sobre grupo social que, em 2014, representará 57% do eleitorado; preocupação é não deixar que avanços sejam perdidos

Marta Salomon

BRASÍLIA - Quando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso escreveu que a oposição deveria voltar a atenção para a nova classe média, quatro meses atrás, o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Wellington Moreira Franco, provocou seu antigo chefe: "Já cuidamos disso aqui." Na semana passada, ele ironizou: "A nossa sorte, no governo, é que ele está cercado de pessoas que não o compreendem."

A chamada "nova classe média" do País representará 57% do eleitorado em 2014, votos suficientes para definir a sucessão de Dilma Rousseff, e detém a maior fatia do mercado de consumo, alega o ministro da SAE, fascinado com as pesquisas que encomendou. "Nosso futuro está ligado a ela, não tenho dúvida", arrisca Franco. Foi com essa disposição que ele organizou o seminário "Políticas Públicas para a Nova Classe Média", que começa hoje, em Brasília. A presidente Dilma Rousseff abrirá os trabalhos.

A prioridade do debate é buscar formas de impedir o retorno do grupo à pobreza e impedir que se reduza o crescimento da população nessa faixa de renda. Desde 2003, ele foi de 46,57%.

Se o peso dos votos dos emergentes é claro, o peso do bolso não fica atrás. No cenário econômico, eles também ganharam a posição de protagonistas. Segundo cálculo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a classe média já concentra 46,24% do poder de compra dos brasileiros, à frente dos consumidores das classes A e B, com 44,12%. Diferentes metodologias calculam entre 104 milhões e 105,5 milhões o número de integrantes da classe média - algo entre 53,9% e 55% da população do País.

Para a Fundação Getúlio Vargas (FGV), pertencem à classe média os brasileiros com renda familiar mensal entre R$ 1.200 e R$ 5.174. O Data Popular, instituto de pesquisa dedicado ao tema, considera da classe média quem tem renda mensal entre R$ 323 e R$ 1.388 por pessoa da família, ou renda domiciliar de R$ 2.295.

"A popularização da internet e a educação funcionam como travas contra o risco de empobrecimento dessa população", diz Renato Meirelles, diretor do Data Popular, um dos palestrantes. Para outro, Márcio Pochmann, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o destino da classe média dependerá do modelo de desenvolvimento adotado. Ele defende investimentos em inovação tecnológica e geração de empregos de melhor qualidade.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Ministro usa funcionários de estatal em seu gabinete

O ministro Wagner Rossi (Agricultura), que neste final de semana perdeu seu número dois após acusações de lobby, tem usado em seu gabinete funcionários não concursados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

A manobra desfalcou setores da principal estatal do setor agrícola. Rossi diz que levou os funcionários para "auxiliá-lo"

Ministro da Agricultura usa funcionários de estatal

Afilhados do PMDB contratados pela Conab trabalham para Wagner Rossi

Transferência deixa acéfalos postos de chefia de empresa que organiza o mercado de produtos agrícolas

José Ernesto Credendio, Andreza Matais e Natuza Nery

BRASÍLIA - Depois de inchar a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, transferiu para seu gabinete funcionários contratados sem concurso e até hoje remunerados pela principal estatal do setor agrícola.

Antes de assumir a pasta, Rossi dirigiu a companhia de junho de 2007 a março de 2010. Em sua gestão, ele mais do que quadruplicou o número de cargos de confiança na empresa. Ao sair de lá, levou pelo menos sete funcionários para seu gabinete.

Esses servidores continuam recebendo salários da Conab e deixaram acéfalos seus postos na empresa. Entre eles há funcionários que ocupavam cargos de chefia na Conab, como as gerentes de eventos e de acompanhamento de programas.

A assessoria de Rossi justificou os empréstimos dizendo que o ministro "trouxe profissionais graduados que trabalharam com ele na Conab para auxiliá-lo", mas não fez comentários sobre o impacto que a transferência teve na atuação da Conab.

Responsável pela organização do mercado agrícola e do abastecimento de comida no país, a Conab virou nos últimos anos um cabide de emprego para afilhados políticos e parentes de caciques do PMDB, o partido de Rossi.

Como a Folha mostrou ontem, ganharam cargos um filho do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL); a ex-mulher do líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN); um neto do deputado Mauro Benevides (CE); e um sobrinho do ex-governador Orestes Quércia, peemedebista histórico que morreu no ano passado.



Levantamento feito pela Folha mostra que o apetite político por cargos na máquina do ministério foi muito além de postos estratégicos, como diretorias e superintendências. Até mesmo funções do segundo escalão são usadas para abrigar aliados.

Servidores de carreira da Conab dizem que nunca viram alguns dos funcionários apontados pela Folha. O fato de muitos estarem a serviço do ministro da Agricultura é um dos motivos. Além disso, alguns apadrinhados atuam fora de Brasília, embora estejam lotados na capital.

Um desses casos é o de Adriano Quércia, o sobrinho do ex-governador, que vive em São Paulo. Ele trabalhou com o filho do ministro, o deputado estadual Baleia Rossi, em campanhas eleitorais no passado. Baleia é presidente do PMDB paulista.

PMDB e PTB se revezam no controle da Conab desde o governo Lula. O atual presidente é da cota petebista, assim como o procurador-geral da empresa. O PMDB possui três diretorias e o PT, uma.

Um desses apadrinhados abriu uma crise política na Conab há duas semanas. Oscar Jucá Neto, irmão do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), deixou a diretoria financeira do órgão dizendo que na estatal "só tem bandido".

A crise já derrubou o braço direito de Wagner Rossi, Milton Ortolan. Ele deixou a secretaria-executiva do ministério no fim de semana após reportagem da revista "Veja" afirmar que um lobista despachava no ministério e distribuía propinas com o conhecimento de Ortolan.

FOLHA DE S. PAULO

G-7 acena com dinheiro para acalmar as bolsas


O grupo das sete maiores economias do mundo se comprometeu a assegurar recursos para os mercados e reafirmou sua confiança de que os EUA cumprirão sua meta de reduzir o déficit a médio prazo, Hoje, as bolsas mundiais vão mostrar sua reação ao rebaixamento, pela agência de classificação de risco Standard&Poor"s na última sexta-feira, da nota dos EUA. A cotação do ouro avançou mais de 2% no pregão eletrônico e a Bolsa de Tóquio abriu em queda de 1,5%, enquanto os ministros de Finanças e presidentes de BCs do G-7 discutiam a crise. O diretor-gerente da S&P ameaçou os EUA com novo rebaixamento, num prazo de seis meses a dois anos

Teste de estresse nos mercados

G-7 promete liquidez e diz que EUA cortarão déficit. Tóquio abre em queda

Fernando Eichenberg*

Hoje os mercados passarão por um autêntico teste de estresse, no primeiro dia de funcionamento após o rebaixamento, na noite de sexta-feira, da nota de crédito soberano dos Estados Unidos pela agência de classificação de risco Standard&Poor"s (S&P), de "AAA" para "AA+". A Bolsa de Tóquio abriu (às 21h, pelo horário de Brasília) em queda de 1,5%, enquanto a cotação do ouro avançava já no pregão eletrônico. Em uma tentativa de acalmar os mercados, o G-7 (grupo das maiores economias, que reúne EUA, Reino Unido, Alemanha, França, Canadá, Japão e Itália) convocou uma teleconferência entre seus ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais. Eles prometeram agir para garantir recursos ao sistema financeiro.

Em comunicado, o G-7 se comprometeu a assegurar liquidez aos mercados e garantir a estabilidade e o crescimento da economia global. "Os EUA adotaram reformas que trarão redução substancial do déficit a médio prazo", afirmou a nota, que não citou o rebaixamento do país. O G-7 ainda ressaltou os esforços dos países da zona do euro que enfrentam uma crise de endividamento para colocar suas finanças em ordem.

Mas a situação dos EUA ainda pode se agravar. Em entrevista à rede de televisão ABC, o diretor-gerente da S&P, John Chambers, afirmou que há uma chance em três de um novo rebaixamento, em um período de seis meses a dois anos.

- Se a posição fiscal dos EUA se deteriorar mais ou se a disputa política se tornar mais arraigada, isso pode levar a um rebaixamento. A perspectiva indica pelo menos uma chance em três - disse Chambers, acrescentando que os EUA levarão algum tempo para recuperar a nota "AAA". - Exigiria uma estabilização da dívida e maior habilidade para obter consenso em Washington do que vemos hoje.

O ouro atingiu o recorde de US$1.670,70 a onça-troy (31,1g) na negociação eletrônica da Comex, em Nova York. Depois recuou a US$1.687,20, alta de 2,14%. Em nota, o banco UBS afirmou que o ouro pode atingir US$1.725 a curto prazo.

Já o dólar chegou a cair 2,5% em relação ao franco suíço em Tóquio. A queda desacelerou depois a 1%, a 0,7597 franco. O euro, após subir 1%, avançava 0,3%, a US$1,4326.

Kerry: Rebaixamento é do Tea Party

O ex-presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) Alan Greenspan disse ontem à rede de televisão NBC que as quedas dos mercados - que semana passada registraram as maiores perdas desde 2008 - devem continuar por algum tempo.

Assessores do governo Barack Obama montaram uma ofensiva na mídia como reação à decisão da S&P, com a clara intenção de desacreditar a agência. O diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca, Gene Sperling, condenou a "magnitude do erro" da agência, referindo-se a uma diferença US$2 trilhões apontada por técnicos do Tesouro no cálculo da S&P sobre o índice da dívida em relação ao Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos por um país) americano.

O ex-secretário do Tesouro e ex-assessor econômico da Casa Branca Larry Summers endossou as críticas:

- O histórico da S&P é terrível e, como vimos neste fim de semana, sua aritmética está pior. Então, não há nada de bom a dizer sobre o que eles fizeram.

Austan Goolsbee, que na sexta-feira deixou a direção do Conselho de Consultores Econômicos da Casa Branca, acusou a S&P de "cálculo desleixado".

- As agências de rating que não fizeram um erro matemático de US$2 trilhões reafirmaram o status "AAA" (dos EUA) - afirmou Goolsbee em entrevista ao programa de TV "Meet the Press", da rede NBC.

No mesmo programa, o senador democrata John Kerry, que foi candidato à Presidência dos EUA em 2004, culpou o comportamento do movimento ultraconservador Tea Party no debate sobre o aumento do limite de endividamento americano pelo rebaixamento da nota dos EUA.

- Eu acredito que é, sem dúvida alguma, o rebaixamento do Tea Party, porque a sua minoria na Câmara de Representantes se opôs até ao desejo de muitos republicanos no Senado dos EUA, que concordavam com um acordo mais amplo.

O principal assessor político da Casa Branca, David Axelrod, definiu a atitude da S&P como uma "ampla análise política". Segundo ele, os investidores entenderam que os EUA "ainda são o local mais seguro para colocar seu dinheiro".

- A política temerária (no impasse sobre a crise da dívida) que vimos foi atroz, e isso contribuiu para a análise da S&P - disse ele no programa "Face the Nation", da CBS.

No mesmo programa, o ex-candidato democrata à Presidência Howard Dean não poupou críticas ao ultraconservadores do Tea Party:

- Eles são completamente irracionais. Acho que andaram fumando, em vez de apenas beber - disse Dean, referindo-se ao nome do grupo (tea é chá em inglês).

Em editorial, o site de notícias Daily Beast classificou o rebaixamento de irônico, "já que o endividamento extra dos EUA nos últimos anos foi cortesia dos ratings imbecis dados pela S&P a ativos podres".

(*) Com Bloomberg News e agências internacionais

FONTE: O GLOBO

Questão nacional e desglobalização:: Rubens Ricupero

Se não houver eficácia em neutralizar a desvalorização de moedas estrangeiras, a economia será destruída

A nova política industrial indica a opção do governo por uma desglobalização moderada como remédio à agonia da indústria e ao perigo do agravamento do panorama social e político.

Em artigo de notável lucidez em "O Estado de S. Paulo", Luiz Werneck Vianna detectou a volta da questão nacional como resultado de dois movimentos simultâneos. De um lado, o agronegócio, vitorioso nas exportações, invade o núcleo duro do poder (na votação do Código Florestal, por exemplo). Do outro, a indústria cede o lugar central que ocupou durante 80 anos na realização do projeto nacional ao perder a capacidade de assegurar a modernização da economia e a integração do mercado interno.

Agravada por problemas brasileiros (juros, impostos, custo Brasil), a crise do projeto nacional não é culpa do agronegócio, mas da combinação de dois fatores, ambos externos: a valorização da moeda e o "choque de mão de obra" provocado pela inclusão de centenas de milhões de chineses no circuito manufatureiro mundial.

Na persistência desses dois fatores, uma pura saída nacional -forte redução dos juros, eliminação do custo Brasil, salto de competitividade- é na prática inexequível. Se, em condições externas mais favoráveis, pouco dessa agenda caminhou nos 17 anos do real, seria irrealista esperar avanços decisivos nos próximos dois ou três anos, quase a duração do atual governo.

Sobretudo porque eles vão coincidir com o recrudescimento da crise nos EUA, na Europa e no Japão, onde os recentes descalabros só nos deixam a certeza de que a desvalorização do dólar, a manipulação das moedas asiáticas e o excesso de liquidez financeira continuarão a criar para o Brasil ameaças das quais temos de nos defender.

Esse quadro é anormal e de exceção, obrigando também a respostas excepcionais. Pertencem a esse gênero as medidas de alívio anunciadas, que representam, sem dúvida, um recuo estratégico limitado em relação a compromissos assumidos nas negociações comerciais.

A dúvida não é a heterodoxia do favorecimento à produção local, mas sua modéstia, comparada ao gigantesco socorro dos americanos à GM e a ações similares de europeus, argentinos e outros. Pois, se não houver razoável eficácia em neutralizar a desvalorização competitiva de moedas estrangeiras e o excesso de ingressos financeiros, a economia brasileira será destruída antes de ter tempo para avançar na agenda interna de competitividade.

A implacável valorização do real só não inviabilizou a exportação de commodities agrícolas e de minério de ferro porque o aumento dos preços internacionais compensou parcialmente os custos internos em alguns casos. Não faltam setores agrícolas onde a margem já desapareceu ou quase.

Não fosse a contribuição isolada das commodities agrícolas e minerais, a crise do projeto nacional estaria em fase terminal. Uma desglobalização temporária e defensiva capaz de abrir espaço para elevar a competitividade interna interessa, assim, não apenas à indústria, mas a todos os setores. A questão nacional passa não pela disputa entre setores, mas pela sua união, junto aos sindicatos, contra a importação da crise externa.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

O congresso do PPS: expectativas:: Raimundo Santos

Já em andamento, o congresso do PPS começa em uma hora em que parece consenso quase completo dizer-se que os partidos carecem ou já perderam suas identidades. Proveniente do campo pecebista, o PPS já teria esta questão da identidade resolvida há muito tempo, se entendermos que sua identidade, conhecida pela opinião publica, é justamente a sua vocação a ver as coisas pelo ângulo da política, lugar onde, como seu antecessor, ele também é livre para agir construtivamente, tornar-se capaz de reunir energias e mudar (tentar) mudar a situação.

Como tradição, esse olhar da política, herdado do Partidão, pode ser observado exemplarmente na trajetória de Armênio Guedes, o quadro que mais influenciou o PCB, como disse não faz muito Marco Antonio Coelho. De alguns anos para cá, Armênio Guedes vem sendo posto em evidência não apenas por ser um veterano pecebista, passados os seus 90 anos, mas pelas idéias que defendeu no seu tempo e até os primeiros anos 1980, sobremaneira por ter vivido como um trabalhador em defesa dessa crença na identidade política do PCB, em momentos complicados e difíceis.

Espera-se do congresso do PPS deste outro tempo, bem distante e diferente daquela época, que os ex-pecebistas e seus aliados que formam o PPS se debrucem sobre a circunstância – o período já não tão curto da Era Lula – buscando, desde o ponto de vista da política, interpretá-la para fins formulativos, pois não há outro caminho para vencer os dois perigos maiores deste momento: a adesão ao governo e o oposicionismo sem rumo. A esquerda histórica constituiu um modo de procurar ver na circunstância que vivia expressões, processos, tendências e cenários possíveis, visando um agir na conjuntura e no futuro próximo com metas avaliáveis segundo propósitos teoricamente referidos.

O que está acontecendo agora no país é certamente o que vai ocupar a atenção do congresso do PPS. Esta questão vem sendo posta ao congresso diariamente, pelo que se lê nos analistas da imprensa: quando eles dizem que todos os partidos estão sem identidade e sem rumo estão dizendo que eles não conseguem interpretar o novo de hoje no mundo e no país e a conquista inesperada do governo pelo PT e Lula.

Um parêntese. Em relação ao novo no mundo, chama a atenção – desde a campanha eleitoral de Obama -- uma espécie de fascínio pela novidade midiática sem associação com o conhecimento da circunstância nacional, nestas condições, esse fascínio vindo a esvaziar ainda mais a ideia do campo da política. Nesse tipo de compulsão há ainda a possibilidade de o protagonista subsumir-se ao novo, o que lhe tira iniciativa e reduz seu esforço para obter domínio sobre as coisas (sua compreensão); no limite, aparece a tendência de a política tornar-se a própria versão da novidade. É o caso das mídias que ganham eleições quando usadas em grande escala e com conteúdos variáveis dissociados de programas. Já ouvi de um analista autorizado dizer que as eleições doravante terão a forma que se conheceu na campanha de Dilma e Lula. Que é assim mesmo.

Que o novo governa o mundo e o país e que vivemos na Era Lula estamos diante de fatos. O desafio está em olhar para as novidades por um prisma que não leve a elas se subordinar. O PPS tem, justamente, o olhar pela política e dispõe de todo um campo intelectual que tem sua referência maior na interpretação de Brasil de Luiz Werneck Vianna, mais precisamente, nas suas reflexões sobre o período mais contemporâneo pós-Constituição de 1988. Por sinal, suas análises de conjuntura foram recentemente reunidas no livro A modernização sem o moderno, lançado por ocasião da homenagem que lhe prestou a Sociedade Brasileira de Sociologia dias atrás. O livro que está a merecer lançamento aqui no Rio de Janeiro em evento liderado pelo campo que vai da “matriz da revolução passiva” às áreas influenciadas pelo PPS.

O tema da compreensão da circunstância será o ponto mais esperado do congresso. A lembrar o sentido das discussões com que se chegou à Declaração de Março de 1958, homóloga à leitura daquela circunstância nova dinâmica e democratizante que vinha se afirmando desde 24 de agosto de 1954.

Raimundo Santos é professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Especial para o Portal do PPS e o Blog Democracia Política e novo Reformismo

A autoridade presidencial:: Renato Janine Ribeiro


Em meio ano, Dilma Rousseff demitiu três ministros de Pastas importantes. No começo de seu governo, escrevi que ela estava em busca de seu estilo. Sucedia a dois grandes comunicadores. Fernando Henrique Cardoso, em que pese vivermos num país sem maior simpatia pelos intelectuais, usou sua cultura e simpatia - era o chefe de governo mais culto que tivemos desde José Bonifácio - para transmitir, à sociedade, uma nova agenda, mais econômica na verdade do que política. Luiz Inácio Lula da Silva utilizou sua verve e carisma para comunicar-se com uma parcela bem maior da sociedade. Se adotou políticas de inclusão social, aumentando a classe C e reduzindo as D e E, fez algo parecido no discurso político: dirigiu-se sobretudo aos pobres, falou com eles, em especial com suas famosas metáforas. E Dilma? Que estilo teria, perguntei em fevereiro, depois desses governantes que sabiam tão bem falar à sociedade?

Agora, temos dados concretos. Dilma continua falando pouco. Também não é de escrever. Ela assina. Assina demissões. Há uma lógica clara no seu modo de demitir. Quando um ministro é suspeito de corrupção, ela quer que preste satisfação à sociedade. Dá-lhe uma chance. Não demite ninguém de pronto. Porém, se a satisfação prestada não for convincente - e foi esse o problema de Palocci, que era o grande ministro de uma grande Pasta, bem como o de Alfredo Nascimento, que dirigia um dos principais ministérios da Esplanada, não só pelo dinheiro manejado mas pela popularidade que gera, se construir e consertar estradas - o ministro sai. Esse não é um juízo criminal. Não sabemos se foram ou não culpados das acusações que lhes foram dirigidas. É um julgamento político. A política lida com aparências. Para ela, não basta a mulher de César ser honesta, ela tem de parecer honesta - para retomar o célebre dito de Júlio César, pronunciado assim mesmo na terceira pessoa.

Não basta acusar para derrubar um ministro. Ana de Hollanda foi atacada no começo do governo, pelas políticas que adotava (ou não adotava) e também por uma questão de diárias pagas a ela. Dilma deu-lhe um abraço, num corredor, e disse que fosse em frente. Só isso. Não houve colo, força-tarefa para defender a ministra, nada. Mas Hollanda se virou e saiu dos holofotes. Em suma, a presidente dá chance a quem é criticado e espera que a pessoa se mostre capaz de superar o mau momento. Porém, cobra. Um ministro não ficará no cargo fazendo-se de tonto.

Lembremos o episódio Henrique Hargreaves, em que o principal ministro de Itamar Franco, falsamente acusado de corrupção, se demitiu para que tudo fosse apurado e só voltou ao ministério devidamente isentado de culpa. Os tempos mudaram. Hoje, o único tema da oposição é a corrupção. Ela não discute como baixar a apreciação do real, não entra no mérito do trem-bala - apenas, acusa o governo de corrupto. Os decepcionantes PV e Marina, por sua vez, sequer fazem campanha contra a redução do imposto sobre os automóveis. Seria impopular defender mais impostos sobre os carros, mas o que se espera dos verdes? Que proponham o novo. Isso não vemos nem na oposição tucana, que só fala em desvio de verbas, nem na verde, que praticamente não fala. Hoje, se cada ministro acusado se afastasse, a oposição inviabilizaria a baixo preço e com meras palavras o governo. O que se pode esperar da presidência é que mande os acusados prestarem contas.

Já o desfecho do caso Jobim é diferente, mas normal. Se não o demitisse, a presidente se desmoralizava. O que temos de entender, e cabe aos jornalistas descobrir, é por que ele quis sair como saiu. Em poucas semanas, multiplicou provocações que não podiam ser toleradas. Recordo o sociólogo Emir Sader, que seria diretor da Casa de Ruy Barbosa. Numa entrevista, Emir se referiu a sua superior, a ministra Ana de Hollanda, como "autista". Era uma alusão bem humorada e até carinhosa. Bastou para que perdesse o cargo. Mas Emir é um acadêmico; nesta área, estamos acostumados a dizer o que pensamos, sem meditar muito as consequências.

Nelson Jobim é um político brilhante, que foi ministro de três governos seguidos e se destacou nos três Poderes da República. Foi o melhor ministro da Defesa que tivemos desde a criação da Pasta. Então, por que deu três declarações sucessivas e provocadoras? Queria sair como herói? Para tanto, precisaria estar representando uma causa nobre, contra uma eventual falcatrua. Nada disso está à vista.

Dilma não aceitou, nem podia aceitar, o que precisamente para os militares é o pecado mortal: a indisciplina e, com ela, a tolerância com a indisciplina. (Ainda hoje, paira a suspeita de que, se Jango não tivesse admitido a indisciplina dos sargentos e marinheiros em 1964, vários generais, entre eles o comandante de São Paulo, não se teriam revoltado; o golpe de Estado fracassaria). O chefe do Ministério da Defesa desrespeitou a comandante-em-chefe das Forças Armadas. A essa altura, importa pouco avaliar como será Celso Amorim - como ainda sabemos pouco de Gleisi Hoffmann e Ideli Salvatti. Nenhuma dessas indicações, em que pesem as qualidades do ex-chanceler no Itamaraty, impressionou muito a opinião pública. Mas o que conta é que a presidente mostrou firmeza.

Ainda ignoramos como Dilma vai se comunicar. O que vimos é que exige respeito. É um dado importante. É um começo. Talvez precise terminar de ajeitar o governo. Isso demora - talvez um ano. Depois, terá de mostrar que ideais vai transmitir - como FHC e Lula fizeram. Está indo bem na tarefa de pôr ordem no ministério. Terá de mostrar para quê. Isto é: o que tem a propor ao povo. Esperemos.

Renato Janine Ribeiro é professor titular de ética e filosofia política na Universidade de São Paulo.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

Desenho colorido :: Melchiades Filho

As decisões de Dilma Rousseff levam duas marcas: ampliam o já fabuloso poder da Presidência e ignoram, quando não afrontam, convenções da política.

Sozinha, ou ladeada de poucos assessores de confiança -que, entre o entusiasmo e a resignação, batem continência-, a presidente faz só o que quer e do jeito que quer.

Montou uma equipe sem luz própria. Confiou o BC a funcionários de carreira sem "projeção no mercado". Na Casa Civil, trocou um veterano da política por alguém "que nem sequer conhece Brasília".

O desenho é propício para que Dilma defina pessoalmente diretrizes e até detalhes dos programas de governo, como ficou claro na atabalhoada montagem do pacote de estímulo à indústria nacional.

Derrubados Antonio Palocci e Nelson Jobim, não há, no primeiro escalão, ninguém com trânsito nos outros poderes nem currículo para fazer contraponto à presidente.

O vice Michel Temer, craque em acordos e potencial foco paralelo de comando, foi escanteado de todas as principais decisões.

Nesse sentido, a articulação política, tão cara a Lula e a FHC, deixou de ser prioridade. Virou incômodo.

Dilma atropelou os protocolos quando bloqueou emendas parlamentares, demitiu suspeitos de corrupção nos Transportes e nomeou um diplomata de esquerda para a chefia das Forças Armadas. Não teve receio de alienar congressistas, políticos em geral e militares.

Uns admiram o empenho dela em fazer diferente. Outros questionam a obsessão pela microgerência e o alheamento à realidade extragabinete. Aqui e ali, começam a surgir as comparações com Collor.

O presidente corrido do cargo, porém, sucumbiu a uma outra Brasília. Há 20 anos, o Legislativo era símbolo da democracia recém-conquistada e contava com forças engajadas em melhorar a política.

O trunfo de Dilma é a ruína moral do Congresso, dos políticos em geral e, inclusive, de seu partido.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Em defesa do básico:: Aécio Neves

Há uma clara falta de sintonia entre os desafios da nossa realidade e a lógica do projeto de poder em curso no país.

Confunde-se crescimento com desenvolvimento e difunde-se a falsa percepção de que tudo está sendo feito para garantir ao povo brasileiro um novo horizonte.

Ideias como a do trem-bala deslocam-se para o centro das atenções, enquanto permanecem paralisadas as obras dos metrôs das capitais e as estradas federais caem, literalmente, aos pedaços.

O atraso das obras da Copa exigirá forte injeção de recursos públicos, que não existem sequer para programas que, apesar de terem um desempenho aquém do esperado, são lançados e relançados com pompa e circunstância, como o Minha Casa, Minha Vida.

Prevalece o periférico -e os interesses que se organizam em torno dele- e não o principal. O exemplo mais dramático é o do saneamento básico.

Metade da população do país não tem acesso a este serviço, e retrocedem os dados da última década: o número de residências sem água subiu de 8,9 milhões para 9,1 milhões, enquanto os domicílios sem rede de esgoto passaram de 25,6 milhões para 27,8 milhões.

A pirotecnia política em torno do PAC não altera a realidade do balanço do Instituto Trata Brasil -até o final de 2010, só 4% das principais obras de saneamento previstas estavam concluídas, e 60% continuavam paralisadas, atrasadas ou nem sequer iniciadas.

Para viabilizar investimentos da ordem de R$ 11 bilhões anuais, necessários para alcançar a universalização dos serviços na área de saneamento até 2024, conforme preconiza o próprio PAC, já não bastam as fórmulas conhecidas.

É preciso ter alternativas como a redução a zero das alíquotas de PIS/Pasep e Cofins cobradas das empresas de saneamento, já apresentada no Congresso pelo senador Francisco Dornelles. Tese, aliás, defendida na eleição de 2010 pelo nosso candidato, José Serra, e depois assumida publicamente pela então candidata Dilma Rousseff.

Esta seria uma forma de capitalizar as empresas e fomentar novos investimentos. De acordo com os dados do SNIS, gerenciado pelo Ministério das Cidades, essas empresas pagaram R$ 12,8 bilhões em PIS/Pasep e Cofins no período entre 2003 e 2008, valor superior aos R$ 12,2 bilhões investidos com recursos próprios.

Fazer o que precisa ser feito, neste caso, vai muito além dos princípios de boa governança.

É bastante conhecido o impacto altamente positivo do saneamento no combate a doenças e na melhoria das condições de vida da população.

Além disso, os recursos aplicados no setor representam economia muito significativa no sistema público de saúde. E o fundamental é que estaríamos cuidando do Brasil real. Isso é desenvolvimento.

Aécio Neves, senador (PSDB-MG)

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Inquietações intercontinentais :: Paulo Brossard


Embora haja fatos relevantes no nosso quintal, tão maiúsculos são os problemas externos, que não tenho a pretensão de dizer novidade. Sinto tão só o desejo de transmitir alguns comentários acerca de seus efeitos, visíveis e além-fronteiras.

A questão é que os problemas internos e pessoais de repente tornam-se associados a problemas externos, que também confundidos com outros de caráter público.

É notório que o presidente dos Estados Unidos se fez presidente e que o Congresso lhe dava sustentação. Ocorre, porém, que, realizadas as eleições parlamentares, continuou a contar com a maioria do Senado, mas deixou de ter o apoio da Câmara dos Representantes, cuja maioria passou a pertencer ao Partido Republicano. Assim sendo, como também é notório, o presidente Obama pretendeu tomar uma série de providências, inclusive com relação à capacidade de endividamento da União, tendo em vista que a dívida norte-americana é superior à casa dos US$ 14 trilhões; a maioria conservadora na Câmara se opõe a esta providência desejada pelo presidente Obama, que considera fundamental sua redução em US$ 3,7 trilhões.

Para aderir a essa decisão, o Partido Republicano teria um prazo visivelmente breve; terminava em 2 de agosto, o que importa dizer que o prazo útil de semanal passava a ser de dias e caminhava para vir a ser de horas. Esta situação transformava o problema em uma questão quase fatídica e, por isto, enquanto muitos pensavam que não haveria tempo para a composição imprescindível, eu, no entanto, sempre acreditei que o entendimento seria possível, tendo em consideração o caráter anglo-saxão das partes, propenso às composições recíprocas. Interesses aparentemente antagônicos poderiam ter razões a permitir a composição aparentemente insolúvel.

O leitor está a entender que esteja a pensar na sucessão presidencial dos Estados Unidos; o insucesso da solução pleiteada pelo presidente Obama prejudicaria sua suposta reeleição, porque levaria a União americana ao calote, com seus efeitos inerentes; mas não deixaria imune o Partido Republicano da responsabilidade de ter sido causa eficiente do colapso norte-americano e das suas consequências até então inimagináveis, em termos nacionais e internacionais.

Voltando ao Brasil e a seus interesses, poderia dizer-lhe, como aos demais países, que não estariam ilesos de pesados e duradouros efeitos, nem por quanto tempo poderiam perdurar, e em que medida. É preciso não esquecer que as consequências da crise de 2008 ainda não se apagaram e foram muito além do ano em que se tornou conhecida. Em outras palavras, aquela crise ainda não terminou; quando terminaria a de 2011, a ela relacionada e apenas se iniciando?

CDATA[Repito, a título de pura informação, o que leio na primeira página de um dos grandes jornais do Brasil. "Os mercados internacionais viveram ontem seu dia mais nervoso desde a crise financeira que travou a economia mundial, em 2008, com a quebra do banco Lehman Brothers." Concluo com as palavras da mesma folha: "O medo da recessão mundial cresce".

Dir-se-á que o acordo republicano e democrata não resolveu o problema, que continua pendente; é claro que não resolveu; e não havia tempo para fazê-lo, o que não quer dizer que seus resultados imediatos não fossem cruéis para a América e a Europa. Quais seriam esses efeitos se o calote tivesse sido consumado?

Note-se, de resto, que nenhuma das duas partes festejou o acordo, embora o presidente Obama declarasse que o primeiro passo fora dado. Esse o fato, abreviado ao máximo, que mostra de maneira iniludível a gravidade e a dimensão dos problemas vividos pelos grandes Estados no dia de hoje; e não seria necessário dizer que, infelizmente, não são os únicos.

E, para não alongar-me, não disse nenhuma palavra sobre as guerras em que os Estados Unidos estão empenhados, longe do seu território, e que o atual presidente herdou de seu antecessor.

*Jurista, ministro aposentado do STF

FONTE: ZERO HORA (RS)

MG: Partidos entram em campo

A dois meses do prazo final para acertar as filiações e composições partidárias com a Justiça Eleitoral, os principais partidos aceleram as articulações esta semana para a formação de chapas fortes nos municípios mineiros. Com diferentes estratégias, PSDB, PMDB e PT pretendem se multiplicar nas prefeituras e câmaras em 2012 com um mesmo objetivo: se fortalecer para a disputa pelo Palácio da Liberdade dois anos depois.

De reuniões regionais a mensagens de incentivo, os dirigentes trabalham para ter candidatos próprios ou alianças nas principais cidades de Minas. Histórico mostra que enquanto PT e PSDB cresceram nas últimas três eleições municipais, o PMDB vem perdendo espaço.

O PMDB reúne hoje, em um encontro na capital, os representantes das cidades pólo do estado para preparar as candidaturas às prefeituras no ano que vem. A ordem na legenda é apresentar nomes em todos os municípios com mais de 50 mil habitantes. A intenção é ter candidato próprio em mais de 500 municípios e participar, seja com vice ou apenas coligação, em todas as cidades. O PMDB tem hoje 122 prefeitos e quer ampliar o número ao máximo possível. As últimas eleições, no entanto, mostram que a legenda vem perdendo espaço nas administrações municipais mineiras. Em 2000, foram eleitos 232 prefeitos peemedebistas; em 2004, 142; e em 2008, 121.

Mesmo com as dificuldades financeiras – o PMDB corre o risco de ficar pelo terceiro ano sem receber o fundo partidário em razão de desaprovação de contas anteriores pela Justiça Eleitoral –, o presidente do partido, deputado federal Antônio Andrade, quer mostrar que há estrutura para apoiar as candidaturas. 

"Vamos administrar com os poucos recursos que temos. Serão R$ 140 mil a menos por mês, mas vamos buscar ajuda no PMDB nacional e buscar estrutura para nos fortalecer. Se eleição fosse apenas recurso financeiro a oposição nunca venceria", disse.

Já o PT tem planos mais audaciosos. Pretende dobrar o número vereadores e conquistar mais 40 prefeituras nas cidades mineiras. Para isso, aposta na popularidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de sua sucessora, Dilma Rousseff. Os petistas têm hoje 110 prefeituras, 92 vices e 650 cadeiras nas câmaras municipais. O partido foi o que mais cresceu entre os três maiores (PT, PMDB e PSDB) nos últimos pleitos.

De 34 prefeituras eleitas em 2000, pulou para 85 em 2004 e 110 em 2008. O presidente do partido em Minas, deputado federal Reginaldo Lopes, já iniciou as tradicionais caravanas pelos municípios mineiros. Segundo ele, foram mais de 30 viagens em busca de filiações, chapas e apoios.

Tal campanha terá um reforço de peso. O ex-presidente Lula é esperado em visita a Belo Horizonte no dia 18, quando vai almoçar com 150 lideranças. "Vamos fazer um bate-papo com os aliados e um encontro com a sociedade", disse Lopes. Para o dirigente, apenas o fato de ter o comando do governo federal não torna mais fácil para o PT ampliar seu espaço no estado. "É preciso ter uma postura correta", avaliou. Em relação à sucessão do governo de Minas em 2014, Reginaldo Lopes disse que a estratégia é apoiar também legendas aliadas à presidente Dilma para garantir representatividade no maior número possível de administrações.

Tucanos À frente do governo estadual, o PSDB investe na formação de novas comissões provisórias para levar dirigentes do partido a todas as regiões do estado. Hoje, a Executiva se reúne para formalizar estruturas, chegando a cerca de 600 cidades. A expectativa é elevar o número para 700 até outubro. Dia 27, serão feitas reuniões simultâneas em 45 municípios. O PSDB também tem uma equipe coordenadora cuidando especialmente das 50 maiores cidades mineiras. Hoje, os tucanos comandam 156 prefeituras e o objetivo é chegar a 200 em 2012. Se seguir o mesmo ritmo das últimas eleições, apesar do crescimento, a legenda não conseguirá cumprir a meta. Os tucanos conquistaram oito prefeituras (158) a mais em 2008, em relação a 2004, quando foram eleitos 150 prefeitos do PSDB. Em 2000, foram 137.

Outra tática do PSDB é investir nas filiações. O partido vai trazer quadros do sindicalismo, com um ato de criação do PSDB sindical dia 20, com a presença de lideranças tucanas. O presidente do partido no estado, deputado federal Marcus Pestana, afirma que sempre houve uma proximidade com o setor em Minas, já que o atual senador Aécio Neves teria recebido o apoio de centrais sindicais em suas campanhas ao governo de Minas. "As filiações são para dar concretude a essa relação", disse o dirigente. O PSDB também está preparando gravações de Aécio e do governador Antonio Anastasia para incentivar as candidaturas no interior. Apesar do empenho, os tucanos não descartam abrir mão da cabeça de chapa para aliados. "A vitória de um aliado é a vitória do PSDB", argumentou.

enquanto isso...

...DEM está rachado

Nos democratas, segue a briga interna para decidir de quem será o comando estadual da legenda, que está rachada. Nos bastidores, o atual presidente licenciado, secretário estadual de Transportes e Obras Públicas, Carlos Melles, trabalha pela reeleição, mas como é titular de uma pasta, as funções ficariam para quem fosse seu vice. Outro grupo defende o nome de Sebastião Navarro para a sucessão. Segundo Melles, a discussão sobre a eleição, prevista para dia 20, começa esta semana. Ele evita falar em candidatura à reeleição. "Não sei, se quiserem posso ser. Temos a responsabilidade de trabalhar pelo consenso", afirmou. O consenso foi pedido pelo senador Aécio Neves (PSDB), que interveio para tentar estancar a sangria.

FONTE: ESTADO DE MINAS

PE: Oposições vão às ruas numa “fiscalização”


A Mesa da Unidade, bloco que reúne os partidos da oposição municipal, realiza hoje uma blitz na área educacional. O objetivo é visitar unidades de ensino para avaliar as condições pedagógicas e de trabalho do local. O grupo não antecipa a área a ser vistoriada para evitar “maquiagem” da prefeitura.

Todos os partidos que fazem parte do grupo (DEM, PMDB, PSDB, PPS e PMN) estarão representados. Entre os políticos confirmados na ação estão Raul Jungmann (PPS), Mendonça Filho (DEM), Raul Henry (PMDB), Priscila Krause (DEM), Evandro Avelar (PSDB) e Sílvio Barbosa (PMN).

Outra ação prevista pela oposição para hoje é o questionamento da declaração do presidente da Câmara, Jurandir Liberal (PT), que acusou o TCE de “trabalhar contra a prefeitura”. A vereadora Aline Mariano (PSDB) já avisou que pretende debater o assunto na tribuna da Câmara hoje. “Achei lamentável a declaração de Jurandir, em especial porque quando ele fala, fala pelo Legislativo, já que é o presidente da Câmara”. (M.B.)

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

O que pensa a mídia - editoriais dos principais jornais do Brasil

Cicatrizes - MPB 4 e Roberta Sá