sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Presidente da Transpetro também vai ser trocado

Dilma ainda planeja tirar mais cargos do polêmico PMDB e situação com o maior partido da base aliada fica tensa

Adriana Vasconcelos e Gerson Camarotti

BRASÍLIA. A presidente Dilma Rousseff está disposta a comprar outras brigas com o PMDB, mesmo depois da insatisfação do seu principal aliado com as mudanças promovidas pelo governo no Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs) e na Fundação Nacional da Saúde (Funasa). O Palácio do Planalto já comunicou à cúpula do PMDB a decisão de substituir o presidente da Transpetro, o peemedebista cearense Sergio Machado.

Ele está no cargo há nove anos. A alegação formal feita por Dilma é de que é preciso oxigenar a subsidiária da Petrobras controlada pelo partido.

Estão ainda na mira do Palácio do Planalto outros cargos de segundo escalão ocupados por indicação do PMDB na Petrobras e em outras estatais do setor.

Um que já tem sua saída dada como certa é o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, que tem uma relação difícil com a nova presidente da estatal, Maria das Graças Foster, que será empossada dia 13.

— A troca no comando da Petrobras deverá desencadear outras mudanças fortes na estatal, por isso o PMDB deveria ficar mais atento a grandes movimentos do que a questões menores — disse um interlocutor da presidente Dilma.

Esse recado fora dado aos dirigentes do PMDB no meio da semana, quando o líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves, vociferava contra a demissão anunciada de Elias Fernandes Neto do Dnocs: o partido não deveria gastar tanta energia brigando por "coisas pequenas", pois aconteceriam outras trocas em cargos mais importantes ocupados por peemedebistas.

E a reação não poderia mais subir de tom.

O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), chegou a negar ontem rumores de que Sérgio Machado estaria deixando o comando da Transpetro. Disse que ele tem seu desempenho elogiado e continua com o apoio do partido para permanecer no cargo.

A aliados reclamou, no entanto, que alguns setores do governo estariam jogando para aumentar o clima de confronto dentro da base, com uma rearrumação nos cargos de segundo e terceiro escalões, já que a presidente não conseguiu promover uma reforma ministerial tão ampla como desejava.

As mudanças na Funasa continuam rendendo alfinetadas. Pelo Twitter, o senador Delcídio Amaral (PT-MS) reagiu de forma indireta às reclamações de setores do PMDB, após ter conseguido emplacar um aliado seu para a superintendência da Funasa no Mato Grosso do Sul, depois de desalojar um indicado do PMDB.

"Tem partido, na base do governo, que me faz lembrar o filme "Dormindo com o Inimigo.

Com todo o respeito!"", postou o parlamentar petista no microblog, referindo- se à disputa que resultou na indicação de Pedro Luiz Teruel para o comando da fundação no estado.

— Em relação à Funasa, o acordo foi feito com o PMDB que apoiou a presidente Dilma, não com o PMDB que apoiou Serra — acrescentou Delcídio em entrevista, lembrando que os peemedebistas no Mato Grosso do Sul apoiaram a candidatura do tucano na disputa presidencial de 2010.

Aos auxiliares mais próximos, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse que, por ora, não há movimento para retirar do PMDB outras superintendências da Funasa. Hoje, de 11 superintendências da Funasa, seis estão com o PMDB; cinco alojaram indicações petistas.

Enquanto setores do PMDB lutam para manter espaços, os petistas aplaudem os recentes ajustes.

O PT respalda as mudanças promovidas por Dilma em sua equipe.

FONTE: O GLOBO

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