quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

PT e PSB disputam pasta de Ciência e Tecnologia

Nome de Ciro Gomes enfrenta resistência no Planalto; petistas querem emplacar deputado federal

Gerson Camarotti

BRASÍLIA. O silêncio da presidente Dilma Rousseff sobre a reforma ministerial abriu uma disputa nos bastidores pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. Enquanto a bancada do PT paulista trabalha pela indicação do deputado federal Newton Lima (PT-SP), o grupo do PSB cearense tenta emplacar o ex-ministro Ciro Gomes. Já o mundo acadêmico defende uma solução técnica para o lugar do ministro Aloizio Mercadante, que já comunicou a interlocutores que será deslocado para o Ministério da Educação, no lugar de Fernando Haddad.

Em defesa de Newton, a bancada do PT argumenta que ele uniria critério técnico ao político, já que foi reitor da Universidade Federal de São Carlos, além de ser ex-prefeito da cidade paulista. E teria respaldo de setores do mundo acadêmico.

Em conversas reservadas, Mercadante confidenciou que Dilma teria preferência por um nome técnico, o que, na interpretação de petistas, mostra que Lima está entre os cotados. Se nomeado ministro, ele abrirá vaga na Câmara para o retorno de José Genoino (PT-SP), réu no processo do mensalão e primeiro suplente do partido.

Apesar do silêncio de Dilma, pelo menos uma informação circula no centro do governo: no Planalto há resistências à volta de Ciro ao ministério. Na avaliação de interlocutores de Dilma, ele só seria chamado se não criar problemas para a sucessão presidencial de 2014 - garantia que, afirmam conhecedores de Ciro, ninguém arrancará dele.

Até ontem, o presidente do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, não foi consultado sobre o tema. Setores do PSB próximos de Campos resistem à ideia do retorno de Ciro ao governo federal.

PSB sinaliza que Fernando Bezerra não deixará a pasta

O PSB já sinalizou ao Planalto que o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, não vai disputar a prefeitura de Recife. O movimento do PSB, ao anunciar a permanência de Bezerra, tem dois efeitos: evitar uma corrida do PMDB pela vaga da Integração Nacional e demonstrar ao PT interesse de costurar uma aliança na sucessão municipal em Recife.

Aliados de Campos deixam claro que Ciro não irá para o governo, se for para desalojar Bezerra. Portanto, esclarecem os socialistas, se ele conseguir vaga na equipe de Dilma, será para desalojar o ministro Leônidas Cristino, da Secretaria de Portos, também do PSB. Os aliados de Campos identificaram uma manobra do grupo de Ciro para enfraquecer o governador, que tem pretensões nas eleições presidenciais de 2014 e 2018. Lembram que Ciro foi convidado em 2010 para ser ministro de Dilma e recusou.

Além da saída de Haddad para disputar a prefeitura de São Paulo, também deve deixar o governo a ministra Iriny Lopes (PT), da Secretaria de Mulheres, que deseja a prefeitura de Vitória.

FONTE: O GLOBO

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