terça-feira, 6 de março de 2012

'Cenário não é bom', avisa Temer sobre aliança PT-PMDB

Antes de receber, hoje, o manifesto dos rebelados de seu partido contra o "protagonismo" petista, o vice falou com Sarney e Renan

Christiane Samarco

BRASÍLIA - O presidente em exercício da República, Michel Temer, recebe às 17h de hoje, em seu gabinete na Vice-Presidência, manifesto de deputados do PMDB reclamando do governo e do PT. "Como membro do governo, farei o possível para contornar qualquer espécie de insatisfação, mas o cenário não é bom", disse Temer ao Estado. Ele admitiu ter ouvido "as mais variadas queixas" dos partidos da base governista - até do PT.

Nas últimas 24 horas, Temer trocou telefonemas com toda a cúpula do PMDB, inclusive o presidente do Congresso, José Sarney (MA), e os líderes no Senado, Renan Calheiros (AL), e na Câmara, Henrique Alves (RN). A um dos deputados que decidiram assinar o manifesto, o vice pediu calma, mas reconheceu que a insatisfação é generalizada.

A queixa maior do partido, expressa no manifesto, é contra "a ameaça do PT, que se prepara, com ampla estrutura governamental, para tirar do PMDB o protagonismo municipalista e assumir seu lugar como maior partido com base municipal". O PMDB tem hoje 1.177 prefeitos. Os mais alarmistas temem que esse número caia para a metade.

Para a cúpula do PMDB, o que está na berlinda é a relação do governo com o Congresso e não só com seu maior partido aliado. Nesse sentido, a direção partidária vê o manifesto como expressão de uma insatisfação que vai além dos limites peemedebistas.

Tutela. Nos bastidores, a reclamação mais recorrente é a da "tutela" exercida sobre os ministros peemedebistas por secretários executivos petistas. O líder Henrique Alves admite que ministros sem autonomia frustram a base e que ano eleitoral exige mais cuidado nos compromissos. Mas diz que seu partido não pede cargos e sim uma relação "mais transparente" com o governo. "Eu também defendo uma relação político-administrativa mais construtiva, mas não é correto culpar o PT, que também perdeu a Petrobrás e os Ministérios da Ciência e Tecnologia e da Pesca", afirma Alves, para concluir: "Se bobear, até os petistas assinam o manifesto".

"O problema é que a direção partidária se acomodou e o movimento é para dar uma mexida nisso", critica o deputado Danilo Fortes (CE). "Do jeito que está não somos nem coadjuvantes. Somos figurantes de segunda linha".

"A presidente Dilma Rousseff deu a impressão de que comandaria um governo plural, mas ao longo de seu primeiro ano na presidência o PT acabou se tornando maior do que era no governo Lula", diz o senador Vital do Rego Filho (PMDB-PB), que já levou as queixas do partido às ministras de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, e da Casa Civil, Gleisi Hoffmann.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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