quinta-feira, 15 de março de 2012

PT e PR ampliam rebelião no Congresso

Ala petista preterida na escolha do novo líder do governo na Câmara ameaça retaliação em votações de interesse do Planalto

Já o PR anunciou estar na oposição por discordar de indicação de Dilma; partido admite recuo, porém, caso receba cargo

Simone Iglesias, Catia Seabra e Valdo Cruz

BRASÍLIA - A crise que atinge a base governista no Congresso teve novos lances na bancada do PR no Senado, que anunciou ter ingressado na oposição a Dilma Rousseff, e no PT da Câmara, que decidiu afrontar orientações do Palácio do Planalto.

A resolução do PR ocorreu ontem, um dia após Dilma confirmar Eduardo Braga (PMDB-AM) como líder do governo no Senado, o que desagradou um dos caciques da legenda, o ex-ministro Alfredo Nascimento, inimigo político de Braga.

O PR é a terceira bancada da Casa, com sete dos 81 senadores. Desde que Dilma assumiu, o partido estava alinhado ao Planalto, mas se declarou "independente" após Nascimento deixar o Ministério dos Transportes sob suspeita de irregularidades.

Na ocasião, Dilma não aceitou sugestões da legenda para o posto e manteve o interino Paulo Passos, que é do PR, mas não conta com o respaldo da maioria do partido.

"Resolvemos que estamos fora da discussão e isso significa que estamos na oposição (...) Quando o governo entender que o PR é importante para a governabilidade, que nos procure".", disse Blairo Maggi (MT), líder da bancada no Senado.

Ele afirmou, entretanto, que se a Dilma aceitar alguém da lista de indicados pelo partido para a pasta, a legenda volta a ser governo.

Já os 43 deputados do PR na Câmara continuarão com posição declarada de independência, segundo o líder da legenda, Lincoln Portela (MG).

PT

No PT, cerca de 40 dos 86 deputados federais decidiram em reunião na terça afrontar as orientações do Planalto, em resposta à destituição de Cândido Vaccarez-za (PT-SP) da liderança do governo na Câmara.

O primeiro recado pode ser dado no projeto de reforma do Código Florestal.

Os deputados do campo majoritário do PT, prometem, no mínimo, fazer corpo mole no trabalho de articulação do governo na Casa, deixando a tarefa a cargo da outra ala do partido.

Além do suporte aos candidatos do PMDB às presidências da Câmara e Senado, essa ala do PT avalia como impossível o adiamento da votação do Código Florestal, como deseja Dilma.

O governo teme ser derrotado pelos ruralistas e, por isso, só quer votar o tema quando houver segurança.

Na reunião do grupo do PT, alguns chegaram a propor um boicote ao trabalho do recém-indicado a líder do governo na Casa, o também petista Arlindo Chinaglia (SP).

Houve também quem defendesse articulação para que Lula dispute a Presidência pelo PT em 2014.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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