segunda-feira, 14 de maio de 2012

Advogado diz que Cachoeira deve se manter calado na CPI

O empresário Carlinhos Cachoeira poderá ficar calado no depoimento marcado para amanhã na CPI ou nem comparecer, segundo o advogado Márcio Thomaz Bastos. A defesa pediu ao STF acesso ao material da investigação, além de prazo para analisar o conteúdo. Se o tribunal acatar o pedido, o depoimento do empresário poderá ser adiado

Cachoeira deve ficar calado na CPI, afirma seu advogado

Depoimento está marcado para amanhã, mas defesa ainda tenta adiá-lo

Márcio Thomaz Bastos quer prazo para seu cliente conhecer e examinar documentos das investigações

Leandro Colon, Natuza Nery

BRASÍLIA - Quem espera revelações do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, em seu depoimento marcado para amanhã na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que apura sua relação com autoridades deverá se frustrar.

A defesa de Cachoeira definiu a estratégia no fim de semana: ou o empresário ficará calado ou ele não vai comparecer ao depoimento.

A alternativa a prevalecer depende da resposta do Supremo Tribunal Federal sobre o pedido dos advogados para que a CPI dê a Cachoeira acesso ao material que tem contra ele, além de prazo para analisar os documentos.

Se o STF negar o pedido ou não decidir até amanhã, Cachoeira deve permanecer em silêncio no depoimento -ou falar muito pouco.

Se o Supremo aceitar o pedido, a defesa espera que seja dado um prazo para Cachoeira analisar os autos da CPI, o que adiaria o depoimento.

Para a defesa, ele não pode depor sem saber o conteúdo da investigação. "Precisamos acabar com essa situação kafkiana", disse ontem o advogado de Cachoeira, Márcio Thomaz Bastos, ministro da Justiça no governo Lula.

No romance "O Processo", de Franz Kafka, o personagem principal é investigado sem saber por qual motivo.

Se o depoimento de fato ocorrer, será a primeira oitiva pública à comissão. Até agora, só dois delegados da Polícia Federal falaram, mas em sessões secretas.

"Ele adotará a linha de não falar", disse o senador Humberto Costa (PT-PE).

Por ora, a CPI do Cachoeira em nada se assemelha à CPI dos Correios, que investigou o mensalão em 2005.

Naquela época, não havia investigação policial prévia nem extensos arquivos com intercepções telefônicas.

"É que, neste caso, as investigações já estavam avançadas", completou o senador.
Na quinta, a CPI ouvirá dois procuradores da República que conduziram a Operação Monte Carlo, que levou Cachoeira à prisão.

Os integrantes da CPI querem, por exemplo, solicitar ao STF acesso ao sigilo bancário do senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), investigado pelo envolvimento com Carlinhos Cachoeira.

O Supremo já autorizou a abertura dos dados bancários do senador a pedido do procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Se não tiverem acesso por meio da corte, os membros da CPI pretendem votar requerimento para conseguir os documentos.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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