domingo, 27 de maio de 2012

Dentro da Casa Branca:: Eliane Cantanhêde

O anúncio de que o diplomata de carreira Ricardo Zúñiga será o principal assessor da Casa Branca para as Américas foi muito bem recebido pelo Itamaraty e, em geral, pelo governo brasileiro.

A avaliação é de que a decisão de Obama é uma vitória do embaixador dos EUA em Brasília, Thomas Shannon, e consolida a orientação formalizada pelo Council on Foreign Relations em meados do ano passado: o Brasil não pode ser visto apenas no contexto sul-americano ou latino-americano, mas com um foco específico, individualizado. Como, aliás, já ocorre com outros parceiros dos Brics: a Índia e, obviamente, a China.

Zúñiga é, atualmente, assessor político da embaixada e não é coincidência que saia deste cargo direto para a Casa Branca. O Itamaraty tem certeza de que a nomeação "teve o dedo" de Shannon, respeitado na cúpula do governo e badalado nos corredores do Departamento de Estado como "the brain" (o cérebro).

Ele era o homem da diplomacia dos EUA para as Américas antes de vir para Brasília e sua chegada já foi saudada como um degrau a mais do novo patamar do Brasil na percepção de Washington. A ida de Zúñiga é um novo degrau.

De família hondurenha, ele fala português fluentemente (com sotaque de Portugal) e está há cerca de dois anos no Brasil, tempo suficiente para compreender o país, costurar bons contatos diplomáticos e políticos e ilustrar a Casa Branca sobre a ascensão econômica e diplomática brasileira. E, claro, sobre o que se passa por aqui, internamente.

De quebra, o novo assessor da Casa Branca -uma espécie de Marco Aurélio Garcia de Obama- é considerado culto, bem-humorado e... especialista em Cuba. Este dado é sempre importante e se torna crucial na mesma proporção em que a idade e a doença de Fidel Castro avançam. O futuro de Cuba, aliás, é um dos itens do cardápio que atrai norte-americanos e brasileiros para a mesma mesa.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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