terça-feira, 29 de maio de 2012

Estoque cresce pelo 3º mês consecutivo

O número de setores com excesso de estoque na indústria cresceu pelo terceiro mês seguido e chegou a 6 de 14 pesquisados, entre abril e maio, mostra pesquisa da Fundação Getúlio Vargas. Entre janeiro e fevereiro, eram três. Ontem, pela primeira vez, o mercado admitiu crescimento abaixo de 3% para 2012, segundo pesquisa Focus, do BC

Estoque da indústria cresce e mercado já prevê crescimento do PIB abaixo de 3%

Márcia De Chiara

Cresceu o número de setores superestocados na indústria de abril para maio, o que dificulta a retomada da produção industrial neste trimestre, revela a Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação da Fundação Getúlio Vargas (FGV). E, ontem, pela primeira vez, o mercado financeiro admitiu crescimento abaixo de 3% para economia brasileira neste ano, aponta pesquisa Focus do Banco Central. De 14 segmentos, 6 estão neste mês superestocados: material de transporte, mobiliário, mecânica, têxtil, vestuário e calçados e minerais não metálicos, aponta a sondagem. Em março e abril, 4 acumulavam produtos. "Após um período de ajuste em janeiro e fevereiro, quando havia só três setores superestocados, o quadro piorou em março e abril. Em maio, a situação de acúmulo de produtos se espalhou para outros segmentos", afirmou o superintendente adjunto de Ciclos Econômicos da FGV, Aloisio Campelo. A pesquisa considera setores superestocados aqueles em que o saldo entre o número de empresas com estoques excessivos e insuficientes é igual ou maior do que 10%. O economista ponderou que a situação de acúmulo de produtos hoje não é tão grave quanto na crise de 2008. Em novembro daquele ano, 11 setores tinham encalhe. No entanto, como naquela época, a indústria de material de transporte lidera hoje o ranking dos segmentos com maior número de empresas com produtos além da conta.

Tanto é que, na semana passada, o governo retomou a fórmula usada em 2008 de cortar o imposto sobre os carros para impulsionar as vendas. Campelo ressaltou que a pesquisa acabou três dias após o anúncio do pacote de estímulo ao crédito. Ontem, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, pediu "paciência" para que as medidas já adotadas possam surtir efeito, segundo afirmou à Reuters. Além da indústria de material de transporte, os segmentos têxtil, de vestuário e calçados e mecânica estão com a produção prevista para três meses abaixo da média histórica, o que sinaliza uma retomada lenta da produção no curto prazo. Apesar de superestocados, o quadro é mais favorável para indústria de móveis e de minerais não metálicos, que inclui os itens usados pela construção civil. É que nesses dois segmentos o indicador de produção prevista para três meses supera a média histórica. Isso sinaliza que o ajuste está em curso e a produção deve ser retomada. O grande volume de estoques é o quesito que mais pesa no desempenho da indústria em geral. Neste mês, 8,8% das 1.259 empresas consultadas informaram ter produtos excessivos, índice que é superior ao de abril (5,2%) e quase o dobro do de maio de 2011 (4,7%). Com base nos resultados, Campelo disse que, no horizonte de três meses, de maio a julho, início do segundo semestre, não há indicações de um "arranque" da indústria. Já para seis meses, há mais otimismo.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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