quarta-feira, 23 de maio de 2012

Rubens Bueno para Cachoeira na CPMI: "Nós não somos teu"

Valéria de Oliveira

Deputado também perguntou ao contraventor de onde está saindo o dinheiro para pagar seu advogado, o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos

“Parodiando o que ocorreu na semana passada, queria dizer, senhor Cachoeira, que nós não somos teu”, disse o deputado Rubens Bueno (PR), líder do PPS na Câmara, dirigindo-se ao contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, durante depoimento em que ele se manteve em silêncio durante todo o tempo na CPMI que apura as ligações do contraventor com autoridades, governos e empresas privadas. A frase é uma ironia com a mensagem do petista Cândido Vaccarezza (PT-SP) ao governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB).

Rubens Bueno questionou, antes, “de onde está saindo tanto dinheiro para uma contratação do vulto de (advogado e ex-ministro da Justiça) Márcio Thomaz Bastos”, que estaria cobrando cerca de R$ 15 milhões, “se a autoridade fiscal, em seu relatório, afirma não haver movimentação financeira relevante” de Cachoeira. Mais uma vez, o contraventor alegou que usaria o direito constitucional de manter-se calado.

Reconvocação

O líder do PPS começou ironizando o silêncio de Cachoeira, perguntando-lhe se ele era bem tratado na cadeia. Como o depoente se recusava a falar, pediu ao relator, Odair Cunha (PT-MG), que providenciasse a reconvocação dele após o seu depoimento em juízo. O contraventor será ouvido pela Justiça, em Goiânia, nos dias 31 de maio e 1º de junho.

Outro assunto levantado por Bueno foi o relatório da CPI dos Bingos, em 2005, na qual depôs o então assessor daquele que era o ministro da Fazenda da época, Antônio Palocci, Rogério Tadeu Buratti.

“Lá (na CPI dos Bingos) ele afirmou, clara e determinadamente, que esse grupo do qual o senhor faz parte abasteceu o caixa de campanha do PT em R$ 2 milhões”, afirmou o líder dirigindo-se a Cachoeira, que novamente não quis responder, mas observou que, após depor na Justiça, "terei muito para falar".

Bueno perguntou se havia alguma promessa de legalização do jogo e se os petistas haviam desistido. Em vão. Também não houve resposta para o questionamento sobre as relações com Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, já que são ambos da mesma cidade, Anápolis.

O líder citou o fato de o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) ter injetado R$ 10 bilhões no frigorífico JBS. A empresa, controlada pela holding J&F, comandada por Meirelles, anunciou neste mês a compra da construtura Delta, que está no central da organização criminosa de Cachoeira.

Bueno referiu-se ainda a uma das conversas gravadas entre Cachoeira e Cláudio Abreu, ex-diretor da Delta para a região Centro-Oeste, na qual o empresário do jogo afirmara que “o negócio” teria de ficar no nome da Delta e que a parceria precisaria ser em nível nacional. “O senhor tem essa parceria? Existe um contrato de gaveta?, perguntou o líder do PPS, sem mais uma vez obter resposta.

Novas ações

Ao avaliar o depoimento de Cachoeira, Rubens Bueno avaliou que o silêncio já era esperado. "A expectativa foi confirmada, vimos um Cachoeira mudo, mas vamos insistir nas perguntas com outros depoentes e buscar, por meio dos documentos que requisitamos e com base nos dados das quebras de sigilo, o esclarecimento de todos os fatos, cruzando as informações”, ressaltou o deputado.

O deputado espera ainda que na próxima reunião administrativa da comissão, marcada para o dia 5 de junho, seja aprovada a quebra dos sigilos da Delta em todo o país, bem como de seu dono, o empresário Fernando Cavendish. Rubens Bueno defende ainda a convovoção de Cavendish e dos governadores Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, todos citados nas investigações.

FONTE: PORTAL DO PPS

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