sábado, 12 de maio de 2012

Senadores são contra convocação de Gurgel

Pedro Simon diz que PT não cobrou agilidade do MP quando Cachoeira foi flagrado repassando dinheiro a Waldomiro Diniz

BRASÍLIA. Com a votação do requerimento de convocação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, marcado para quinta-feira, dia 17 - como confirmou o presidente da CPI mista do caso Cachoeira, Vital do Rêgo (PMDB-PB) -, senadores de oposição defenderam ontem o chefe do Ministério Público, com críticas à postura do PT sobre o assunto. Mais enfático na defesa do procurador-geral, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) cobrou coerência do PT e argumentou que, como procurador, Gurgel não pode ser testemunha na CPI.

O senador gaúcho lembrou que no início do governo Lula, quando Carlos Cachoeira foi flagrado repassando dinheiro a Waldomiro Diniz, servidor da Casa Civil, o PT não exigiu agilidade do Ministério Público. Os petistas são os que mais cobram explicações de Gurgel sobre o fato de ele não ter enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) a investigação da Operação Vegas, feita pela Polícia Federal em 2009 sobre a ligação de Cachoeira com o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO).

- Quererem transformar a CPI na CPI do procurador-geral. É piada, é algo que não pode ser levado a sério. O Supremo, por unanimidade, prestou solidariedade ao procurador. E o PT quer transformar a CPI do Cachoeira na CPI do Gurgel. Meu querido PT, é muita cara de pau! O PT tem problemas com o procurador? Entre com um requerimento junto à Procuradoria, solicite que ele seja investigado, mas isso não pode ser feito na comissão. Isso é má-fé, isso é ridículo, isso soa mal, e está ficando mal para o PT - discursou Simon para um plenário quase vazio. - O PT não quer convocar o governador de Brasília, o PSDB não quer convocar o governador de Goiás, e o PMDB não quer convocar o governador do Rio. Mas todo mundo quer convocar o procurador-geral!

O discurso de Simon foi apoiado pelo senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).

- Temos frontal oposição à convocação do procurador-geral da República, porque entendemos que se trata de manobra diversionista, para desviar o foco principal da CPI. É manobra diversionista também em relação ao julgamento do mensalão, que se aproxima. Somos contra isso pelas razões jurídicas. O procurador-geral é o titular da ação penal e será eventualmente chamado a propor ação penal contra agentes públicos dotados de prerrogativa de foro. Portanto, o procurador-geral não pode servir de testemunha neste processo - disse Aloysio, relatando a explicação que ouviu recentemente de Gurgel.

O pedido de convocação de Gurgel foi protocolado na CPI pelo senador Fernando Collor (PTB-AL), mas a tendência é que a CPI negocie que o procurador envie explicações por escrito.

O presidente do STF, Ayres Britto, disse ontem que a discussão sobre a convocação de Gurgel pode chegar à Corte. Isso aconteceria se, diante da negativa do procurador-geral de prestar declarações, um parlamentar apresentasse recurso.

- Eu não quero opinar sobre esse tema, porque ele tem um potencial de judicialização. Não vou dizer que é possível (a discussão chegar ao STF), mas tem potencial. Por isso, prefiro não falar - disse Ayres Britto.

FONTE: O GLOBO

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