quinta-feira, 21 de junho de 2012

O passado assombra:: Merval Pereira

A coincidência não deve agradar a Lula, mas dificilmente será possível dizer que se trata de mais um golpe dos reacionários contra o governo popular do PT. Aliás, o noticiário criminal envolvendo o PT indica que o partido há muito vem se metendo em enrascadas.

Às vésperas do julgamento do mensalão, desta vez a Justiça reavivou o escândalo dos aloprados, que na eleição de 2006 tentaram comprar um dossiê que supostamente continha denúncias contra o candidato do PSDB ao governo paulista, José Serra, o mesmo que hoje Lula tenta derrotar com o auxílio de Paulo Maluf, na disputa para a prefeitura de São Paulo.

Naquela ocasião, Serra venceu o candidato petista Aloizio Mercadante no primeiro turno. Um dia depois do escândalo provocado pela exibição despudorada de intimidade entre o ex-presidente e Maluf, um dos brasileiros relacionados na lista de alerta vermelho da Interpol dos criminosos mais procurados do mundo, a Justiça de Mato Grosso aceitou denúncia do Ministério Público Federal contra nove dos envolvidos.

Dois deles, Jorge Lorenzetti, petista de Santa Catarina que era também churrasqueiro extraoficial da Granja do Torto no primeiro governo Lula, e o advogado Gedimar Pereira Passos, que supervisionava a segurança do comitê da campanha de reeleição, eram ligados diretamente ao ex-presidente, que, no entanto, como sói acontecer, declarou desconhecer o assunto e ainda fez-se de indignado, classificando os membros do grupo de "aloprados".

Preso na Polícia Federal, Gedimar incluiu no grupo um segurança particular da primeira-dama Letícia Maria de nome Freud (que não se perca pelo nome) Godoy, que o teria chamado para avaliar se o tal dossiê continha mesmo fatos que comprometiam Serra. Freud acabou desaparecendo do noticiário, assim como uma coincidência reveladora: o ex-ministro José Dirceu (sempre ele), antes mesmo que fosse divulgado o conteúdo do dossiê, escreveu que as acusações seriam "a pá de cal na campanha do picolé de chuchu", como se referia ao candidato tucano à presidência Geraldo Alckmin.

Gedimar Passos, assessor da campanha de Lula, negociava a aquisição do dossiê com Valdebran Padilha, empresário filiado ao PT. A PF prendeu a dupla em flagrante com 1,7 milhão de reais que seria usado na compra do material forjado.

Expedito Veloso, outro dos envolvidos, denunciou meses mais tarde que o atual ministro da Educação, Aloizio Mercadante, e o ex-governador de São Paulo já falecido Orestes Quércia foram os mandantes. Mesmo que entre os acusados estivesse Hamilton Lacerda, então assessor de Mercadante, e que ele fosse o maior beneficiado, o candidato petista não foi arrolado como partícipe do golpe.

O centro da conspiração estava no "Núcleo de Informação e Inteligência" da campanha de reeleição de Lula, e quem chefiava a equipe de "analistas de informação" era o petista histórico Jorge Lorenzetti, ex-dirigente da CUT, enfermeiro de profissão, diretor financeiro do Banco do Estado de Santa Catarina e churrasqueiro do presidente nas horas vagas.

Lorenzetti chefiava Gedimar Pereira Passos na tarefa de contrainformação eleitoral, e foi nessa qualidade que teria sido enviado para analisar o dossiê contra os tucanos.

A descoberta do plano revelou a existência de uma equipe dentro da campanha de reeleição que se envolve em falcatruas variadas, uma maneira de atuar politicamente que vem das batalhas sindicais do ABC, as quais Lula conhece bem com que armas se disputam.

Esse mesmo esquema provocou uma crise no comitê da candidata Dilma Rousseff, quando foi descoberto que havia um grupo recrutado para fazer espionagem, inclusive o jornalista Amaury Ribeiro Filho que levou para o grupo o hoje nacionalmente conhecido Dadá, o grampeador oficial do esquema do bicheiro Carlinhos Cachoeira.

Os protagonistas do chamado escândalo dos aloprados responderão pelos crimes de lavagem de dinheiro e operação fraudulenta de câmbio.

Segundo a denúncia do Ministério Público, eles "se associaram subjetiva e objetivamente, de forma estável e permanente, para a prática de crimes contra o sistema financeiro nacional e de lavagem de dinheiro, que tinha por fim a desestabilização da campanha eleitoral de 2006 do governo de São Paulo".

O Ministério Público, embora as investigações tenham rastreado todo o caminho do dinheiro, não conseguiu definir sua origem, um dos grandes mistérios desse caso.

A fotografia da montanha de dinheiro apreendido acabou sendo divulgada às vésperas do primeiro turno da eleição presidencial, e os petistas atribuem ao impacto da imagem a ida da eleição para o segundo turno.

Passou despercebida, mas uma declaração do ex-ministro da Justiça de Lula, Márcio Thomaz Bastos, em entrevista recente na televisão a Monica Bergamo e ao cientista político Antonio Lavareda, admite claramente a existência do mensalão, ele que é advogado de um dos réus. Disse Thomaz Bastos a certa altura, falando sobre a corrupção do Brasil: "Vamos chegar a um ponto em que a democracia, por sua própria prática, vai resolver isso. Lembremos que, no início do século passado, na Câmara dos Comuns, no Reino Unido, havia um guichê onde os parlamentares recebiam o dinheiro, uma espécie de mensalão da época. O que não impediu que a Inglaterra se tornasse um país altamente democratizado. Isso dá a esperança de que, pela reiteração dos usos, possamos encontrar isso, um outro patamar de regime democrático".

O presidente do Supremo Tribunal Federal, Ayres Britto, parece enxergar longe. Em voto favorável à punição de Lula por propaganda antecipada, na campanha para eleger Dilma Rousseff, classificou de "antirrepublicano" projeto de poder que inclui eleger o sucessor: "Quem se empenha em fazer o seu sucessor, de ordinário, pensa em se tornar ele mesmo o sucessor de seu sucessor". Outro dia Lula admitiu que "se Dilma não quiser", ele se dispõe a ser candidato novamente...

FONTE: O GLOBO

Um comentário:

Jose da Mota disse...

* Leiam até as últimas linhas, diz respeito a Aécio Neves e PSDB de MG.
"Liberdade de Expressão Letal"
Em um outro comentário que fiz sobre a comissão da verdade tinha algo a ver com este seu artigo, melhor dizendo, com o do Merval, hum.., e com outros também.
Quem mais matou e torturou em guerras mundo adentro, foi a mídia direcionada à interesses de estrangeiros ou pessoais e até erros pessoais.
Quem mais destruiu sem razão reputações e dignidades no planeta, foi a mídia também por interesses de estrangeiros ou pessoais e até erros pessoais.
Parte 2: Uma pergunta eu faço à todos que escrevem, até à mim mesmo como um humilde comentarista de Blog.
Qual de nós, que escrevemos, trouxemos algo de concreto para o bem estar da humanidade? Qual de nós que de Lula falamos, bem ou mal, fomos capazes e ou tivemos coragem de enfrentar tudo e todos em benefício do próximo.
Que jornalista no mundo pode dizer que qualquer atitude política do Lula foi para seu benefício próprio?
Que homem teria coragem de enfrentar tudo e todos, só para o bem dos outros. Inclusive dos que lhe atacam. Por um teclado de terminal, o mal, julgando-no, o Lula, como se fosse um ser do seu time, igual, ele que é do mal, para denegrir sua imagem.
Parte 3: Digam a verdade que quiserem para diminuir sua imagem, desde que seja verdade. Como ele falar errado porque tem um vocabulário parco, falta de postura diplomática porque vem do povo, é um operário, semi-analfabeto porque ao invés de poder sentar-se em um banco de escola foi obrigado a trabalhar para se sustentar e outras limitações humanas, afinal ele é homem, erra.
Agora as palavras lhes dirigidas divulgadas em massa, via rádio, televisão, revistas, jornais e Internet são de guerra, sempre, mas que seriam comparadas a versos e prosas perto do que inimigos do Brasil fazem à outros povos menos favorecidos.
Parte 4: Usando armamento bélico para dizimá-los e quando não podem, criam gigantescos campos de concentração (de nações inteiras). Criando-lhes um isolamento para com o resto do mundo e impedindo que lhes cheguem o básico, por isso sobrevivem com comida de baixa qualidade, falta de estrutura médico hospitalar e escolar (conhecimento, saber), além da total falta de perpectivas de um futuro melhor.
Parte 5: São por estes gigantescos campos de concentração que tentam destruir o Lula com todo tipo de argumento, para conquistarem e escravizarem o Brasil e depois outros povos.
Incluo outros políticos nesta lista de bons políticos brasileiros também, alguns que já passaram para o lado de lá, outros aqui, sendo um deles, ainda como se fosse um peixe fora d´água porque não encontrou sua turma até hoje, anda mal acompanhado principalmente com alguns psdbistas paulistas, mas é unânime que é guerreiro à favor do povo quanto ao Lula, faltando-lhe sagacidade e malícia, o Aécio Neves.
Sobre esses homens paira a guarnição do Grande Arquiteto Universal e a outra força com eles, dança só e chicoteia ao vento.
José da Mota.