quinta-feira, 21 de junho de 2012

ONGs rejeitam documento da Rio+20; ONU cobra ambição

Milhares de manifestantes protestam no Centro contra resultados tímidos

O dia de ontem foi de levante da chamada sociedade civil contra os resultados tímidos do documento final da Rio+20. Diante de dezenas de chefes de Estado e governo no Riocentro, o libanês Waek Hamidan, da Rede de Ação Climática, anunciou que mais de mil instituições, entre ONGs e órgãos de pesquisa, estavam retirando suas assinaturas do documento. Os diplomatas ainda tentam mudar esse quadro e manter os nomes. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu mais ambição e foi categórico: "O recurso mais escasso de todos é o tempo. Não podemos mais nos dar ao luxo de adiar decisões." Na Avenida Rio Branco, milhares foram às ruas protestar.

O povo se levanta

Sociedade civil, com ONGs e institutos, pede retirada de mais de mil assinaturas do documento aprovado na Conferência. Secretário-geral da ONU diz que o tempo está escasso. Milhares vão às ruas

Eliane Oliveira, Fernanda Godoy e Liana Melo

Foi um discurso de apenas quatro minutos na plenária de abertura da Rio+20, mas que surpreendeu os chefes de Estado reunidos ontem no Riocentro. Num auditório decorado com bandeiras dos países signatários das Nações Unidas e lotado de presidentes, o libanês Waek Hamidan, da Rede de Ação Climática, expressou a insatisfação das organizações não governamentais (ONGs) com o documento final da conferência e pediu - em nome de mil entidades do terceiro setor e dos grupos da sociedade civil que participaram das discussões com os diplomatas nos chamados major groups - a retirada da frase "com participação plena da sociedade civil" do texto. Entre as ONGs estão Greenpeace, WWF, Conservação Internacional, SOS Mata Atlântica e Action Aid.

O pedido pode até não ser atendido ao fim do encontro, mas o fato é que a decisão dos representantes da sociedade civil tira legitimidade do documento e cria pressão adicional para reabrir as negociações.

- Se o texto for adotado amanhã (pelos chefes de Estado) da forma que ele foi entregue, isso significa que o futuro não está garantido para as próximas gerações - insistiu Hamidan.

Enquanto no Riocentro a sociedade civil pressionava para reabrir discussões, representantes da Cúpula dos Povos ficavam frente a frente com policiais do Batalhão de Choque, e milhares de manifestantes tomavam a Avenida Rio Branco. A insatisfação com o rumo da Conferência era o tom predominante.

Acabando de chegar da reunião do G-20 no México, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, foi ao Riocentro cobrar a ação de chefes de Estado e de governo:

- O recurso mais escasso de todos é o tempo. Não podemos mais nos dar ao luxo de adiar decisões - disse ele, acrescentando que o mundo continuou prosperando desde a Rio 92 às custas de uma exploração ambiental sem limites:

- O modelo antigo está falido. E a Rio+20 é a oportunidade para um novo modelo. A hora de agir é agora. Não podemos ter uma Rio+40 ou uma Rio+60.

FONTE: O GLOBO

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