sábado, 23 de junho de 2012

Paraguai cassa presidente em processo de apenas 36 horas

Lugo aceita resultado do julgamento relâmpago, mas se diz vítima de golpe; Dilma fala em sanções.

Fernando Lugo, ex-presidente do Paraguai: “Saio pela maior porta da pátria: O coração de meus compatriotas”

A nove meses de concluir seu mandato, o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, sofreu processo relâmpago de impeachment. Entre a abertura do julgamento e o discurso de Lugo reconhecendo sua destituição, passaram-se 36 horas. A votação no Senado para afastar Lugo - acusado de incompetência diante de conflito fundiário que resultou em 17 mortos - registrou 39 a 4. O ex-bispo se disse vítima de golpe, versão compartilhada por outros países sul-americanos, entre os quais o Brasil. Antes do desfecho, a presidente Dilma Rousseff sugerira que o Paraguai poderia sofrer sanções. O porta-voz do Itamaraty disse que Lugo foi vítima de “execução sumária”.

Senado paraguaio destitui Lugo

Ex-bispo deixa o poder a nove meses de completar mandato e se diz vítima de golpe Unasul alerta sobre sanções Manifestantes contrários ao processo tomam ruas de Assunção

Por 39 votos a favor e 4 contra, o Senado paraguaio aprovou ontem o impeachment do presidente Fernando Lugo. O processo sumário foi iniciado na Câmara dos Deputados na quinta-feira. Lugo foi destituído depois de seus advogados apresentarem a defesa por apenas duas horas.

A principal acusação contra o presidente deposto foi a de incompetência para impedir a morte de 17 pessoas - incluindo 6 policiais - num confronto entre sem-terra e agentes das forças de segurança no dia 15.

Tanto a motivação do processo - nenhuma investigação formal concluiu que Lugo tenha tido responsabilidade - quanto sua celeridade são tachadas como suspeitas pela missão de 12 chanceleres da Unasul, incluindo o brasileiro, Antonio Patriota. Antes da votação que resultou no impeachment de Lugo, a entidade ameaçava aplicar uma cláusula que prevê a suspensão de países-membros que se afastem das normas democráticas.

Enquanto a presidente brasileira, Dilma Rousseff - que na véspera teria detectado indícios de golpe de Estado no processo -, tendia agora a aguardar antes de se manifestar publicamente sobre o caso, Argentina, Equador, Venezuela e Bolívia disseram não reconhecer o novo governo.

Às portas da sede do Congresso em Assunção, dezenas milhares de partidários de Lugo acompanharam, tensos, a votação dos senadores. Houve confrontos. O novo presidente, Federico Franco, assumiu pedindo unidade.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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