sábado, 2 de junho de 2012

Pernambuco ganha Comissão da Verdade

Grupo trabalhará em casos como a morte do padre auxiliar de Dom Hélder Câmara

Letícia Lins

RECIFE. Instalada ontem pelo governador Eduardo Campos (PSB), a Comissão Estadual da Memória e da Verdade terá, entre outras atribuições, a investigação do assassinato do padre Antônio Henrique Pereira Neto, em 1969. Torturado e morto a tiros, o sacerdote foi jogado em um terreno baldio em um subúrbio de Recife. Na época, o sacerdote era auxiliar do então arcebispo Dom Hélder Câmara, conhecido como "Dom da Paz" e repudiado pelo regime, que o chamava de "bispo vermelho". O atual arcebispo da Arquidiocese de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, disse que pedirá o esclarecimento do homicídio.

- Dona Isaíras, que era uma dona de casa, resolveu estudar Direito, para descobrir os caminhos que a conduzissem à verdade desse lamentável fato - lembrou Dom Saburido, ao falar da mãe do sacerdote assassinado.

A Comissão tem nove membros, entre advogados, historiadores e professores. E, a exemplo da presidente Dilma Rousseff, o governador chamou os antecessores para participar da posse, mas apenas o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) aceitou. Todos os outros pertenceram a partidos que apoiaram o regime militar.

A equipe empossada também deverá investigar a execução de Soledad Viedma, assassinada junto com outros cinco militantes da esquerda em Recife. Soledad era namorada do marinheiro José Anselmo dos Santos, o Cabo Anselmo, agente da ditadura infiltrado entre os militantes. Ele é acusado de ter entregado Soledad ao grupo do delegado Sérgio Fleury. Além disso, há o caso do estudante Fernando Santa Cruz. No livro "Memórias de Uma Guerra Suja", o ex-delegado Sérgio Guerra informou que ele teria sido queimado no forno de uma usina no Rio de Janeiro.

FONTE: O GLOBO

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