terça-feira, 5 de junho de 2012

Solução foi diferente da usada no PanAmericano, de Silvio Santos

Na ocasião, outras empresas do apresentador foram dadas como garantia

Paulo Justus

SÃO PAULO . A intervenção do Banco Central no Cruzeiro do Sul mostra uma mudança da fórmula adotada pelo BC para resolver problemas semelhantes enfrentados pelo Banco PanAmericano, em novembro de 2010. Na ocasião, em vez de intervir no banco com dificuldades, o BC decidiu usar os recursos do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) para fechar um rombo patrimonial que chegou a R$ 4,3 bilhões em troca de recebíveis de R$ 450 milhões do banco BTG Pactual, que adquiriu o PanAmericano.

A falta de ativos que garantissem os recursos do FGC para sanear o banco foi o principal motivo para que o BC optasse pela intervenção no caso do Cruzeiro do Sul, de acordo com Luis Miguel Santacreu, analista de instituições financeiras da consultoria Austin Rating. Ele lembra que, no caso do PanAmericano, os ativos do Grupo Silvio Santos foram usados como garantia da operação - além do próprio banco, as quatro empresas do grupo entraram no negócio: Baú Financeira, Liderança Capitalização, Jequiti (da área de cosméticos) e SBT, avaliados em R$ 2,7 bilhões.

- Os bens do Silvio Santos viabilizaram a venda ao BTG - explica Santacreu.

O fato de o PanAmericano ter uma participação societária da Caixa Econômica Federal também ajuda a compreender a atuação do BC. Quatro meses antes do anúncio do rombo, o banco estatal havia adquirido uma fatia de 35,54% do capital do banco por R$ 739,2 milhões.

- O PanAmericano tinha muitas características diferentes, porque fazia muita cessão de crédito a outros bancos, o que não acontece com o Cruzeiro do Sul - diz Celso Antunes da Costa, diretor do FGC indicado para dirigir o banco no período do Regime de Administração Especial Temporária (Raet), que também participou da gestão do Panamericano período da crise, até ser vendido para o banco BTG Pactual.

Segundo o Banco Central, o PanAmericano fraudou seu balanço ao contabilizar em duplicidade as carteiras de crédito. Isso significa o banco vendia participações em suas carteiras de crédito, mas continuava contabilizando esses recursos como se ainda estivessem em seu poder.

No primeiro trimestre deste ano, pouco mais de um ano depois da concretização da venda ao BTG, o PanAmericano registrou um lucro de R$ 2,9 milhões, valor 96,2% menor que os R$ 76,2 milhões registrados no mesmo período do ano passado. Segundo Santacreu, da Austin Rating, a piora no desempenho se deve ao processo de reestruturação administrativa do banco, que inclui a demissão de pessoal e o próprio pagamento de recursos ao FGC.

FONTE: O GLOBO

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