sexta-feira, 15 de junho de 2012

Três centrais reagem a acordo de CUT e Força para ocupar secretaria

Fernando Exman

Manoel Messias: nomeação do secretário de relações de Trabalho da CUT foi decidida pelo ministro Brizola Neto

BRASÍLIA - A União Geral dos Trabalhadores (UGT), a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e a Nova Central Sindical dos Trabalhadores reagiram ontem à notícia de que um acordo entre a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Força Sindical deve definir a sucessão na chefia da Secretaria de Relações de Trabalho do Ministério do Trabalho. A nomeação de Manoel Messias, secretário de Relações de Trabalho da CUT, foi definida pelo ministro Brizola Neto nos últimos dias e aguarda o crivo da Casa Civil. As três entidades não fizeram objeções ao nome de Messias, o qual consideram um interlocutor respeitado no meio sindical. Mas se dizem "indignadas" por não terem participado das discussões sobre os rumos da Pasta.

Conforme publicado pelo Valor na terça-feira, um acerto feito entre a CUT, a Força Sindical e o ministro do Trabalho deve resultar na nomeação de Manoel Messias para o comando da Secretaria de Relações de Trabalho, função considerada estratégica para o governo acabar com o que sindicalistas e empresários chamam de "fábrica de sindicatos do Ministério do Trabalho". A Secretaria de Relações do Trabalho é responsável justamente pela concessão de permissões para a criação de entidades sindicais. Durante a gestão de Carlos Lupi (PDT), que deixou a Pasta em meio a denúncias de irregularidades, a secretaria ficou sob influência da Força Sindical. A primeira missão dada por Brizola Neto a Messias foi propor uma revisão do modelo de concessão de registros sindicais.

Procurado, Messias ponderou que sua nomeação recebeu o respaldo do PT. "Foi uma indicação de sindicalistas petistas que foram consultados pelo ministro", comentou, sublinhando que falava como cidadão, pois sua nomeação ainda não fora formalizada.

Messias disse ainda que a meta de Brizola Neto é dar um perfil pluralista ao ministério. Por isso, complementou, avisou aos dirigentes de todas as centrais sindicais que pretende chamá-los para conversar tão logo tome posse.

Mesmo assim, UGT, CTB e a Nova Central enviaram ontem uma carta a Brizola Neto e ao ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, manifestando "indignação". Para eles, o acordo loteia cargos estratégicos no Ministério do Trabalho. As centrais afirmaram ainda que causa surpresa o fato de a costura ter obtido eco no governo, tratando "a portas fechadas" e em ação "entre amigos" a ocupação de espaço público de interesse do conjunto do movimento sindical brasileiro.

"Este "acordo" agride a unidade das centrais sindicais. Não é admissível que as centrais que representam mais de 3.000 sindicatos de trabalhadores sejam alijadas do processo de indicação para os cargos estratégicos do MTE [Ministério do Trabalho e Emprego]. Entendemos que a forma escolhida não elimina a odiosa "fábrica de sindicatos" instalada no país", destacaram as três centrais sindicais.

A aproximação entre Brizola Neto e a CUT teve início quando o PDT ainda estava dividido em relação ao sucessor de Lupi no Ministério do Trabalho. Além de Brizola Neto, disputavam o cargo o secretário-geral do partido, Manoel Dias, e o deputado Vieira da Cunha (RS). Diante do impasse e insatisfeito com infidelidade da bancada do PDT na Câmara, o Palácio do Planalto incentivou Brizola Neto a buscar o apoio dos sindicalistas.

Messias já integrou o Conselho de Relações do Trabalho, órgão tripartite formado por representantes do governo, do empresariado e dos trabalhadores. Participou também da mesa de negociação sobre as condições de trabalho no setor da construção civil e nas negociações sobre a regulamentação do trabalho terceirizado.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

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