sexta-feira, 13 de julho de 2012

Em BH, campanha oporá Dilma e Aécio

Estratégias de PSDB e PT preveem ataques; grupo de petistas defende candidatura de Patrus

Amanda Almeida

BELO HORIZONTE . A transformação da disputa pela prefeitura de Belo Horizonte no primeiro round de um possível enfrentamento entre a presidente Dilma Rousseff (PT) e o senador Aécio Neves (PSDB) em 2014 não estava nos planos dos grupos ligados ao tucano e à petista. A avaliação é de que ambos acabaram perdendo uma situação confortável na capital mineira, em que, ao lado do prefeito Marcio Lacerda (PSB), concorreriam a uma reeleição sem grandes dificuldades, e se envolveram em um cenário de "tudo ou nada".

Os dois grupos vão tentar se descolar da nacionalização da campanha. Em coletiva na sexta-feira, Aécio disse que é um "equívoco" tratar a campanha como prévia de 2014. Apesar de ter pressionado Lacerda a não fazer chapa de vereadores com o PT, motivo da ruptura, o tucano não esperava que os petistas abandonassem a aliança. A intenção era diminuir a força do PT.

Aécio vai viajar pouco pelo país durante a campanha

Com a reviravolta em BH, Aécio já avisou a aliados que terá de reprogramar seu segundo semestre. A intenção dele era viajar mais pelo país, uma cobrança pública do presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, para se fortalecer como candidato. Agora, terá de participar mais ativamente da campanha de Lacerda.

A estratégia de campanha passará pela tentativa de vincular o PT a uma ambição pelo poder, explorando o rompimento por uma "simples" chapa de vereadores; mostrar que Dilma apoiou o prefeito por três anos e meio; e se desvincular de 2014.

- É um erro achar que eleição municipal tem influência direta na presidencial. O PT se equivoca ao nacionalizar a campanha - diz o presidente do PSDB em Minas, Marcus Pestana, que tem repetido em discursos e entrevistas que Dilma chamou Lacerda de "um dos melhores prefeitos do Brasil" e, sendo assim, o PT só teria mudado de lado porque perderia espaço na administração, sem a proporcional.

Lacerda anunciou seu secretário de Serviços Urbanos, Pier Senesi, como coordenador de campanha. Nos bastidores, Pestana, a irmã de Aécio, Andréa Neves, e o secretário de Governo do governador Antonio Anastasia (PSDB), Danilo de Castro, farão a articulação política. O publicitário Cacá Moreno, que cuida da publicidade da prefeitura, também está na equipe.

Petistas ligados a Dilma não apostavam na ruptura

O grupo mineiro ligado a Dilma também não esperava a ruptura. A avaliação era de que não seria interessante antecipar um debate que ocorrerá em 2014. Já a ala petista ligada ao ministro Fernando Pimentel acreditava que Lacerda voltasse atrás depois que o partido anunciasse a candidatura própria. Como não ocorreu, a expectativa era de intervenção do PSB nacional. Sem o recuo do PSB e irritados com o quadro, eles articularam em plano nacional, com o ex-presidente Lula, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, e Dilma, o lançamento de Patrus Ananias.

O discurso será atacar a credibilidade de Lacerda com o eleitorado, mostrando que ele rompeu um acordo, além de destacar sua semelhança a gestões tucanas e apontar programas sociais que perderam força em sua gestão. Na construção desse discurso, os petistas terão dificuldade, já que participaram de três anos e meio do governo de Lacerda. O publicitário João Santana tocará a campanha de Patrus.

FONTE: O GLOBO

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