quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Duda elogia Lula e Dirceu e culpa Delúbio por dinheiro no exterior

"Há que se reconhecer o gesto de um homem de Estado", diz advogado

Thiago Herdy

BRASÍLIA - Antônio Carlos Almeida Castro, advogado do publicitário Duda Mendonça e de sua auxiliar, Zilmar Fernandes, inovou no último dia de defesa dos réus do mensalão e fez um discurso essencialmente político no plenário do STF. Com direito a elogios ao ex-presidente Lula e ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e ataques ao ex-deputado Roberto Jefferson e à CPI dos Correios, Almeida Castro não se ateve à defesa de seus clientes.

Ele deixou esse papel para o seu colega de escritório Luciano Feldens. Este argumentou que Duda e Zilmar não tinham como conhecer a origem dos R$ 11,4 milhões recebidos por meio de Marcos Valério para pagar dívida da campanha de 2002, que consideravam lícita. Por isso, não haveria crime antecedente para justificar a acusação de lavagem de dinheiro contra seus clientes.

Almeida Castro atribuiu a si parte da responsabilidade pela escolha de "procuradores-gerais independentes" com a chegada de Lula ao poder, em vez de gente que trabalha "de forma cômoda", como disse.

- Pouco antes de tomar posse, já eleito, Lula comentou comigo: "Kakay, quem é que podemos colocar?" Eu disse a ele: "Se quiser fazer com que a Procuradoria tenha a independência que o Brasil merece, coloque o vascaíno Cláudio Fonteles. Depois, Antônio Fernandes (foi indicado), fez essa denúncia para mim descabida, mas, para muitos, uma denúncia que atingia o coração do governo. E o que fez o presidente Lula? Reconduziu Antônio Fernandes, e ele não tinha essa obrigação. Há que se reconhecer um gesto de homem de Estado -disse o advogado.

Em sustentação mais técnica, Feldens alegou que Zilmar não poderia ser acusada de tentar esconder o pagamento da dívida do PT por meio de Valério porque ela foi pessoalmente ao banco e assinou recibo. Segundo o defensor, o crédito era lícito e o dinheiro usado para pagá-lo também, no entendimento de seus clientes.

Feldens argumentou que o pagamento teria sido realizado no exterior por decisão de Delúbio Soares, tesoureiro do PT, e não de Duda ou Zilmar:

- O trabalho já havia sido prestado. Qual era o poder intimidatório de Duda? Por que motivo Duda imporia recebimento na conta no exterior. Isso não seria cobrança do devedor?

Feldens admitiu que Duda não declarou os ganhos, mas já pagou multa de R$ 4 milhões à Receita Federal.

- Tem uma irregularidade sim, mas não é lavagem de dinheiro - disse o advogado.

FONTE: O GLOBO

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