sábado, 11 de agosto de 2012

Em MG, Dilma veta candidatos no palanque e não fala de eleição

Petistas cobram participação maior da presidente em campanhas pelo país

Amanda Almeida, Maria Lima e Fernanda Krakovics

PARDO DE MINAS e brasília Disposta a evitar problemas com a Justiça eleitoral e disputas por seu apoio entre aliados, a presidente Dilma Rousseff adotou estratégias em suas viagens pelo país para evitar que candidatos surfem em sua popularidade. Ao passar por Minas, ontem, ela mandou precursores avisarem que não queria campanha no Aeroporto de Salinas, onde desembarcou antes de seguir para Rio Pardo de Minas. Lá, discursou num palanque composto praticamente por ministros e técnicos da prefeitura.

Candidatos a prefeito e a vereador no Norte de Minas tiveram de manter distância do terminal aéreo e do evento em que Dilma anunciou a ampliação do programa Brasil Sorridente, que oferece tratamento bucal. Ninguém foi convidado a subir ao palco montado em Rio Pardo ou recebeu elogios em tom eleitoreiro. Postura distinta à do antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), multado várias vezes por fazer campanha antecipada.

- Veio uma pessoa da Presidência e avisou que candidatos não deveriam recebê-la no aeroporto. Eu não fui porque sou candidato a vereador. O PT pôde montar uma comissão de cinco pessoas para cumprimentá-la, desde que não incluíssem candidatos - relata o presidente do PT no município, Milton Reis.

O PT tem candidato próprio à prefeitura de Salinas e disputará com uma concorrente do PSB, partido aliado de Dilma no plano nacional. Para evitar a briga por fotos com a presidente, os dois foram proibidos de passar pelo aeroporto.

- Nós não queríamos fazer campanha. Mas tinha gente que queria se aproveitar... Então, conversaram conosco avisando sobre os problemas com a Justiça eleitoral, e candidatos ficaram do lado de fora - relata o prefeito de Salinas, José Antônio Prates (PTB).

De Salinas, a presidente foi de helicóptero para Rio Pardo de Minas. No município de quase 30 mil habitantes, as restrições a candidatos continuaram. Um dos fatores que levaram Rio Pardo a ser escolhida para o evento foi a impossibilidade do atual prefeito disputar uma reeleição. Antônio Alves (PRTB), o Tonão do Posto, teve de vetar do evento o candidato que apoia:

- Ele nem participou do evento. Houve um trato para que não tivesse uso eleitoral. Até os deputados tiveram que ficar distantes do palco. Para o palanque, foram convidados o governador Antonio Anastasia (PSDB), quatro técnicos da prefeitura, o prefeito e a esposa, e os ministros Alexandre Padilha, Gilberto Carvalho, Helena Chagas, Fernando Pimentel e Tereza Campello.

Em Brasília, Dilma, alegando cautela para não criar problemas com aliados, já avisou ao presidente do PT, Rui Falcão, que só participará de campanhas onde sua presença fizer diferença nas disputas mais acirradas, como Belo Horizonte. Ou seja, candidatos sem chances de vitória e que estão disputando apenas por questões partidárias não contarão com Dilma no palanque.

Mesmo com a pressão dos petistas, Dilma, à exceção da capital mineira - onde Patrus Ananias (PT) tem 27% das intenções de votos, contra 44.4% do atual prefeito Márcio Lacerda (PSB) -, vai analisar a participação direta em outros palanques em setembro, quando o quadro estiver mais definido. O discurso é que ela vai se comportar primeiro como presidente, só em segundo lugar, como integrante do PT. Para esse papel, o partido tem Lula. A preocupação é não criar problemas para o governo.

Aos candidatos, Rui Falcão informou que Dilma pode entrar nas campanhas ainda no primeiro turno, mas não se sabe ainda como, onde ou quando. Nos bastidores do PT, há muitos insatisfeitos, mas a ordem é evitar críticas.

- Não estou correndo desesperado atrás do apoio de Lula ou Dilma. Eu tenho história e aqui não votam porque estou pendurado neles. Lógico que eles têm uma simbologia, mas não posso ficar pendurado em quem quer que seja - afirmou ontem o candidato do PT em Recife, senador Humberto Costa.

Os candidatos do PT e coligados, por enquanto, terão que se contentar com uma foto de Dilma com o ex-presidente Lula que foi disponibilizada no site do partido.

FONTE: O GLOBO

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