domingo, 26 de agosto de 2012

Em S. Paulo, PSDB e PT ignoram adversários ao duelar na TV

Campos tucano-kassabista e petista reeditam polarização da campanha de 2008 e nem sequer mencionam Russomanno, um dos líderes nas pesquisas

Julia Duailibi, Fernando Gallo

Enquanto a estratégia eleitoral nas ruas de São Paulo reflete a disputa pela liderança nas pesquisas de opinião entre Celso Russomanno (PRB) e José Serra (PSDB), o horário eleitoral gratuito reedita a polarização de 2008, com o campo tucano-kassabista e o PT como maiores protagonistas.

Na última eleição municipal, Marta Suplicy (PT), candidata de oposição ao governo paulistano de Gilberto Kassab, que estava no DEM, estreou o programa eleitoral na TV com uma declaração do então presidente Lula.

A ideia era reforçar a parceria com o governo federal numa eventual segunda gestão da petista, além de tentar se beneficiar dos altos índices de popularidade do presidente à época. "Temos afinidade. E juntos faremos muita coisa", disse o petista logo no primeiro programa.

No campo governista, Kassab, que tentava a reeleição com apoio da ala serrista no PSDB, deu exemplos de obras que foram paradas na administração de Marta (2001-2004). Citou a ponte Estaiada e o Expresso Tiradentes. "Era um esqueleto abandonado quando Serra e eu assumimos", disse Kassab, sobre o Hospital Cidade Tiradentes.

Na semana passada, o horário eleitoral gratuito estreou com o mesmo roteiro. Do lado tucano-kassabista, o programa de Serra criticou as "obras paradas" de Marta e o modo petista de governar. "A gente lembra das escolas de lata, dos postos sem remédio e dos coqueiros do PT. Os cofres todos sem dinheiro, só passaram oito anos, não dá para esquecer", disse o programa no rádio.

No programa do PT, assim como em 2008, Lula apareceu para declarar apoio ao candidato, dessa vez Fernando Haddad. O petista não esperou nem a segunda semana para tentar atingir o calcanhar de aquiles de Serra: a renúncia da Prefeitura em 2006 para disputar o governo estadual.

"São Paulo cansou de prefeitos de meio expediente e de meio mandato", disse. "Não vou usar a Prefeitura como trampolim", afirmou o petista.

Donos dos maiores tempo de propaganda na TV - mais de sete minutos cada -, PT e PSDB pretendem deixar, pelo menos por enquanto, Russomanno e seus dois minutos de programa como coadjuvante do "Fla-Flu".

O Estado conversou com integrantes das campanhas petista e tucana nas áreas de marketing e política. O PSDB acompanhou o desempenho do programa na TV com grupo de 50 pessoas, subdividido depois em dois de oito eleitores. O partido quer aumentar a rejeição ao PT e carimbar Haddad como o candidato do "modo petista de governar", numa referência a pontos fracos da gestão Marta. Embora analisem com cautela o desempenho de Russomanno nas pesquisas, a estreia na TV foi considerada ruim e a avaliação é a de que ele tende a perder musculatura eleitoral.

No lado petista, trackings (pesquisas feitas por telefone) feitos depois dos programas na TV mostraram inserção de Haddad entre os eleitores de Russomanno. Nessa semana, o programa abordará a biografia e voltará ao projeto do bilhete único mensal.

A campanha de Haddad, chamado até por petistas de "menino Nextel" - em referência ao comercial da empresa de telefonia que tem modelo parecido com o do petista, que anda e conversa com a câmera -, ignorará Russomanno e insistirá na polarização, apresentando o petista como "o" candidato de oposição.

Ao avaliar os adversários, petistas e tucanos apontam o programa do candidato do PMDB, Gabriel Chalita, como competente. Ironicamente, ele se lançou com o mote de "acabar com a picuinha" entre PT e PSDB.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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