segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Petistas podem ajudar a sustentar defesa de Dirceu

BRASÍLIA - O ex-deputado José Genoino e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares de Castro vão ajudar a sustentar a defesa do ex-ministro José Dirceu hoje, quando o STF (Supremo Tribunal Federal) começar a ouvir os argumentos dos réus do mensalão, se reafirmarem as versões que mantêm desde o início do processo criminal.

Genoino presidia o PT e Delúbio administrava as finanças do partido quando o escândalo do mensalão veio à tona, há sete anos. Ambos sustentaram desde então que agiam sem prestar contas a Dirceu, que a Procuradoria-Geral da República aponta como o principal responsável pela montagem do mensalão.

A partir de hoje, os advogados dos 38 réus do mensalão terão uma hora cada um para defendê-los no plenário do STF. O tribunal espera concluir esta fase do julgamento na próxima semana.

O primeiro a falar será o advogado de Dirceu, José Luís Oliveira Lima. Depois, será a vez de Luiz Fernando Pacheco, que defende José Genoino, e Arnaldo Malheiros Filho, o advogado de Delúbio.

Dirceu afirma que se afastou da administração do PT quando virou ministro e não sabia nada sobre os empréstimos que alimentaram o mensalão e os pagamentos feitos aos partidos que apoiavam o governo no Congresso.

O ex-deputado Roberto Jefferson, que também é réu no processo, disse em seus depoimentos que todos os acordos negociados pelos partidos aliados com Genoino e Delúbio precisavam ser homologados por Dirceu depois.

E o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, apontado pela Procuradoria como o operador do mensalão, disse ter sido informado por Delúbio de que Dirceu sabia dos empréstimos que ajudaram a financiar o esquema.

Genoino assinou os contratos que viabilizaram alguns desses empréstimos, mas alega que fez isso apenas por obrigação formal. Segundo ele, quem cuidava de dinheiro no partido era Delúbio.

O ex-tesoureiro assumiu a responsabilidade pela montagem do esquema com Marcos Valério e disse em seus depoimentos que tinha autonomia para fazer isso sem discutir detalhes com o partido.

Caixa dois

O advogado de Delúbio também deverá reafirmar hoje o ponto central de sua defesa. De acordo com Delúbio, o objetivo do esquema era pagar dívidas contraídas em campanhas eleitorais, e não comprar votos no Congresso.

Delúbio também assumiu sozinho a responsabilidade pela negociação dos empréstimos que alimentaram o esquema e pela indicação dos políticos que receberam pagamentos de Marcos Valério.

Ao dizer que era tudo apenas caixa dois de campanha, Delúbio confessa ter cometido uma infração à legislação eleitoral e tenta se livrar da acusação de ter praticado corrupção ativa, um crime mais grave, pelo qual será julgado.

Em sua defesa, Delúbio afirma que, depois das eleições presidenciais de 2002, o diretório nacional do PT se reuniu para discutir dívidas estimadas em R$ 60 milhões e orientou-o a procurar uma solução para o problema.

Ele diz que encontrou a saída com Marcos Valério sem jamais pedir opinião de ninguém na cúpula partidária sobre o que estava fazendo, nem mesmo a Dirceu, que o levou para a direção do PT nos anos 90.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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