sábado, 1 de setembro de 2012

Analistas reduzem a até 1,3% projeções para o PIB este ano

Para 2013, cenário internacional preocupa. Previsões chegam a 4,5%

Lino Rodrigues, João Sorima, Paulo Justus e Cássia Almeida

E O PIBINHO NÃO REAGE...

SÃO PAULO e RIO Os números decepcionantes do PIB estão provocando uma chuva de revisões para o desempenho da economia este ano. As novas projeções variam de 1,3% a 1,8%, ante estimativas que iam de 1,5% a 1,9%.

Em relatório divulgado logo depois do anúncio do IBGE, a Austin Rating informava que, em função da "letargia" do primeiro semestre, rebaixou sua previsão de expansão do PIB de 1,9% para 1,7%. Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú Unibanco, avisou em seu relatório que o banco também fará um pequeno ajuste, para baixo, em sua previsão de crescimento da economia, atualmente de 1,9% em 2012. A expectativa do Itaú Unibanco era que o PIB crescesse 0,5% no segundo trimestre.

A MB Associados, por sua vez, refez as contas e, agora, aposta num crescimento de 1,3%, abaixo dos 1,5% previstos antes da divulgação dos números das contas nacionais. A Fundação Getulio Vargas também reviu de 1,8% para 1,3%. E a LCA Consultores está prevendo 1,5% contra 1,7% anteriormente. Para a LCA, o consumo das famílias veio aquém do esperado, o que levaria a projeção do PIB para 1,3%. No entanto, as medidas adotadas pelo governo, como a isenção do IPI para automóveis, devem impulsionar a economia. Daí a taxa maior.

A Consultoria Tendências foi uma das poucas a acertar que a economia cresceria 0,4% no segundo trimestre do ano. Por isso, manteve as projeções de alta de 1,6% para o PIB este ano, e de 3,8% em 2013.

- Tivemos dois trimestres seguidos de crescimento praticamente estagnado, sendo que o segundo, apesar de mais favorável, não foi nem um pouco surpreendente - disse Rafael Bacciotti, analista da Tendências.

Para o banco ABC, o resultado de 0,4% no PIB não foi bom, mas também não é uma catástrofe. Mesmo assim, a instituição acabou revendo para baixo suas previsões, de 1,6%, com viés de alta, para 1,5%, com viés de baixa. A corretora Cruzeiro do Sul também reduziu sua projeção para o crescimento do PIB neste ano, de 1,78% para 1,6%.

A consultoria Pezco projeta alta entre 1,6% e 1,8% para o PIB este ano, como reflexo principalmente do fraco desempenho da indústria e dos investimentos. Para Ulisses Ruiz de Gamboa, sócio da Pezco, as medidas de estímulo dadas ao setor produtivo, como a redução do IPI e a desoneração da folha de pagamento, foram pontuais e não serão suficientes para que a indústria termine o ano no azul.

- O mais provável é que haja uma queda na atividade industrial, por causa das sucessivas quedas da produção e da defasagem do efeito dos estímulos monetários, que devem começar a aparecer no terceiro ou quarto trimestre - afirma Gamboa.

Eleições nos EUA são determinantes

Nem mesmo a venda recorde de mais de 400 mil automóveis esperada para agosto deve reverter a performance da indústria no ano, de acordo com Gamboa. Segundo ele, o recorde vendas mensais de carros se deveu principalmente à expectativa dos consumidores de que o IPI reduzido não seria prorrogado.

- É um efeito pontual e também não é novidade. O mais provável é que se mantenha o resto do ano o IPI reduzido.

Embora o ministro Guido Mantega tenha se mostrado mais otimista em relação ao crescimento da economia em 2013, citando as projeções de mercado entre 4% e 4,5%, para alguns analistas o desempenho do PIB no próximo ano ainda vai depender da conjuntura externa. Além da crise europeia, que contribuiu para a desaceleração do PIB no primeiro semestre, a situação dos Estados Unidos preocupa. O país está próximo do "abismo fiscal", com uma série de aumentos de impostos e cortes de gastos governamentais programados para 2013, o que pode levar a um novo ciclo de recessão da economia mundial, na opinião do analista da consultoria Inter.B, Claudio Frischtak.

- Se o abismo fiscal não for removido pelo Congresso americano, irá abortar a recuperação do país. O resultado das eleições presidenciais vai ser determinante para essa questão, uma vez que o Partido Republicano é favorável ao corte de gastos do governo - diz Frischtak.

Por esse motivo, a projeção da Inter.B para o desempenho da economia brasileira em 2013 varia de 3% a 4%, a depender do cenário internacional. Caso cheguem novos choques de EUA, Europa e emergentes como China, o país crescerá menos. Do contrário, deve crescer 4%. Já a Austin Rating espera avanço de 3,7% da economia ano que vem e o banco WestLb, 4,4%. O Itaú Unibanco, por sua vez, prevê expansão de 4,5% em 2013 e a Tendências, de 3,8%

FONTE: O GLOBO

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