quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Dilma apressou escolha de Teori Zavascki para diminuir pressão do PT

Adiamento não incomoda ao Planalto

Júnia Gama

BRASÍLIA -  Na conversa que teve com Teori Zavascki para convidá-lo ao Supremo Tribunal Federal (STF), a presidente Dilma Rousseff acertou com o ministro que ele não votaria na parte principal do julgamento do mensalão e tampouco participaria do cálculo das penas. De acordo com assessores do Palácio do Planalto, a pressa da presidente foi para indicar logo o ministro e esvaziar pressões políticas, principalmente vindas do PT, que pretendia emplacar um nome simpático aos réus do mensalão na vaga deixada por Cezar Peluso.

Com a diminuição da pressão desde que Zavascki foi indicado, a avaliação no governo é de que não há pressa para que ele assuma sua cadeira no STF. Por esse motivo, o governo não se incomodou ontem com o adiamento do fim da sabatina para depois das eleições.

Segundo pessoas próximas à presidente, Dilma e Zavascki concordaram que a abstenção no julgamento seria necessária para blindá-la de acusações de que teria colocado o ministro no Supremo com o objetivo de interferir no resultado. O acordo não impediria, no entanto, que Zavascki participe de deliberações sobre recursos ou embargos, na parte final do processo. Para isso, avalia o Planalto, não há problema.

A fala do ministro na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), ontem, foi interpretada por assessores do Planalto como uma maneira de deixar aberta a possibilidade de participar no futuro, mas sinalizando que, sem ter acompanhado o relatório e os debates, o correto seria não deliberar neste momento no processo que analisa as acusações contra 37 réus.

Na base de apoio ao governo, prevaleceu o corpo mole para levar adiante a sabatina de Zavascki. Desde a manhã de ontem, o clima era de pouca pressa, como resumiu um cacique peemedebista:

- Realmente, a indicação de Zavascki foi muito rápida, diferentemente da de outros ministros, que levaram alguns meses para serem escolhidos. Mas também não vejo urgência dele ser nomeado já. Isso pode ficar para depois das eleições municipais.

O próprio líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), mostrou pouca disposição em brigar para que a sabatina fosse concluída ainda ontem.

- Se a CCJ não terminar a sabatina e votar até as 16h, não deve ir para plenário hoje (ontem). Mas não creio que isso seja um problema - disse, pouco antes das 14h.

Quem aproveitou para tentar ganhar pontos com o governo foi o senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Segundo pessoas próximas ao parlamentar, ele teria se engajado pessoalmente para que, em tempos de recesso branco, fosse ao menos iniciada a análise da indicação de Zavascki pelo Senado. O gesto do senador, que também se comprometeu a aprovar a medida provisória da energia elétrica, seria mais uma maneira de angariar o apoio do Planalto para sua candidatura para a presidência do Senado, no ano que vem.

Fonte: O Globo

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