quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Eleições e futurologia - Fernando Rodrigues


O mais divertido das eleições são os vaticínios peremptórios sobre seus efeitos futuros. Há vários e para todos os gostos.

O PT está predestinado a ganhar o governo de São Paulo em 2014. O PSDB afundou-se em crise irreversível. Eduardo Campos será candidato a presidente em 2014 ou 2018, pois o PSB é um dos grandes vencedores neste ano. O DEM está no fim, mesmo com a conquista de ACM Neto em Salvador. E Gilberto Kassab e seu PSD serão eternamente governistas.

Tudo isso pode estar certo. Ou não. Ninguém sabe. Não existe um algoritmo capaz de processar o resultado eleitoral e calcular com precisão o que ocorrerá daqui a dois anos.

O que há são dados objetivos do presente. Desde o final da ditadura militar, nunca um presidente da República viu durante seu mandato alguém do seu partido ser eleito prefeito de São Paulo. Dilma é uma exceção: ela e Fernando Haddad são do PT. Mas qual é o significado dessa curiosidade? Saberemos no futuro.

No final de 1987, só um maluco diria que dois anos depois Fernando Collor seria o primeiro presidente da República eleito pelo voto direto na nova fase democrática do país.

Em 1993, Fernando Henrique Cardoso fazia as contas sobre como se eleger deputado federal em 1994.

Em março de 1994, Luiz Inácio Lula da Silva liderava todas as pesquisas de opinião. Estava quase eleito presidente. No meio do ano, veio o Plano Real. FHC venceu em outubro.

No ano 2000, o PT analisava nomes para lançar a presidente em 2002. Lula estava desgastado. José Genoino e Cristovam Buarque eram as possibilidades mais citadas. Em 2008, Dilma era apenas uma aposta excêntrica de Lula para sucedê-lo.

É claro que as urnas em 2012 produziram vencedores e perdedores. Lula, o PT e o PSB saíram bem na foto. Todos os outros, com algumas variações, enfrentaram derrotas.

Mas nada garante que daqui a dois anos o cenário se repita. Ou não.

Fonte: Folha de S. Paulo

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