segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Na semana da eleição, Supremo julga Dirceu, Genoino e Delúbio


Antiga cúpula do PT em julgamento

Relator deve começar a ler o voto hoje

O cenário que o PT temia se confirmou.

Guilherme Mazui

BRASÍLIA - Na semana derradeira da corrida eleitoral, o julgamento do mensalão chega a José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares, trio que, segundo a denúncia, teria liderado o esquema de compra de apoio político durante o primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Com as condenações no retrovisor, a sigla traçou uma estratégia de "redução de danos". Até o próximo domingo, data das eleições municipais, a ordem é fazer o possível para tirar o mensalão do debate político, principalmente em São Paulo, onde o alto clero do partido concentra as forças na tentativa de levar Fernando Haddad para o segundo turno da disputa pela prefeitura.

Até o momento, o julgamento tem se mostrado catastrófico para o partido, empenhado desde 2005 em negar a existência do esquema, contramão do que indicou o Supremo Tribunal Federal (STF). A Corte ratificou o desvio de recursos públicos, lavados por empréstimos fraudulentos, para cooptação de deputados. Pavimentou o caminho para condenar quem teria subornado os parlamentares. No caso, Genoino, Delúbio e, provavelmente, o ex-ministro José Dirceu.

Relator do processo, Joaquim Barbosa deve começar a votar sobre os réus petistas na metade final da sessão de hoje. Antes, apesar de o colegiado já ter indicado a culpa dos deputados que aceitaram propina, ainda faltam os votos dos ministros Marco Aurélio Mello, Celso de Mello e Ayres Britto. Caso falte tempo, Barbosa retoma a palavra na quarta-feira, penúltimo dia da propaganda eleitoral na TV.

– Seria ótimo, já que os adversários teriam pouco tempo para explorar o assunto – avalia um assessor do PT.

Mesmo com desgaste de imagem, a executiva nacional do PT acredita que o reflexo do julgamento acaba reduzido pelo caráter paroquial das eleições municipais. No entanto, a entrada de Lula na discussão indica o contrário. Na quinta-feira passada, em ato da campanha de Haddad, o ex-presidente falou pela primeira vez no mensalão. Em vez de negar o esquema, puxou o discurso para o combate à corrupção e aproveitou para atacar o PSDB.

– Não tem que ficar com vergonha. No nosso governo, as pessoas são julgadas e as coisas apuradas. No deles, tripudiam – afirmou.

Lula ofereceu argumento à militância petista, em resposta aos ataques que os adversários farão até domingo, como avalia um interlocutor do partido:

– O partido acredita na força da militância. Se a militância se abalar, o PT fica em situação delicada.

Fonte: Zero Hora (RS)

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