sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Oposição a presidente lidera disputa em Vitória

Chico Santos

VITÓRIA - Uma das menores capitais brasileiras, com apenas 327,8 mil habitantes, mas com a maior renda per capita entre todas elas (R$ 61,79 mil em 2009, último dado do IBGE), Vitória, capital do Espírito Santo, caminha para um segundo turno da eleição municipal a ser disputado entre dois candidatos nascidos do campo de influência do ex-governador Paulo Hartung (PMDB), que governou a cidade de 1993 a 1996 e o Estado entre 2003 a 2010.

Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB) e Luciano Rezende (PPS) são os dois nomes mais cotados nas pesquisas, egressos de partidos que fazem oposição a presidente Dilma Rousseff. O cientista político André Pereira, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), enxerga na disputa da capital e de outros municípios a prévia de uma possível disputa entre Hartung e o governador Renato Casagrande (PSB) pelo governo do Estado em 2014. Em terceiro nas pesquisas aparece a candidata do PT, Iriny Lopes, cuja candidatura não decolou, entre outros fatores, segundo especialistas, por carregar o peso de uma gestão petista, do prefeito João Coser, que chega ao fim mal avaliada pela população.

Vitória tem seis candidatos a prefeito. O tucano Vellozo Lucas, que foi duas vezes prefeito da capital capixaba (1997 a 2004), deputado federal de 2007 a 2010 e coordenador da campanha presidencial de José Serra (PSDB) em 2002, lidera as últimas pesquisas com 43% no Ibope (22/09) e 36% no local Instituto Futura (30/09).

O ex-campeão de remo Luciano Rezende, deputado estadual, aparece com 22% no Ibope e com 27,2% no Futura. Ele foi secretário de Educação e de Saúde durante a gestão do tucano na prefeitura e depois secretário de Esportes de Hartung no governo do Estado. Em 2008, apoiado por Vellozo Lucas, perdeu a disputa pela prefeitura para o prefeito Coser, obtendo 31,7% dos votos, contra 65% do petista.

Visto como um candidato das camadas médias da sociedade capixaba, Rezende aliou-se ao PR, liderado no Estado pelo senador Magno Malta. Segundo Pereira, da Ufes, foi o caminho encontrado para atrair votos das camadas mais pobres de Vitória, espaço onde o tucano, embora também identificado com os setores médios, já possui seu espaço devido a um programa bem sucedido de urbanização de favelas.

Embora formalmente o governador Casagrande tenha ficado neutro na disputa, Pereira e outros analistas veem simpatia do governador pela candidatura do PPS, ainda que seu partido, o PSB, esteja aliado ao PT, e indicou o candidato a vice na chapa da petista Iriny. Em Vitória e em várias cidades, como Vila Velha, a maior do Estado, Casagrande está em campo oposto ao de Hartung, abrindo espaço para as especulações de que estão demarcando posições, embora seus aliados neguem.

Hartung quase foi candidato em Vitória. Casagrande defendia sua candidatura, mas com sua desistência "incentivou" a aliança de Rezende com o PR para aumentar o tempo de televisão. Mas o governador disse que pessoalmente não fez campanha para ninguém, embora tenha aparecido ao lado de candidatos pelo Estado e sua foto tenha sido também usada na campanha. Ele afirmou que segue aliado de Hartung e que não há nenhum "tensionamento" entre eles.

Ao Valor, Rezende disse que "Vitória quer mudança", posicionando-se como um nome novo na disputa. Vellozo Lucas contou na reta final com o auxílio do senador Aécio Neves (PSDB-MG), um dos principais postulantes à indicação do seu partido à candidatura presidencial em 2014. O candidato tucano, que chegou a ser considerado provável eleito no primeiro turno, admitiu ao Valor que deverá haver segundo turno.

A petista Iriny, ex-ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, ainda alimenta esperança de chegar ao segundo turno e ontem, quando todos se preparavam para o último debate na TV, estava fazendo campanha nas ruas da capital. Ela admitiu que o desgaste de o PT estar na prefeitura há oito anos, mesmo com muitos acertos, é uma das razões da sua má posição nas pesquisas, mas não a principal. Ela acha que houve demora na definição da candidatura e que por estar no terceiro mandato de deputado federal, está há muito tempo "fisicamente" fora da cidade.

Fonte: Valor Econômico

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