quinta-feira, 29 de novembro de 2012

A exceção e a regra – Urbano Patto

Depois de sete longos anos o processo do mensalão está se encerrando. Em termos, porque ainda virão uma profusão de recursos.

Nem bem assenta a poeira deste, novos escândalos surgem e mais uma vez não são com personagens, desculpem o trocadilho, de importância marginal no governo. São a chefe do gabinete do escritório da presidência em São Paulo, o braço direito do Advogado Geral da União, diretores de Agências Reguladoras, com menção, assim meio de passagem de velhos conhecidos da Justiça, José Dirceu, Valdemar da Costa Neto e o ex-senador Gilberto Miranda.

Por mais benevolentes que queiramos ser fica difícil isentar a presidente Dilma
de responsabilidade nessas ocorrências, não é admissível que haja tamanho desconhecimento da história e da prática de seus indicados para cargos de confiança e para as agências reguladoras. Se ainda fosse um caso ou outro, exceções, cuja descoberta, denúncia e medidas saneadoras se dessem a partir da própria hierarquia funcional, vá lá.

Mas a regra é que a denúncia é da imprensa, da polícia ou do Ministério Público, geralmente a partir das informações de um participante do "esquema" ou cúmplice descontente com alguma coisa.

É regra também os envolvidos serem peixes graúdos, Ministro da Casa Civil, Ministro dos Transportes, diretor do DNIT, Ministro do Esporte, Ministro do Turismo, Ministro de Articulação Institucional, Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e agora, chefe de gabinete de escritório da presidência, Advogado Geral Adjunto, diretores da Antaq, da Anac e da Ana. Nenhum deles mequetrefe.

É regra também que as medidas administrativas e punitivas por parte da cúpula do governo fiquem restritas a demissões e vagas admoestações políticas, restando ao Ministério Publico e depois à Justiça, de moto próprio, a tomada de medidas mais sérias, quando há.

Permanecendo dessa mesma forma e com os mesmos critérios de composição e indicações para os cargos dirigentes do governo podemos ficar certos de que essas regras continuarão a vigorar e novos "esquemas" serão engendrados.

Talvez os operadores das falcatruas fiquem mais escolados e refinados, mas a esperança é que nesse meio de pilantras sem limites, sem remorsos e com ambição desmedida também é regra que sempre haverá descontentes para dar com a língua nos dentes, já que de cima ninguém vê nada e quando sabem, choram lágrimas de crocodilo e sem dizem esfaqueados pelas costas. Coitadinhos.

Urbano Patto é Arquiteto-Urbanista, Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional, Secretário do Partido Popular Socialista - PPS - de Taubaté e membro Conselho Fiscal do PPS do Estado de São Paulo. Comentários, sugestões e críticas para urbanopatto@hotmail.com

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