quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Conta da Light sobe o dobro da inflação

Enquanto a redução não vem... conta da Light vai subir 12,27%

Reajuste é mais do dobro da inflação do período e considera alta de custos

Mônica Tavares

BRASÍLIA e RIO - A conta de luz dos consumidores da Light vai ficar em média 12,27% mais cara a partir de hoje. O aumento anual foi autorizado ontem pela diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e representa mais do dobro da inflação do período (5,56%). Os clientes residenciais (baixa tensão), que representam mais de 90% do universo de clientes da empresa, terão reajuste de 11,85%. O aumento para os consumidores de alta tensão (indústrias e shoppings) chegará a 13,20%.

No ano passado, o aumento autorizado para as residências foi de 8,04%. Já o reajuste dos consumidores de alta tensão chegou a 7,36%.

Segundo informação da Aneel, esse aumento está previsto no contrato de concessão e nada tem a ver com a previsão de redução da tarifa anunciada pelo governo em setembro. Nesse caso, a conta de luz poderia ficar em média 20% mais barata a partir de fevereiro de 2013, "quando a Agência realizará uma revisão extraordinária para todas as distribuidoras".

A Light presta serviço para 3,6 milhões de unidades consumidoras em 31 municípios da região metropolitana do Rio, incluindo a capital. Ela atende quase 7% do mercado de consumo total de energia do Brasil.

Mas do total da conta de luz da Light, segundo especialistas e também os diretores da Aneel, o que mais pesa no bolso do consumidor é a carga tributária, que representa cerca de 40% do valor cobrado.

Impacto para a inflação do carioca

A empresa esclareceu que o processo de reajuste anual das tarifas está previsto no contrato de concessão e "consiste na atualização pelo IGP-M (que foi de 7,52%) dos custos gerenciáveis" da empresa. Do IGP-M é subtraído o Fator X, que foi este ano de 0,48% no caso da Light. Ele é um redutor usado para repassar para os usuários os ganhos das empresas do setor. A Light informou ainda que os custos gerenciáveis foram responsáveis por 2,35% no reajuste aprovado pela Aneel.

A agência, ao calcular o reajuste que a Light terá direito, também considerou os custos com a compra de energia e com transmissão, a variação dos custos não gerenciáveis. Outros itens são os encargos setoriais, como Conta de Consumo de Combustível (CCC), cobrado nas contas de luz e usado para pagar o acionamento de usinas térmicas, principalmente nos sistemas isolados no Norte do país.

Com o reajuste autorizado de 11,25% nas contas de luz das casas dos consumidores fluminenses a partir de hoje, a inflação no Rio vai subir 0,46 ponto percentual. No Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que acompanha nove regiões metropolitanas, o aumento fica diluído. O impacto cai para 0,06 ponto percentual. Nos últimos 12 meses, a inflação por esse indicador, que serve de referência para o sistema de metas de inflação do governo, está em 5,56%.

- Há muito tempo não vejo um reajuste com essa magnitude, de dois dígitos. E bem acima dos 4% dos preços administrados, que têm ajudado a controlar a inflação - afirmou Maria Andréia Parente, economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Fonte: O Globo

Nenhum comentário: