segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Não anda - Melchiades Filho

Dilma deixou o Congresso soltinho para discutir a distribuição dos royalties do petróleo e aprovar uma lei com dispositivos claramente inconstitucionais, que projeta longas batalhas na Justiça e ameaça o cronograma de leilões. Isso quando a Petrobras já tinha problemas mais que suficientes.

No setor elétrico, a opção foi pela truculência. Medida provisória mudou as regras radicalmente e exigiu adesão dos concessionários antes de definidos os critérios de remuneração. Nem todos, óbvio, toleraram a pancada. O impasse deverá forçar a reabertura de prazos e a revisão de termos. Dificilmente a presidente cumprirá a promessa de baixar em 20% a tarifa de luz em fevereiro.

A frustração com a licitação dos aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília nem o Planalto disfarça. Já no dia seguinte começou a estudar como reestruturar os consórcios que ganharam o direito de operar esses terminais. O plano de privatização de Galeão e Confins teve de ser colocado em banho-maria.

O governo reavalia seu modelo de concessão de rodovias. A cada semestre, ajusta o edital do trem-bala. Do pacote de mobilidade da Copa-2014, nem 10% saiu do papel.

Não espanta, daí, a baixa expectativa em torno do plano logístico para os portos, que em princípio seria anunciado amanhã. O mercado antecipa os embaços, as fragilidades técnicas, as incertezas jurídicas.

Dilma partiu de diagnósticos certos: os gargalos de infraestrutura precisam ser enfrentados e o quadro de depressão econômica reduz a resistência a mexidas regulatórias. Mas, não tendo até agora encaixado uma bola, ela corre risco de ficar carimbada como a presidente que não produz e não deixa produzir.

Não à toa, empresários fazem fila para conversar com o governador Eduardo Campos (PSB-PE), num ensaio precipitado, antes de perspectivas eleitorais mais definidas, da busca de "alternativa de poder".

Fonte: Folha de S. Paulo

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