sexta-feira, 2 de novembro de 2012

PSB recusa fatia da Esplanada

Sigla afirma que, apesar do crescimento nas eleições, não pleiteia novos ministérios. Movimento é visto como processo para se desligar do governo

Paulo de Tarso Lyra

O PSB nacional divulgou nota, no início da noite de ontem, dando sinais claros de que não quer se envolver mais do que já está com o governo da presidente Dilma Rousseff — o que, na avaliação de integrantes da base, denota que o caminho para a independência ou mesmo o estreitamento de laços com a oposição será questão de tempo. Depois de ter sido a legenda que mais cresceu nas eleições municipais a ponto de ameaçar a hegemonia do PT na Região Nordeste e em plena discussão sobre a reforma ministerial, os socialistas avisaram que estão satisfeitos com as pastas que já têm. 

“O Partido Socialista Brasileiro (PSB) repudia toda e qualquer informação de que pleiteia cargos no governo federal. O partido não manifestou — e não manifestará — qualquer intenção nesse sentido, porque o apoio ao governo Dilma é desdobramento da aliança que vigorou nos dois mandatos de Lula, firmada desde a campanha de 1989”, declarou a nota oficial do partido. 

Em tom mais genérico, o partido lembra que “integra a base de sustentação do governo Dilma e honra seu compromisso na luta por um Brasil melhor, economicamente forte e socialmente mais justo. O cenário global é complexo e as forças de esquerda devem estar unidas para enfrentar os desafios que se apresentam”. E acrescenta que, em vez de pedir mais cargos na Esplanada — o partido comanda o Ministério da Integração Nacional e a Secretaria dos Portos —, prefere dar “prioridade às novas administrações que o povo nos confiou nesse pleito”. 

A oferta de mais ministérios para o PSB dividia os petistas. Alguns achavam que isso daria muito cartaz ao governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, um possível adversário de Dilma Rousseff na disputa presidencial em 2014. Outros defendiam que seria melhor contemplar o aliado histórico, para tornar mais difícil e constrangedor “um eventual desembarque da coalizão presidencial daqui a dois anos”, como declarou um petista ao Correio.

Pelo menos por enquanto, contudo, não está nos planos de Dilma dar um novo ministério para o PSB. Durante o governo de transição, ela pensou em oferecer três pastas para o partido, mas o senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) não aceitou comandar o até hoje inexistente Ministério da Micro e Pequena Empresa. 

No fim de 2011, mais uma tentativa de namoro. Dilma pensou em chamar o ex-deputado Ciro Gomes — preterido pelo PSB na disputa presidencial de 2010 — para a Esplanada. Ciro chegou a conversar, como mostrou o Correio, com o então ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante. Mas Ciro queria uma pasta mais robusta e, mais uma vez, a parceria não deu frutos. 

Dilma avisou aos interlocutores que só falará de reforma ministerial depois das eleições para as mesas diretoras da Câmara e do Senado, em fevereiro do ano que vem.

Fonte: Correio Braziliense

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