sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

O dia seguinte - BC diz que luz cairá 11% em média no ano

Custo do Tesouro para reduzir a tarifa chegará a R$ 8,46 bilhões

Queda imediata da conta da Ampla e da Light é de 18%. Ação da Eletrobras cai 7,5%

Um dia após a presidente Dilma anunciar a redução imediata de 18% na tarifa de energia dos brasileiros, o Banco Central estimou que a conta de luz residencial cairá, até o final do ano, em média, 11%. O BC calculou a diminuição considerando, além da queda de 18%, os reajustes e as revisões tarifárias das concessionárias ao longo de 2013. Para garantir a tarifa menor, o Tesouro fará aporte de R$ 8,46 bi, que deverá ser viabilizado por manobra fiscal envolvendo operação de triangulação com o BNDES.

Redução menor na conta de luz

Após Dilma anunciar queda imediata de 18%, BC prevê que, com reajustes, corte será de 11% no ano

Gabriela Valente

BRASÍLIA, RIO e SÃO PAULO - Um dia depois de a presidente Dilma Rousseff anunciar uma diminuição imediata de 18% na tarifa de energia dos brasileiros, o Banco Central (BC) estimou que a redução das tarifas residenciais, no fim das contas, será em média de 11% este ano. A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, divulgada ontem, calculou esta redução já levando em conta a queda de 18% prometida por Dilma e, também, os reajustes e revisões tarifárias que as concessionárias do setor farão ao longo de 2013. O corte de 18% virá a partir de uma série de medidas tomadas pelo governo federal, como redução de encargos e a renegociação das concessões com as empresas do setor, e já está valendo. Entretanto, após esta redução de 18%, serão aplicados às tarifas, ao longo de 2013, os reajustes anuais feitos pelas distribuidoras. No Rio, a Ampla tem reajuste em março e a Light, em novembro.

Analistas de mercado estimam que a redução das tarifas, em média, ficará entre 9% e 14% este ano, após os reajustes das distribuidoras. Além de aliviar, no bolso dos brasileiros, a conta de luz, isso poderá levar a redução de preços de outros produtos, afirmam os especialistas.

- A grande questão é se as empresas vão repassar isso ao consumidor ou se vão preferir aumentar a margem de lucro. Considerando o aumento que houve na mão de obra no ano passado, é alta a probabilidade de que as empresas tendam a recompor margem - diz o economista-chefe do banco ABC Brasil, Luis Otávio Leal.

BC prevê alta de 5% na gasolina

Elson Teles, do Itaú Unibanco, prevê que a redução da conta de luz ficará em torno de 10%. Mas ressalta que o tamanho da redução dependerá do quanto será usado de energia térmica. Com a queda no nível dos reservatórios das hidrelétricas, o governo tem acionado as termelétricas, mais caras. Esta visão é compartilhada por Alessandra Ribeiro, da Tendências.

- A redução dos preços vai incentivar o consumo de energia e obrigar o uso de mais térmicas, o que deve encarecer a eletricidade novamente. Por isso, esperamos que no fim de 2013, a redução na conta de luz fique em 9% - diz.

Na ata do Copom, o BC informou ainda que trabalha com possibilidade de alta de 5% na gasolina para o consumidor este ano. Na avaliação do BC, pode haver aumento de preços ao consumidor decorrente da reversão de corte de impostos, pressões nos alimentos, bebidas e no segmento de transportes. Para o BC, por falta de investimentos, o Brasil deve ver altas de preços em segmentos específicos.

Analistas descartam queda de juros este ano

O alerta do BC sobre a forte pressão atual da inflação fez os economistas descartarem nova queda dos juros em 2013. Segundo a ata, deixar a taxa básica (Selic) em 7,25% ao ano, como foi decidido na semana passada justifica-se, porque as incertezas da economia global são "elevadas". E as economias desenvolvidas, afirma o BC, não têm tantas armas para dar fim à crise.

Além disso, o colegiado alega que o crescimento está mais lento do que se imaginava. Nesse ponto, o Copom acrescentou algo novo: disse que a lentidão na atividade econômica deve-se essencialmente a "limitações no campo da oferta", ou seja, falta de produtos por causa de investimentos que não foram feitos.

No cenário central do Copom, a ideia é que a atividade se acelerará e se intensificará o descompasso, em segmentos específicos, entre as taxas de crescimento da oferta e da demanda. Na teoria, isso se transforma rapidamente em inflação. Nas contas do BC, se a Selic fosse mantida estável, a inflação superaria a meta de 4,5% este ano. "Em resumo, o Copom destaca que o balanço de riscos para a inflação apresentou piora no curto prazo e que a recuperação da atividade doméstica foi menos intensa do que o esperado, bem como que certa complexidade ainda envolve o ambiente internacional."

- Com essa ata, o BC falou que tem de voltar ao seu ofício original que é o controle de inflação - afirmou o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostin. - Trabalhávamos com uma pequena possibilidade de queda dos juros no segundo semestre, mas descartamos isso depois da ata. Prevemos, ao contrário, que os juros cheguem a 8,75% ao ano ainda em 2013.

Fonte: O Globo

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