terça-feira, 22 de janeiro de 2013

OIT prevê que 202 milhões devem ficar desempregados este ano

Estimativa de 5,1 milhões de pessoas a mais sem trabalho que em 2012

Clarice Spitz

RIO e MADRI - O Relatório Tendências Mundiais de Emprego 2013 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) traça um cenário sombrio acerca das perspectivas do mercado de trabalho no mundo. A crise na Europa e as dificuldades dos Estados Unidos em lidar com a questão fiscal estão no centro da explicação e têm reflexos diretos sobre a recuperação do emprego em todo o mundo, segundo a entidade. Neste ano, mais 5,1 milhões de pessoas devem se juntar ao contingente de desempregados em todo o mundo, no total de 202 milhões. Em 2012, houve um acréscimo de 4,2 milhões, para o total 197,2 milhões de desempregados, um dos maiores aumentos desde o ano 2000. Um quarto deste incremento ocorreu somente nas economias desenvolvidas. Nos próximos cinco anos, o contingente de desempregados deve chegar a 210 milhões.

De acordo com o relatório, a economia global deve mostrar uma modesta recuperação este ano, com a atividade passando de 3,2%, em 2012, para 3,6%. No entanto, esse movimento não deve conseguir inverter o quadro de incerteza, e o desemprego global deve permanecer elevado, e até aumentar, a curto prazo.

OIT recomenda investir em infraestrutura

A taxa de desemprego global deve passar de 5,9% para 6% e tende a permanecer nesse patamar até 2017, segundo as projeções da OIT. A expectativa é que o mercado de trabalho reaja com atraso à retomada da atividade. A América Latina tem taxa acima da média global, que deve passar de 6,6% no ano passado para 6,7% em 2013. Para as economias desenvolvidas e União Europeia (UE), espera-se uma taxa ainda maior, subindo de 8,6% em 2012 para 8,7% este ano.

Projeções divulgadas ontem pela agência Bloomberg News para a Espanha reafirmam esse quadro. Na quinta-feira será divulgada a taxa de desemprego no quarto trimestre de 2012, e a expectativa é que atinja o recorde de 26%, com seis milhões de pessoas sem trabalho.

Já a OIT estima que a demanda agregada (consumo das famílias, consumo do governo, exportações líquidas e investimentos) brasileira deve ser de 3,5% neste ano, menos da metade da projetada para China e Índia (8,5%, em ambos os casos).

Entre os jovens, que tradicionalmente apresentam desemprego maior, a taxa de desocupação foi de 12,6%, em 2012, ligeiramente superior ao ano anterior (12,4%). Foram 74 milhões de pessoas entre 15 e 24 anos desempregadas no mundo. Cerca de 35% dos jovens desempregados nas economias avançadas ficaram sem emprego durante seis meses ou mais.

O relatório recomenda que os governos empreendam uma ação coordenada para apoiar a demanda agregada, especialmente através de investimentos públicos em infraestrutura, além de promover programas de formação e recapacitação. Segundo a OIT, o aumento da incerteza, sobretudo em países desenvolvidos, enfraqueceu o crescimento global, pesando tanto sobre o consumo quanto sobre o investimento. No Brasil, a contribuição do investimento para o Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos) ficou negativa em 0,8 ponto percentual, ante 1 ponto percentual em 2011.

Fonte: O Globo

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