quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Ações da Petrobras desabam e Graça vê 2013 mais difícil

Presidente da empresa diz que reajuste não foi suficiente; valor de mercado é o menor desde a capitalização.

A presidente da Petrobras, Graça Foster, fez ontem uma previsão pessimista para os próximos meses: "O ano de 2013 vai ser muito mais difícil", afirmou. Ela falou um dia depois de a companhia divulgar queda de 36% no lucro e de 2,35% na produção em 2012. Ainda ontem, as ações da empresa caíram 8,29% e a Petrobras encerrou o pregão com o menor valor de mercado desde a megacapitalização de 2010: R$ 224,830 bilhões. Em pouco mais de um mês, a perda chegou a R$ 30 bilhões. De acordo com Graça Foster, um dos motivos para a queda do lucro é a defasagem entre os preços da gasolina. e do diesel importados e os de revenda interna. Como a produção é insuficiente, a empresa tem de comprar combustíveis no exterior. Os recentes reajustes,de 6,6% da gasolina e de 5,4% do diesel, segundo ela, propiciarão "melhoria de caixa", mas "não o suficiente para dar o conforto da paridade" de preços. O ministro Guido Mantega (Fazenda) afirmou que não é oportuno falar em novo aumento, mas admite que a tendência é acompanhar de perto as cotações internacionais.

Valor da Petrobrás cai ao menor nível desde a megacapitalização

Ações caíram 8,3% ontem por causa do resultado fraco registrado em 2012 e da restrição à distribuição de dividendos para fazer caixa

Sergio Torres, Sabrina Valle e Mônica Ciarelli

RIO - A presidente da Petrobrás, Graça Foster, mandou ontem um aviso a quem imaginava que a Petrobrás começaria neste semestre um processo de recuperação financeira e produtiva em relação a 2012, quando o lucro foi o mais baixo dos últimos oito anos e a produção caiu 2,35% em relação a 2011. "2013 vai ser muito mais difícil ainda", alertou.

A queda de 36% no lucro (R$ 21,2 bilhões) em 2012, divulgado na noite de segunda-feira, asso¬ciada ao anúncio feito ontem ao mercado de uma política diferen¬ciada na distribuição de dividen¬dos derrubou as ações ordiná¬rias (ON, com direito a voto) da companhia. Com um tombo de 8,3%, os papéis lideraram o ran¬king das maiores perdas do prin¬cipal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, o Ibovespa.

Em pouco mais de um mês, a Petrobrás acumulou uma perda de R$ 30 bilhões em seu valor de mercado na Bolsa. A companhia encerrou o pregão com valor de R$ 224,830 bilhões, abaixo, portanto, do valor da empresa antes da megacapitalização de 2010. Em 23 de setembro daquele ano, antes da maior oferta de ações já realizada na história das bolsas de valores de todo o mundo, o valor de mercado da Petrobrás encerrou em R$ 252,648 bilhões, segundo dados da consultoria financeira Economática. No dia seguinte, após o aumento de capital, o valor de mercado atingiu R$ 362,806 bilhões.

"Retrocesso". Essa é a primeira vez que a companhia propõe um valor de dividendos para as ON de cerca de metade do anunciado para as PN (preferenciais). O diretor financeiro da companhia, Almir Barbassa, admitiu que a decisão foi tomada para preservar o caixa da Petrobrás.

Segundo ele, a empresa precisaria desembolsar mais R$ 3,5 bilhões para oferecer às ON o mesmo dividendos proposto às PN.

"Se colocarmos esses R$ 3 bilhões em uma plataforma, poderemos retornar ao acionista um resultado muito maior (do que o valor pago via dividendo). Nossa prioridade é toda para a área de exploração e produção. Faremos qualquer coisa que pudermos para converter (recursos) em ativos", destacou Graça.

O analista Emerson Leite, do Credit Suisse, disse, na teleconferência feita pela diretoria com analistas, considerar a medida um "retrocesso de governança". "Passa uma mensagem muito ruim para os acionistas." A estatal restringirá este ano os investimentos a projetos já em curso.

"Trabalhamos com metas o mais próximas possível da realidade. (...) Não existe para 2013 nenhum novo projeto. Neste ano não dá", disse Graça Foster, que rechaçou a hipótese de uma nova capitalização. A última ocorreu em 2010.

A queda expressiva do lucro líquido tem como um dos fatores, citado por Graça, a defasagem entre os preços de gasolina e do diesel importados e os de revenda interna. Como a produção das refinarias brasileiras é insuficiente para abastecer o mercado doméstico, a Petrobrás tem que comprar combustíveis no exterior. A produção do refino não aumentará neste ano, disse.

Sem conforto. Os recentes reajustes do gasolina (6,6%) e diesel (5,4%) ficaram distanciados dos valores ideais para que a estatal repasse dentro do País os preços integrais pagos no exterior. Para Graça, o aumento propiciará uma "melhoria de caixa", mas "não o suficiente para dar o conforto da paridade" de preços.

A Petrobrás, repetiu a presidente, mantém a "busca permanente para a convergência internacional". Para ela, a busca da convergência é fundamental para a previsibilidade do caixa de modo a que a Petrobrás possa, a partir de 2014, avaliar a entrada de novos projetos no portfólio.

Graça preferiu não revelar qual a defasagem de preços, sob a alegação de que o porcentual depende de uma série de variáveis e contas complexas, que ela mantém sob sigilo. Além de afastar a possibilidade de novas iniciativas em 2013, a executiva disse que continua "avaliando a economicidade" de projetos antigos, como as duas refinarias Premium (Ceará e Maranhão).

A produção de petróleo, que em 2012 registrou a primeira queda desde 2004, não avançará neste ano. A meta de 2,022 milhões de barris/dia, será mantida, embora não tenha sido alcançada.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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