domingo, 24 de fevereiro de 2013

PSB se equilibra entre ficar com Dilma e ser alternativa de poder

Socialistas tentam se fortalecer para, só em 2014, decidir se tentarão Presidência

Junia Gama

BRASÍLIA - Apesar de caminhar em direção ao lançamento da candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, à Presidência da República, o PSB não pretende adotar já no Congresso uma postura de embate direto com o governo Dilma Rousseff. Segundo a avaliação predominante no partido, é melhor ficar na base governista e se fortalecer, enquanto o PSB se organiza nos estados para ter palanques mais consistentes.

Se depender de setores importantes do PSB, a decisão sobre a permanência ou não na base aliada deverá ser tomada só em 2014, quando será possível saber se o partido está forte o bastante para tentar voo solo.

Os socialistas devem agir este ano num sistema de avanços e recuos, com seus parlamentares ora incitando a independência do PSB, ora ajudando Dilma a aprovar medidas para o crescimento econômico.

Nesse jogo de alternância, estão escalados dois líderes do PSB no Congresso com perfis antagônicos: o deputado Beto Albuquerque (RS), encarregado de "pisar no acelerador", e o senador Rodrigo Rollemberg (DF), que deverá conter as especulações sobre a candidatura de Campos. A ideia, dizem interlocutores de Campos, é não se tornar desde já um adversário do governo e, ao mesmo tempo, não desestimular os aliados do PSB.

Desde que assumiu a liderança da bancada na Câmara, este ano, Albuquerque adotou um discurso de embate ao governo e lançou a candidatura antecipada de Campos. Chegou a declarar que os socialistas não queriam o lugar de vice, mas sim a cabeça da chapa em 2014. Já Rollemberg, líder no Senado, diz que 2014 só deve ser discutido em 2014 e que a hora é de estar com Dilma.

Neste ano, Campos aposta num embate mais sutil, mantendo o apoio ao governo no Congresso quando considerar adequado, mas partindo para a divergência em casos específicos. O que ele não quer, ao menos já, é se somar à oposição. E o Palácio do Planalto deseja que Campos seja bem tratado para que não haja mágoas, de forma que um rompimento com o PSB não signifique apoio à candidatura de Aécio Neves (PSDB-MG), o que seria um pesadelo para o PT. Os dois ministérios ocupados pelo PSB (Integração Nacional e Portos) devem permanecer intocados na reforma ministerial planejada para março.

Fonte: O Globo

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