segunda-feira, 22 de abril de 2013

Governadores apoiam candidatura do PSB

Por Raymundo Costa e Raquel Ulhôa

BRASÍLIA - Após apresentar-se como gestor bem avaliado nas inserções do PSB veiculadas em cadeia nacional de rádio e televisão, o governador Eduardo Campos (PE) usará o programa partidário de dez minutos, que vai ao ar na quinta-feira, para se posicionar de forma mais clara em relação à disputa presidencial. A intenção é tornar mais explícito o que já é uma certeza no PT e no Palácio do Planalto: a disposição do PSB de lançar sua principal liderança à Presidência da República.

Presidente nacional do PSB, Campos está tão decidido a disputar a cadeira da presidente Dilma Rousseff que, por ele, o partido deixaria logo os dois ministérios que ocupa no governo federal, o da Integração Nacional e a Secretaria de Portos. Se a iniciativa depender apenas do PSB, no entanto, o desembarque dos cargos que o partido ocupa na gestão petista só deve ocorrer em setembro, para evitar que seus demais governadores, principalmente os do Piauí, da Paraíba e do Amapá, fiquem sujeitos a pressões políticas e retaliações administrativas do Planalto.

Os três governadores já manifestaram apoio ao lançamento de candidatura própria, em conversas com o próprio Campos, apesar de adotarem um discurso ambíguo publicamente. Cid Gomes, do Ceará, é o único dos governadores do PSB que realmente se opõe à candidatura. A direção da legenda acredita que ele e o irmão Ciro Gomes deixarão o partido, embora os dois digam que devem respeitar a decisão tomada em convenção nacional.

O PT e o Palácio do Planalto contam com a oposição desses governadores e com um racha no PSB para impedir a candidatura Campos em 2014. Mas os pessebistas estão se sentindo cada vez mais "asfixiados" por ações de intimidação da parte do PT e do governo.

O efeito tem sido contrário. Em recente jantar com 14 senadores de vários partidos, Campos lembrou a resistência do avô Miguel Arraes, que não renunciou ao governo de Pernambuco durante o regime militar, "nem com uma espingarda no peito - não será o PT que vai me impedir".

Os argumentos de Campos deixaram os senadores convencidos de que sua posição é irreversível. Além de críticas à gestão de Dilma, o governador acumula queixas do PT e da própria presidente, no relacionamento com aliados.

Afirma que, enquanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva era um "craque" na política, Dilma não tem a menor disposição para o diálogo. Campos sentiu-se decepcionado com a divulgação de suspeitas de que reuniões suas com sindicalistas contrários ao projeto que muda o marco regulatório dos portos teriam sido monitoradas pelo serviço de inteligência.

O governador esperava um gesto da presidente, para tranquilizá-lo, negando a espionagem. Dilma nem sequer telefonou.

Segundo diagnóstico feito por Campos, o modelo de gestão implantado pelo PT está esgotado e o partido não tem condições de realizar os avanços que seriam necessários para avançar os programas populares. Exemplo disso seriam as políticas sociais. Já haveria nas famílias uma segunda geração de beneficiados por programas de transferência de renda, sem que o governo federal apresente solução para o fim da dependência dessas pessoas do governo.

Esse é um dos desafios que Campos se propõe enfrentar: elaborar uma política social que represente um passo à frente. Subsídios para a confecção de programa de governo sobre esse e outros temas serão colhidos pelo governador até o fim do ano, em dez eventos a ser realizados pela Fundação João Mangabeira, órgão de estudo do PSB, em diferentes cidades do país, na "Oficina Diálogos do Desenvolvimento Brasileiro".

O primeiro, realizado em 6 de abril na PUC do Rio de Janeiro, reuniu especialistas com Eduardo Campos para debater o tema Políticas Sociais e Superação da Pobreza. O governador falou, mas ouviu mais e anotou o tempo todo. A próxima oficina será em 9 de maio, em Brasília, sobre o novo federalismo brasileiro. Os outros temas são política econômica e política industrial, educação, saúde, infraestrutura logística, política urbana, segurança pública, o Brasil e as relações internacionais e política cultural.

Fonte: Valor Econômico

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