domingo, 14 de abril de 2013

Inflação sobe no palanque de 2014

Enquanto o governo federal luta para controlar a economia, Aécio Neves e Eduardo Campos aumentam o tom das críticas

Paulo de Tarso Lyra

BRASÍLIA – O empenho do governo em controlar a inflação não está ligado apenas ao crescimento da economia, ao desenvolvimento do país e à manutenção da política de inserção das classes menos favorecidas. No campo político, o Palácio do Planalto não pode, em um ano pré-eleitoral, dar munição ao discurso dos adversários em potencial, como o pré-candidato do PSDB à Presidência da República, senador Aécio Neves. "O governo do PT tem sido leniente no combate à inflação. O PT sempre agiu assim, desde os tempos em que se colocou contrário ao Plano Real", disse o pré-candidato tucano na quinta-feira, durante seminário promovido pelo PPS, em Brasília. "Fomos forjados na classe média", completou um integrante da atual executiva tucana.

O mercado e o Banco Central estimam que o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano deve crescer entre 3% e 3,5%, bem melhor do que o 1% verificado em 2012. "Mas temos que cuidar da inflação, ela não pode disparar de jeito nenhum, porque perderemos gordura perante o eleitorado", complementou um articulador do PT. Além dos informes quase constantes à presidente Dilma Rousseff, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi escalado para tranquilizar titulares de outras pastas — e legendas —, oferecendo subsídios para o discurso da campanha presidencial antecipada.

Um dos ministros responsáveis por uma pasta com obras espalhadas por todo o país acredita que a sensação de inflação ainda não chegou às camadas mais pobres da população. Apesar de o índice pesar também sobre essas famílias, sobretudo na chamada inflação de alimentos, medidas anunciadas recentemente pela presidente Dilma em cadeia de rádio e televisão, como a desoneração das contas de luz e dos produtos da cesta básica, ajudam a aliviar a pressão inflacionária no imaginário dos brasileiros mais carentes.

Mas a elevação dos preços já começa a ser sentida nas classes alta e média, um segmento do eleitorado que a presidente agregou ao PT após a eleição e que resistia ao petismo durante os anos do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. É justamente essa faixa da população, a que mais cresceu no país nos últimos anos, que está sendo disputada por PT, PSDB e PSB.

Pauta comum

Por isso, na visão dos petistas, Aécio Neves e o governador de Pernambuco e presidente do partido socialista, Eduardo Campos, intensificaram tanto o discurso econômico nos últimos meses. "Eduardo só colocou a "cabeça para fora" porque a economia estagnou no fim do ano passado. Quando retomarmos as rédeas do crescimento, ele ficará sem discurso alternativo para apresentar aos brasileiros", declarou ao Estado de Minas um cacique petista no Congresso. O PSB pretende intensificar as viagens de Eduardo Campos no que classificou de "Triângulo das Bermudas mais um", representado por Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Bahia. Os quatro são os maiores colégios eleitorais do país, e em todos eles os socialistas enfrentam problemas. "Em Minas, dos quatro mandatos de prefeito que tivemos (duas reeleições), dois deles aconteceram graças a alianças com o PT (Célio de Castro) e os outros dois apoiados pelo PSDB (Marcio Lacerda)", lembrou um dirigente do PSB.


Fonte: Estado de Minas

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