terça-feira, 16 de abril de 2013

O novo partido no xadrez - Tereza Cruvinel

Dois pequenos partidos, o PPS, que tem 14 deputados, e o PMN, que tem apenas três, devem formalizar amanhã a fusão das legendas, criando um partido de tamanho médio que pode se transformar num “player” importante na eleição presidencial, favorecendo a candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos. A nova sigla pode ainda produzir importantes alterações do xadrez da política paulista, afetando tanto os planos do PT como os do presidenciável tucano Aécio Neves.

A filiação do ex-ministro e ex-governador José Serra, do PSDB, à nova legenda, continua sendo esperada. Mas, ao contrário do que foi cogitado, não para concorrer à Presidência, mas ao Senado, embora o PSDB já lhe tenha oferecido a vaga. Nessa condição, ele se tornaria o polo agregador de apoios à candidatura de Campos, com quem se encontrou há pouco mais de um mês. Emprestaria ao socialista o recall eleitoral que ainda tem no estado e seu trânsito nas elites empresariais e intelectuais do estado mais rico e populoso, que pela primeira vez depois da redemocratização não tem candidato a presidente.

Outra articulação em marcha, envolvendo o novo partido, também terá impacto sobre os rumos da política de São Paulo. O PSB e a nova sigla se coligariam, no plano estadual, com o PSDB do governador Geraldo Alckmin, que disputará a reeleição. Seu candidato a vice seria o deputado socialista e arqueiro da candidatura Campos, Marcio França. Aécio, neste caso, teria que se contentar com um palanque de seu partido no estado.

Mas esses são movimentos que não serão revelados nem confirmados agora, quando o importante é dar à luz a nova sigla. Se depender do atual presidente do PPS, Roberto Freire, ela se chamará Partido da Esquerda Democrática. Há quem ache PED uma sigla muito feia. Além do mais, ela remete ao PT, em que designa o Processo de Eleições Diretas, o PED. Outros preferem Partido da Mobilização Democrática – PMD. Nome é importante, mas o essencial é garantir logo o registro da nova sigla, antes que os governistas consigam fechar a janela que, não impedindo sua criação, barraria a herança do capital que importa para Campos, o tempo de TV e os recursos do Fundo Partidário.

Nascendo com 17 deputados, a sigla ainda sem nome espera receber adesões de parlamentares em situação de desconforto partidário, chegando em breve às 35 cadeiras na Câmara. Como o PSB de Campos tem hoje 32 deputados, a coligação teria cerca de 70 deputados. Esta sim, já seria uma força nada desprezível na disputa. O PSDB, por exemplo, tem 49 deputados. Em coligação com o DEM, seu parceiro histórico, teria 77. Estariam se equivalendo, no campo da oposição.

Vento de mudança

A vitória apertada do candidato chavista Nicolás Maduro na Venezuela anuncia não apenas tempos difíceis para seu governo, numa conjuntura econômica adversa. O placar de 50,66 a 49,07 é um indicador claro de que, sem Chávez, a divisão interna da Venezuela se aprofundou e o chavismo perdeu força, num movimento que pode ter reflexos na política da região, onde predominam há mais de 10 anos os governos de centro-esquerda…

Maduro não é Chávez, como dizia seu adversário Henrique Caprilles na campanha. Não tendo o carisma e a força do líder morto, falta-lhe também a estrutura de um partido popular suficientemente enraizado. Essa nunca foi uma prioridade de Chávez, que sempre se apoiou em duas siglas pouco estruturadas, o PSUV e o PCV, o que lhe rendeu muitas advertências de Lula. O pedido de recontagem de votos feito pela oposição e apoiado pela OEA e pelos Estados Unidos não deve ser acolhido pelo tribunal eleitoral venezuelano, mas deixará a oposição armada com o discurso da suspeita de ilegitimidade.

A Constituição da Venezuela adotou o princípio do “recall”, ou referendo revogatório dos mandatos de todos os cargos eletivos, no meio do período. Chávez os venceu sempre. Maduro, eleito por tão escassa maioria, enfrentando uma oposição fortalecida, com a qual terá de negociar, deve começar a se preparar para a batalha que enfrentará daqui a dois anos e meio.

No continente, o Paraguai deve eleger o candidato conservador Horacio Cartes, do Partido Colorado, no domingo. O segundo colocado também é um liberal, Efrain Allegre. Embora a socialista Bachellet esteja liderando no Chile, o vento pode estar mudando na região. Há que se esperar, entretanto, o resultado das próximas eleições no Brasil e na Argentina.

CPI das gigantes

A oposição está incomodando o governo com a proposta de criação da CPI da Petrobras. Agora, o deputado governista Francisco Escórcio (PMDB-MA) colhe assinaturas para a criação da CPI da Vale do Rio Doce, que acusa de deixar um rastro de destruição social e ambiental nos estados onde atua, como no seu Maranhão.

Fonte: Correio Braziliense

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