terça-feira, 7 de maio de 2013

Bolsa Família - Programa pode deixar de dar voto, diz Fleischer

PSDB admite avanço no combate à miséria

BRASÍLIA - O cientista político David Fleischer, da Universidade de Brasília (UnB), não tem dúvida de que o Bolsa Família dá votos, e que falar mal do programa tira votos. Ele questiona, no entanto, se esse modelo ainda perdurará nas eleições do ano que vem.

- (Em 2006) O Bolsa Família empurrou o Lula para o segundo turno. Há uma pesquisa que demonstra isso claramente. Em 2010, o benefício continuou funcionando como captador de votos para o PT, mas não estou seguro se, em 2014, isso será tão forte como antes - afirmou Fleischer.

Para ele, se o governador Eduardo Campos (PSB) entrar mesmo na disputa eleitoral, o Bolsa Família poderá perder seu caráter de canalizador de votos para o PT, pois Campos é do Nordeste, região mais beneficiada pelo programa.

O líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), reconhece que o programa avançou no combate à miséria e atribui a seu partido a implantação da ação, por meio do Bolsa Escola, implementado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. No entanto, ele condena o que considera uso político do tema:

- O que critico é a utilização política do Bolsa Família por parte do PT, e a falta do segundo passo, que é a inclusão no mercado de trabalho. Mas o programa é louvável e nobre na sua função.

Ontem, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) elogiou na tribuna do Senado a série de reportagens publicada pelo GLOBO desde domingo:

- Seria uma tragédia se o Brasil de hoje não tivesse o Bolsa Família. E será uma tragédia se, daqui a 20 anos, a gente continuar precisando do Bolsa Família. E a saída é a educação - disse ele.

O senador afirmou que o Bolsa Família é um avanço ao transferir renda para os mais pobres, mas fracassa por não oferecer ensino de qualidade aos filhos dos beneficiários. Ele criticou o governo Dilma por não apoiar projeto dele que obriga os pais a comparecer à escola dos filhos:

- A matéria do GLOBO, a meu ver, tem papel histórico. Porque pela primeira vez se mostra, com dados, que as famílias estão perpetuando a necessidade de uma bolsa. E, se isso acontece, o programa fracassou, apesar de assistir bem. Assistiu, mas fracassou. É como você manter uma pessoa na UTI sem curá-la.

Fonte: O Globo

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