segunda-feira, 3 de junho de 2013

Afago no PMDB para estancar crise na base

Caciques peemedebistas se reúnem com Dilma em busca de uma solução para resolver os problemas de relacionamento na aliança com o PT e no Congresso

Paulo de Tarso Lyra

Afagos para barrar crisetruePrincipal aliado da base governista, mas com potencial para complicar o projeto de reeleição da presidente Dilma Rousseff, o PMDB deve reunir hoje sua cúpula com a própria Dilma para uma análise dos problemas detectados nas últimas semanas na relação entre eles. Dilma estará reunida com o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), da Câmara, Henrique Alves e com o vice-presidente Michel Temer.

Não será esta a primeira vez que a presidente se vê obrigada a afagar seu fiel escudeiro. No ano passado, quando resolveu destituir Romero Jucá (PMDB-RR) do posto de líder do governo no Senado, colocando em seu lugar o senador Eduardo Braga (AM), ela teve que promover um jantar com os caciques do partido para não deixar a imagem que estaria fazendo uma desfeita. Braga integrava o chamado G8, grupo de senadores que incluía ainda Pedro Simon (RS), Jarbas Vasconcelos (PE) e Roberto Requião (PR), dentre outros, independentes em relação ao Planalto e ao comando partidário.

A relação, no entanto, sempre foi conflituosa. O momento atual, agravado pela vitória épica na MP dos Portos — na qual uma emenda do líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), quase pôs tudo a perder — e pela recusa do presidente do Senado, Renan Calheiros, em colocar em votação a medida provisória que criava um fundo para compensar as concessionárias de energia pela diminuição das contas de luz, é mais um capítulo desastroso no casamento entre o PT e o PMDB.

Na verdade, o cenário descompensado de agora potencializa problemas que se acumulam há tempos. O PMDB, por exemplo, jamais esqueceu o fato de que, entre o governo de Luiz Inácio Lula da Silva e o governo Dilma, ele simplesmente encolheu. "Tínhamos o Ministério da Saúde e a Integração Nacional, pasta com capilaridade e dinheiro. Hoje, temos o Turismo com 70% do orçamento contingenciado, e a Agricultura que se acotovela com o Ministério do Desenvolvimento Agrário na elaboração de políticas públicas para o setor", reclama um cacique peemedebista. "Oitenta por cento de nós defende a reeleição de Dilma. Mas 100% quer ser reeleito. É fundamental compatibilizar as duas coisas", completou outra liderança do PMDB.

Pela divisão de tarefas, a expectativa é que Renan exponha os problemas enfrentados com o PMDB no Senado; Henrique com o PMDB na Câmara; e Temer, as queixas gerais do partido. Eleito pela própria Dilma como porta-voz do partido junto ao Planalto, o vice-presidente tem sido visto com desconfiança pelos próprios correligionários ultimamente. Ele estaria sendo acusado de ser mais "governista do que peemedebista" nas negociações com o Planalto. "Renan e Henrique, se forem questionados, poderão também opinar sobre o comportamento da base aliada. Mas tem tanto problema em relação ao PMDB, que isso deve ficar para outra reunião", ironizou um cacique do partido.
Fonte: Correio Braziliense

Nenhum comentário: