sexta-feira, 21 de junho de 2013

FHC; entender as razões dos atos e não desqualificá-los como ação de baderneiros

PT se irrita com ação de Haddad ao lado de tucanos

PSDB também criticou Alckmin por anúncio de redução de tarifa

Rendição conjunta. Haddad anunciou redução da passagem com o PSDB

Silvia Amorim

SÃO PAULO - Quando o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), telefonou, na tarde de anteontem, para São Paulo e informou que anunciaria, ainda naquele dia, a revogação do reajuste da tarifa do transporte público no Rio, o prefeito paulistano Fernando Haddad (PT) viu ruir a sua última esperança de manter a passagem de ônibus em R$ 3,20 na capital paulista. Isolado e pressionado por líderes do PT, preocupadas com eventuais abalos à imagem da presidente Dilma Rousseff, diante da dimensão que tomou a causa dos estudantes no país, Haddad combinou com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) uma "rendição" conjunta.

O objetivo era evitar que o desgaste, inevitável, não se tornasse ainda maior.

Entretanto, a forma que o prefeito escolheu para resolver a questão - um anúncio ao lado do PSDB - desagradou ao próprio partido. O PT havia organizado ao longo do dia anúncios de redução da tarifa do transporte coletivo por prefeitos petistas em todo o país. Alvo preferencial dos manifestantes na reta final do movimento na capital paulista, Haddad remou contra a maré.

Candidato à reeleição, o governador Geraldo Alckmin também teve a sua atitude criticada por tucanos, que viram nela a criação de um precedente perigoso e estimulante para futuras manifestações. O maior desgaste para o governador, segundo avaliação de líderes tucanos, foi a ação truculenta da polícia na repressão. Mas não foi o único.

Anunciar que usará recursos previstos para obras que estão paradas para pagar a conta pela redução da tarifa também foi visto como um discurso prejudicial politicamente. Para alguns tucanos, isso passou uma mensagem de falta de planejamento no governo.

O próprio discurso adotado por Alckmin no início dos protestos contra os manifestantes soou mal dentro do partido.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso reprovou publicamente, embora de forma sutil, a posição do governador, dizendo que governantes e líderes deveriam procurar entender as razões dos atos e não "desqualificá-los como ação de baderneiros".

Alckmin havia usado dias antes a expressão "baderna" para se referir a um dos protestos que terminou em confronto entre policiais e manifestantes. Haddad também viu o ministro da Fazenda, Guido Mantega, rechaçar publicamente a proposta levada por ele à presidente Dilma Rousseff de ampliar as desonerações para o setor de transporte.

- O governo já fez desonerações este ano. Não estão previstas novas desonerações além das que fizemos - disse Mantega.

Foi a pá de cal no plano do prefeito. Haddad contava com a ajuda do governo federal para revogar o reajuste da tarifa e procurava um discurso honroso, já que havia dito horas antes que seria "populista" qualquer decisão tomada a toque de caixa. O ex-presidente Lula e Dilma haviam orientado Haddad a recuar. O presidente nacional do PT, Rui Falcão, fez apelo no mesmo sentido anteontem

Fonte: O Globo

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