quarta-feira, 26 de junho de 2013

PMDB liderou reação à proposta feita por Dilma

Peemedebistas acusam presidente de passar por cima do Congresso

Fernanda Krakovics, Isabel Braga

Revolta. Presidente da Câmara, Henrique Alves reagiu aos gritos ao ouvir proposta de Constituinte

BRASÍLIA – O PMDB, que comanda a Câmara e o Senado e é o principal aliado do governo federal, assumiu a linha de frente para reagir à altura à proposta da presidente Dilma Rousseff. Os peemedebistas ficaram irritados por não terem sido consultados sobre o pacto proposto por ela na véspera e, principalmente, porque Dilma não ouviu o vice-presidente Michel Temer, presidente de honra do partido, antes de lançar a iniciativa. Eles acusaram a presidente de querer atropelar o Congresso e, numa demonstração do nível de irritação, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), sugeriu publicamente que o governo federal, em deferência à população, reduza o número de ministérios - atualmente são 39.

- Também somos favoráveis a qualquer decisão no sentido de reduzir o número de ministérios, para que os recursos economizados sejam direcionados para Educação, Saúde, Transporte e Segurança Pública - afirmou Renan, em discurso no plenário do Senado.

Proposta que já havia sido defendida pela manhã pelo vice-líder do PMDB na Câmara, Danilo Forte (CE):

- A pauta da rua mostra a preocupação com a volta da inflação, da carestia. Não vai ser jogando o problema para o Congresso que vai resolver, tem que reduzir gastos. Não tem problema reduzir (ministérios) do PMDB.

A reação do PMDB começou a ser delineada na noite de anteontem, no Palácio do Jaburu, residência oficial da vice-presidência da República, onde a cúpula do partido se reuniu para discutir a proposta de Constituinte específica para reforma política.

- Isso é golpe! Ela está achando que é quem? Chávez? Rafael Correa? - gritava no Jaburu o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), segundo relatos, referindo-se ao ex-presidente da Venezuela e ao presidente do Equador.

Ciente da insatisfação do PMDB, inclusive do vice-presidente, o ministro Aloizio Mercadante (Educação), braço direito de Dilma, tentou contornar a situação ainda na noite de segunda-feira. Ele telefonou três vezes para o presidente da Câmara, que se recusou a atendê-lo. No quarto telefonema, Renan atendeu e deu o primeiro recado do PMDB:

- Não tem Constituinte sem que se discuta parlamentarismo, fim da reeleição e mandato de cinco anos - disse Renan a Mercadante.

Reunião com Dilma

No final da tarde, os presidentes da Câmara e do Senado se reuniram com Dilma, com o discurso do acordo.

- A ideia proposta pelo vice-presidente Michel Temer e por todos nós, com a concordância da presidente, é que façamos um plebiscito em questões pontuais da reforma política. A presidente propondo pontos que ela considera importantes, nós acrescentaríamos os nossos - afirmou Henrique Alves.

Também aliado do governo, o senador Francisco Dornelles (PP-RJ) classificou a proposta de Dilma de "metodologia chavista". Para ele, a presidente criou uma "instabilidade jurídica" ao lançar a proposta.

- Um plebiscito sobre uma Constituinte exclusiva sobre reforma política é uma metodologia chavista, uma metodologia Hugo Chávez, usada na Venezuela. Hoje, é um plebiscito para uma Constituinte exclusiva para votação da reforma política. Amanhã, é uma Constituinte exclusiva para votar uma reforma dos Poderes, da Organização do Estado, uma reforma da ordem econômica, da ordem social. Considero que Constituinte exclusiva tem o seguinte nome: golpe de Estado.

O senador disse que os partidos devem conversar sobre a proposta da presidente Dilma na busca de uma melhor solução. ( Colaborou: Cristiane Jungblut )

Fonte: O Globo

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