terça-feira, 2 de julho de 2013

Aécio e PSB criticam iniciativa do Planalto

Tucano acredita que o governo está desnorteado e condena o modelo de plebiscito proposto por Dilma. Socialistas defendem consulta popular em 2014 para valer só em 2018

Alessandra Mello, Aline Moura

BELO HORIZONTE e RECIFE — O senador Aécio Neves (PSDB-MG), pré-candidato a presidente da República, reforçou as críticas ao modelo proposto pelo Palácio do Planalto para a reforma política e justificou a decisão dos partidos de oposição de não participar de encontro com a presidente Dilma Rousseff com o intuito de tratar dos protestos no país. Antes de se reunir com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em São Paulo, o parlamentar, que preside o PSDB nacional, disse que não recebeu nenhum convite e que, para ele, uma reunião “nesse instante até perdeu um pouco o sentido”. “Anunciou-se que haveria um convite às oposições, mas ela (Dilma) já conversou com todos aqueles que costumam concordar com seus entendimentos. Talvez até pelas oposições divergirem da presidente, não tenhamos sido convidados.”

Na semana passada, o Palácio do Planalto anunciou a intenção de Dilma de promover um encontro com os partidos da oposição, a exemplo do que fez com as legendas da base aliada, na sexta-feira. A ideia inicial seria reuni-los no mesmo dia do encontro com os aliados, mas o evento acabou não ocorrendo. Ontem, o PPS e o DEM divulgaram nota rejeitando a possibilidade de uma reunião com Dilma.

Segundo Aécio, o Planalto está sem rumo. “Eu vejo, na verdade, um governo pressionado, um governo que um dia lança a proposta de uma Constituinte específica e um dia depois volta atrás. Vejo o governo federal e a presidente da República buscando tirar o foco das questões centrais que afligem os brasileiros. E nós, da oposição, temos que denunciar isso.”

O parlamentar propõe a realização de um referendo para a reforma política, e não um plebiscito como quer a presidente. “Defendemos que o Congresso tenha uma agenda rápida para votar a reforma política, que seria submetida depois a um referendo. Isso me parece o mais razoável. Fazer um plebiscito sobre matérias que não permitem opções somente entre sim ou não, de opções múltiplas, é, na verdade, tentar tirar o foco da questão central. O governo tem de fazer o pacto da reforma do Estado, cortando pela metade os ministérios e cargos públicos, até para justificar investimentos em outras áreas”, disse Aécio.

Adiamento

Apesar de integrar a base aliada, o PSB, presidido nacionalmente pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos, deve defender, hoje, que o plebiscito proposto pelo Palácio do Planalto seja adiado para 2014 e que as regras só passem a valer em 2018. A decisão foi antecipada, ontem à noite, pelo líder da legenda na Câmara, deputado Beto Albuquerque (RS).

Segundo o parlamentar, o país não pode realizar um plebiscito dentro de dois meses, em setembro, no “afogadilho”, para debater questões que podem não interessar à população, como financiamento público de campanha e voto em lista fechada. Ele frisou ainda que a reforma política que vai ser proposta pelo governo, com cinco ou seis pontos, é um retrato apenas do que o PT vem discutindo, sem qualquer interlocução com a sociedade. “A reforma não tem que ser só a política eleitoral”, disse Albuquerque.

Aécio Neves, presidente do PSDB e senador por Minas Gerais: "O governo tem de fazer o pacto da reforma do Estado, cortando pela metade os ministérios e cargos públicos"

Fonte: Correio Braziliense

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