terça-feira, 30 de julho de 2013

Ala do PPS defende apoio a Marina

Por Fernando Taquari

SÃO PAULO - A antecipação da campanha eleitoral de 2014 já provoca fissuras nas fileiras da oposição. Um dia depois de ver naufragar a fusão com o PMN para criar o Mobilização Democrática (MD), o PPS se encontra dividido quanto aos rumos do partido na disputa presidencial. Uma ala do PPS paulista defende um ultimato ao governador José Serra (PSDB), convidado a se filiar ao partido para concorrer ao Palácio do Planalto nas eleições do ano que vem.

O secretário de comunicação da legenda no Estado, Maurício Huertas, encaminhou um documento à direção nacional do PPS em que propõe dar um prazo de 15 dias para Serra se manifestar sobre a saída do PSDB e a eventual candidatura presidencial. "O partido não pode ficar subjugado aos humores ou ao bel prazer dos interesses pessoais do tucano", afirma o texto. A incerteza quanto ao futuro político do ex-governador, inclusive, pesou contra a fusão com o PMN, como reconheceu a presidente da legenda, Telma Ribeiro, no domingo.

O grupo que cobra celeridade na decisão de Serra, na verdade, é a favor de uma aliança com a ex-senadora Marina Silva, que colhe assinaturas para fundar o Rede Sustentabilidade. Segundo Huertas, lideranças paulistas e de outros Estados teriam decidido se unir para atuar formalmente pela coligação do PPS com o Rede. O ultimato seria uma forma de acelerar o processo, já que a filiação do tucano, considerada improvável pelo grupo, encerraria a discussão interna. Nesse caso, a tese de candidatura própria teria o apoio majoritário do partido e atenderia aos objetivos da direção nacional de ganhar musculatura para se fortalecer na campanha eleitoral.

O presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (SP), considera uma "bobagem" a ideia de colocar Serra contra a parede. "Não se dá ultimato a ninguém para entrar no seu partido. Não fizemos isso com a Marina quando a convidamos para entrar na legenda. Agora, isso não me parece uma posição majoritária do PPS", afirma. A candidatura de Serra, segundo Freire, vai depender da conjuntura econômica e política: "Serra tem dito que a precipitação da campanha não foi uma coisa boa porque o Brasil precisa discutir seus problemas. Ele não está focado ainda nesta questão de presidente, mas o PPS está e neste foco o ex-governador está presente."

O deputado contesta ainda tese de que a candidatura de Serra não seria competitiva após as manifestações de junho, que evidenciaram o desgaste da sociedade com a classe política. Para Freire, o recall do tucano e sua gestão bem sucedida no Ministério da Saúde, uma das áreas consideradas críticas no governo Dilma Rousseff, ajudariam a levar a disputa presidencial ao segundo turno. "Algumas pessoas podem não gostar do Serra, mas uma coisa é certa. É alguém que o PT teme porque o agride de forma consistente. Por isso não podemos abrir mão dessa hipótese."

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), desponta como o favorito a ganhar o apoio do PPS, caso Serra decida permanecer no PSDB, confidencia um dirigente do partido. Freire, no entanto, afirma que não há nada decidido e ressalta que aguarda a manifestação do tucano. Apesar disso, reconhece que a opção por Campos conta com o apoio da maioria do partido. "É arriscado dizer com certeza qual caminho vamos tomar se a tese de candidatura própria não prosperar. Antes do Serra, estávamos mais próximos da ideia de apoiar o Eduardo, mas houve um refluxo de sua candidatura. De qualquer modo, ainda temos alas no partido que defendem a aliança com Marina e outros que são favoráveis ao senador Aécio Neves (PSDB-MG). Temos tempo para discutir isso."

Fonte: Valor Econômico

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