segunda-feira, 29 de julho de 2013

Fragilidade de Dilma e movimentos de Serra atrasam apoio do PSD à reeleição

Fernando Gallo, Ricardo Chapola

A despeito da queda da presidente Dilma Rousseff (PT) nas pesquisas - e da movimentação para ser candidato à Presidência do ex-governador José Serra (PSDB) - a maior parte dos diretórios estaduais do PSD tende a defender a reeleição da petísta em 2014. No entanto, o mapa de apoio à petísta no partido comandado pelo ex-prefeito Gilberto Kassab é instável: lideranças regionais que o próprio PSD divulga como decididas disseram ao Estado que a questão está em aberto.

Essa situação ocorreu em quatro Estados, dos quais dois estavam no primeiro anúncio feito por Kassab em fevereiro, três meses antes de Dilma contemplar o PSD com a Secretaria da Micro e Pequena Empresa. A consulta do partido, cujo objetivo é mostrar unidade nacional, só foi divulgada com 14 diretórios - todos pró-reeleição.

No levantamento feito pelo Estado, 14 lideranças regionais disseram que devem apoiar a reeleição - Mato Grosso foi o único a não responder, mas declarou posição pró-Dilma em março. A reportagem questionou como os diretórios se posicionavam. frente à recente queda de popularidade de Dilma e a possível entrada de Serra na disputa ao Planalto. Dois Estados disseram que não vão fazer campanha para a petista.

Animado pela queda da presidente, Serra confidenciou a aliados que alimenta o sonho de disputar a Presidência pela terceira vez. O tucano voltou a participar de debates, deu entrevistas, aumentou a frequência de reuniões com aliados e até viajou a Brasília para encontrar senadores "independentes".

Um dos principais aliados de Serra, o presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), tem dito que as portas da sigla estão abertas para o ex-governador. Com o nome do senador mineiro Aécio Neves consolidado como provável candidato tucano ao Planalto, Serra avalia a hipótese de se filiar ao PPS.

Sem fusão. Um dos obstáculos é que a fusão com o PMN - que poderia elevar a atual bancada de 11 deputados do PPS e, consequentemente, o tempo na propaganda de rádio e TV - não vingou. Com isso, para ter uma candidatura competitiva, Serra teria de atrair o apoio do PSD do amigo Kassab, quarta maior bancada da Câmara.

Embora considerado improvável pela maioria do partido, o apoio ao ex-governador é uma hipótese avaliada pela cúpula da sigla. Na quarta-feira, em entrevista ao Estado, o secretário-geral do PSD, Saulo Queiroz, opinou que, caso Dilma não concorra, o partido poderá apoiar Serra.

Entre os dez diretórios que se declaram indecisos, o Amapá admite a hipótese de apoiar Serra se Kassab decidir assim. "Vamos acompanhar a decisão que for tomada lá", afirmou o presidente do PSD-AP, deputado estadual Eider Pena Borba.

Na maior parte dos diretórios, o nome do ex-governador é visto com ressalvas. Primeiro, porque o tucano não se colocou de fato na disputa e nem Kassab procurou quem quer que sejapa-ra avisar que o tucano é candidato. Depois, porque o PPS é um partido com pouca estrutura nos Estados. wFora do PSDB (Serra) vai ter dificuldade de montar palanques regionais", afirmou o deputado Vilmar Rocha, presidente do PSD goiano.

Além disso, Serra é tido como um político muito rodado num cenário em que o eleitor pode preferir mudanças. "O PSD partir para um apoio do PPS porque o Serra é o candidato seria difícil O PPS é um partido minoritário em quase todos os Estados", afirmou o presidente do PSD-PA, Sérgio Leão.

Para o presidente do diretório baiano, o vice-governador Otto Alencar, a aliança com o PT está consolidada no plano estadual e no nacional. "Aqui minha aliança com o governador Jacques Wagner não terá nenhuma distensão."

Em alguns dos Estados em que o PSD não tomou posição oficial, dirigentes afirmam esperar uma redefinição do quadro político. É o caso de Goiás, Amazonas, Paraná, Espírito Santo e Roraima. Paraíba e Rondônia, que estavam entre os primeiros diretórios a declarar apoio àree-leição, agora se dizem indefinidos por causa da conjuntura estadual O presidente do diretório gaúcho, deputado Danrlei de Deus, havia dito em maio que "acompanharia a luta de Dilma" e que "todos no partido confiam cegamente no trabalho de Kassab". Agora, diz que vai seguir a Executiva nacional.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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