segunda-feira, 15 de julho de 2013

Grupo da reforma política divide PT da Câmara ao meio

Fernando Gallo

Uma disputa entre uma ala da bancada do PT mais alinhada com o PMDB e outra mais fiel ao próprio partido e ao Planalto está por trás da crise envolvendo o grupo que a Câmara dos Deputados criou na semana passada, para fazer reforma política - e cuja instalação foi adiada para esta semana para que os petistas possam resolver seus conflitos internos.

 bancada petista indicou o deputado Henrique Fontana (PT-RS) para representar o partido no colegiado, que tem 13 integrantes. Com a maior bancada da Casa, o PT tem a preferência para ocupar a coordenação» Em vez de confirmar Fontana no cargo, porém, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB), indicou outro petista, o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP).

Desde então, os grupos que apoiam cada um deles se fustigam nas coxias do Congresso. O grupo contrário a Vaccarezza diz que ele driblou o próprio partido, cacifando-se para o posto no PMDB, com o qual, dizem, possui uma relação "íntima". Segundo esse grupo, o parlamentar é contra o plebiscito defendido pelo PT - e, também, contra a reforma política.

Do outro lado, o grupo anti-Fontana acusa o deputado gaúcho de ter sido um articulador político inábil como relator da comissão especial da reforma política na Câmara - posto que ocupa desde março de 2011. A crítica desse grupo é que, em mais de dois anos, Fontana não conseguiu convencer a maioria de seus pares a apoiar a reforma.

Vaccarezza tem, de longa data, bom trânsito no PMDB. Em 2011, ele se pôs de acordo com o próprio Henrique Alves sobre um rodízio na Presidência da Câmara na atual legislatura - o petista a ocuparia nos dois primeiros anos e Alves o sucederia nos dois últimos. A ideia foi derrubada dentro do partido. Ele era também uma das vozes do PT que diziam, antes da escolha de Fernando Haddad como candidato, que o partido não devia lançar candidato à Prefeitura de São Paulo em 2012, mas apoiar Gabriel Chalita (PMDB).

Na contramão do que pretendiam o Planalto e o próprio PT, mas na linha do que defenderam os líderes do PMDB, Vaccarezza disse, no dia 5 de julho, que, sobre a tese de que a reforma política deveria valer para 2014: "Digo e repito: não dá tempo de fazer isso agora. Tenho a coragem de dizer a verdade".

Um aliado de Vaccarezza afirmou ao Estado que era preciso escolher para o posto alguém "que tenha uma conciliação com o PMDB, que é nosso partido aliado, e não apenas bom trânsito com PC do B, PSB e PDT". Segundo essa fonte, o PT tem de fazer aliança "com o PMDB, o PSDB, o PSD e o DEM. Isso vai ter que ser votado no Congresso e precisamos de maioria". "O Vaccarezza foi líder do partido e do governo e tem bom trânsito com todos os partidos", acrescentou.

"Antirreforma". Por sua vez, um aliado de Fontana diz que Vaccarezza está alinhado com o PMDB na proposta de fazer a "menor reforma possível". Ele pergunta: "Se o presidente da comissão é um cara antirreforma, qual reforma vai sair?".

Na sexta-feira, o presidente do PT, Rui Falcão, conversou com Fontana, Vaccarezza e com o líder do partido na Câmara, José Guimarães (CE), para sondar as "possibilidades de consenso entre eles".

"Não tem divisão, tem essa contradição. Abancada indicou uma pessoa para a comissão e o presidente está indicando um coordenador que é do PT. O PT seria o único partido a ficar com duas pessoas", afirmou, sinalizando que uma renúncia de Fontana não está descartada Procurado, Vaccarezza disse não querer se manifestar até que a instalação do grupo esteja concluída. Fontana não retomou os contatos. / Colaborou Pedro Venceslau

Fonte: O Estado de S. Paulo

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